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12% dos lares fazem apostas para tentar aumentar renda – 21/02/2025 – Mercado


O pagamento de dívidas se tornou a maior preocupação do brasileiro. Vem antes até de cuidados com a saúde, conquistar ou manter a casa própria, manter o padrão de vida, garantir os estudos ou o emprego.

Essa prioridade leva dois terços das famílias a buscarem formas alternativas para garantir uma renda extra –entre elas, os jogos de apostas (incluindo bets), que são a segunda opção para incrementar o orçamento (12,4% das famílias), só atrás de aumentar as diárias de trabalho (13,1%). Neste cenário, as compras em supermercados e similares perdem espaço no orçamento para “outras dívidas”.

Estas são algumas das principais conclusões do estudo estudo Consumer 360º da NielsenIQ, multinacional de pesquisas especializada em medição do consumo.

Realizado em agosto do ano passado, o levantamento entrevistou pessoalmente moradores de 8.240 lares no país, das regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul, de todas as classes sociais, que fazem parte do painel de lares da NielsenIQ para pesquisas regulares. A amostra representa estatisticamente o perfil de 56,4 milhões de domicílios no país.

“O consumidor e o cenário de mercado estão cada vez mais complexos. Não tem sido fácil para o varejo e a indústria fazerem suas apostas”, diz Gabriel Fagundes, líder de pesquisas sobre a indústria da NilsenIQ. “A pressão do aumento de preços tem tornado o consumidor mais cauteloso, preocupado em quitar dívidas –não necessariamente dívidas atrasadas”, afirma.

Ao longo dos últimos anos, o comprometimento do orçamento com gastos secundários –como telefone, internet, lazer e vestuário– tem aumentado: hoje estes gastos representam 31,4% do total, contra 29,1% em 2017. Em 2024, cresceram os gastos secundários com lazer, alimentação fora do lar e bens duráveis (como eletrodomésticos).

Em contrapartida, entre os gastos primários, que incluem itens como contas do lar, saúde, transporte, educação e prestação de automóveis e imóveis próprios, diminuiu o montante reservado às compras de supermercado e aumentou o percentual direcionado a “outras dívidas”.

O levantamento questionou quanto a família gasta, em média, por mês, com contas atrasadas, carnês, pagamento de empréstimos e outras dívidas. A pesquisa identificou que 23% dos lares estão “moderadamente endividados” (com dívidas de até R$ 700 ao mês) e que 9% estão “altamente endividados” (dívidas mensais de mais de R$ 700).

Entre os 12,4% de lares que fazem apostas, a preferida é a Mega Sena (34%). Na sequência estão Jogo do Tigrinho (20%), rifas (14%), e jogo do bicho (10%). Para 9% destes lares, a opção são as bets, enquanto para 5% são o bingo. Outros 9% escolhem outros tipos de apostas.

A pesquisa destaca que o Jogo do Tigrinho é o preferido entre os “altamente endividados” enquanto o jogo do bicho é a principal escolha dos “moderadamente endividados”.


A inflação dos preços dos alimentos e dos produtos de giro rápido (que incluem bebidas, higiene e beleza e produtos de limpeza) tem feito o consumidor mesclar cada vez mais os diversos canais de compra, com aumento da frequência em atacarejos e supermercados grandes (mais de 1.000 m²).

“Neste cenário, aumentou o número de visitas ao atacarejo, que passa a ser uma opção para as compras de reposição, semanais, indo além do seu perfil de compras maiores, de abastecimento”, diz Fagundes. Neste canal, a intensidade das compras (número de itens adquiridos por visita) diminuiu.

De acordo com o executivo, hoje 37,1% dos consumidores têm frequentado regularmente e ao mesmo tempo autosserviço (venda sem vendedor), atacarejos, perfumarias e farmácias. Em 2023, esse percentual era de 33,8%.

Quase dois terços dos lares (65%) priorizam o dinheiro disponível em vez da lista de compras. “O consumidor vai adequar o que precisa levar ao que tem para gastar, por isso passeia mais entre os diferentes tipos de loja”, afirma. É o que faz com que 57% dos entrevistados busquem lojas com promoção, segundo a pesquisa.

Quando o assunto é marca de produto, em 62% dos lares o preço é a prioridade, independente da marca. 60% estão dispostos a mudarem de marca se a preferida subir de preço.



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