Do Peru a Omã, esses locais de exuberância inesperada proporcionaram alívio da aridez de desertos por milênios. Há milênios que os oásis nos atraem e cativam, oferecendo refúgio ao viajante do deserto com suas piscinas e sombras
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Os oásis são um milagre da natureza.
Basta um pouco de água e as terras mais áridas florescem rapidamente de forma exuberante, oferecendo frutos doces como figos e tâmaras.
Os oásis são verdadeiras ilhas em vastos mares desérticos.
A água da chuva, que caiu centenas de anos atrás e se acumulou em mananciais ou aquíferos subterrâneos, brota na superfície e possibilita o desenvolvimento da fauna e da flora.
E também alimenta a vida humana, pois nossa história nesses refúgios naturais remonta a milênios. No oásis bíblico de Ein Gedi, no vale do Mar Morto, foram encontradas provas de assentamentos humanos datados de 6000 a.C.
Os oásis também marcaram o estabelecimento de comunidades e rotas comerciais.
O deserto do Saara, por exemplo, abriga cerca de 90 oásis importantes. Mas, por ser o maior deserto do planeta, é preciso percorrer longos caminhos para conhecê-los.
Os desertos ocupam vastas superfícies. Sua extensão é medida em milhares ou milhões de quilômetros quadrados. Já os oásis são minúsculos – o maior deles ocupa menos de 100 km².
Por tudo isso, os oásis são valiosos e excepcionais. Vamos, então, viajar ao redor do mundo, destacando cinco deles.
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1. Oásis Yueyaquan, China
O oásis Yueyaquan, azul e em forma de meia-lua
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Encravado entre as dunas douradas do deserto de Góbi, na província de Gansu (noroeste da China), fica o oásis Yueyaquan (月牙泉 – “Fonte da Lua Crescente”, em mandarim).
O local parece ter saído de um conto de fadas. Seu lago é diminuto e suas águas são cristalinas.
Estima-se que o oásis tenha surgido 2 mil anos atrás. Ele foi uma parada importante para os viajantes da antiga Rota da Seda.
No Ocidente, o Lago da Lua Crescente ficou conhecido graças ao livro The Gobi Desert (O Deserto de Góbi, em tradução livre), das missionárias protestantes Mildred Cable (1878-1952) e Francesca French (1871-1960). Elas passaram mais de 10 anos percorrendo a região.
Cable e French chegaram ao oásis em um momento crucial, segundo seu próprio relato:
“Ao nosso redor, só conseguíamos ver altíssimos montes de areia, testemunhas da nossa busca inútil. Até que, com um desesperado esforço final, subimos o último pico e olhamos para baixo.”
“Vimos um lago, e sua beleza era cativante.”
Mas o lago correu o risco de ser absorvido pelo deserto à sua volta. Na década de 1990, descobriu-se que o nível médio da água havia diminuído de cinco metros para apenas um.
Felizmente, foram tomadas medidas para reabastecê-lo em 2006, preservando sua impressionante beleza.
2. Oásis de Huacachina, Peru
Oásis de Huacachina é cercado por árvores e casas
Willian Justen de Vasconcellos/Unsplash
Huacachina é o único oásis natural da América do Sul. Ele fica no sul do Peru, entre as maiores dunas do continente.
Reza a lenda que suas águas são as lágrimas de uma donzela chamada Huacachina. Ela chorava a morte do seu amado, um guerreiro inca.
Depois de soluçar por dias e noites, ela percebeu que outro guerreiro a observava. Huacachina então se lançou sobre o lago criado pelas suas lágrimas.
Horas depois, ela tentou sair da água e percebeu que havia se transformado em uma sereia.
Como ocorre com muitos outros oásis pelo mundo, Huacachina está ameaçado pela demanda cada vez maior de água na região. A perfuração de poços nas suas proximidades e a evaporação durante os verões mais quentes provocaram a queda do nível do lago, forçando o bombeamento de água.
Localizado a 300 km da capital peruana, Lima, o oásis tem cerca de 100 moradores permanentes – e sua paisagem espetacular atrai muitos turistas.
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3. Wadi Bani Khalid, Omã
De água cristalina e azul-turquesa, o oásis Wadi Bani Khalid tem vegetação no meio do deserto
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A palavra “wadi”, em árabe, define o leito de um rio seco ou abastecido esporadicamente pelas chuvas, criando charcos de água parada ao longo do percurso.
O oásis de Wadi Bani Khalid fica no deserto de Wahiba, em Omã. Ele é alimentado pelas chuvas e pelas águas termais da caverna próxima de Muqal.
Seus belos lagos, poços e vegetação exuberante contrastam com a árida paisagem do deserto.
Os primeiros moradores da região foram tribos de beduínos. Mas, hoje em dia, o local é popular entre os visitantes. Alguns deles se dedicam a explorar as grutas, outros se banham nas piscinas naturalmente aquecidas.
4. Oásis de Al-Ahsa, Arábia Saudita
O oásis de Al-Ahsa é formado por tamareiras
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Esta imagem é diferente do que normalmente imaginamos de um oásis, não é verdade? Afinal, muitos deles são apenas pequenos lagos ou tanques.
Mas o oásis de Al-Ahsa, na Arábia Saudita, é gigantesco. Sua superfície é de cerca de 85 km², o que o configura como o maior oásis do mundo.
A região é fértil e se estende por 12 mil hectares. Ela abriga mais de 2,5 milhões de tamareiras e também conta com grutas, canais, antigas fortalezas e mesquitas.
As evidências arqueológicas indicam que a região é habitada desde os tempos pré-históricos. Em 2018, o oásis foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco, como “exemplo excepcional de interação humana com o meio ambiente”.
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5. Oásis Agua Caliente, Estados Unidos
O oásis Agua Caliente é abastecido por um manancial termal natural
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O oásis Agua Caliente (“Água Quente”, em espanhol) fica no deserto de Sonora, perto da cidade de Tucson, no estado americano do Arizona. Ele é rodeado de palmeiras e abriga fauna silvestre, como tartarugas e aves.
O local é abastecido por um manancial termal natural. Por isso, a tribo nativa americana Cahuilla o chamava originalmente de “Sec-he”, que significa “som de água fervente”. A tribo habitou a região por 5 mil anos.
Os espanhóis o rebatizaram como “Agua Caliente” durante a colonização local, no final do século 18.
Entre 1877 e 1882, o oásis funcionou como balneário medicinal e recreativo. Posteriormente, diversos proprietários o mantiveram para criação de gado.
Originalmente, duas fontes alimentavam os tanques. Uma delas era quente e a outra, fria.
Mas, na década de 1930, para tentar aumentar a vazão, os mananciais foram explorados, provocando o efeito contrário: as duas fontes se fundiram e a vazão foi reduzida.
Nos anos 1960, o condado de Pima comprou os 41 hectares do local, criando o Parque Agua Caliente, que inclui e mantém o oásis.
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