Nesta segunda-feira (27) celebramos o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, o maior genocídio do século 20, que dizimou a vida de mais de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Esse é um dos episódios mais difíceis, que marca a saga de perseguições vivenciadas pelo povo judeu ao longo de sua história desde o início de sua existência.
O primeiro relato que podemos considerar como genocídio que vivemos consta na Torá e data da época de Moisés no Egito, quando fomos perseguidos pelo faraó. Ele queria, a todo custo, aniquilar todos os judeus e jogar os filhos primogênitos no rio Nilo, pois seus astrólogos viram que iria nascer o redentor que tiraria o povo da escravidão.
Seguindo a ordem cronológica, na Idade Média, a prática religiosa foi o motivo de uma nova perseguição dos judeus em Portugal e Espanha, episódio conhecido como Inquisição, que levou muitos a sofrerem torturas e penas de morte. Já na década de 1930, o motivo da intolerância foi a raça, o que gerou o extermínio de judeus pelos nazistas durante vários anos. E, em 2023, novamente pela intolerância racial, vivenciamos um massacre orquestrado pelo Hamas em Israel que resultou na morte de centenas de judeus —homens, mulheres, jovens e crianças. Mais uma vez o povo de Israel é vítima de antissemitismo —e, agora, remodelado de antissionismo.
Avaliando cada um desses momentos da vida do povo de Israel, uma palavra me vem à mente: resiliência. O Holocausto com certeza foi um ato genocida —nossos inimigos tinham a intenção clara de aniquilar os judeus. O mesmo ocorreu em 2023, em uma proporção numérica de mortes menor. O grupo terrorista Hamas tinha o mesmo objetivo: não deixar um cidadão israelense vivo. Se nosso povo fosse fraco e desunido, todos os inimigos de Israel iriam acabar com o Estado e, consequentemente, com toda a população judaica ao redor do planeta. Porém, não é isso o que aconteceu ao longo da nossa caminhada pela história.
O povo judeu une forças —onde quer que esteja— e honra a memória dos que tiveram suas vidas ceifadas em todos esses episódios de genocídio, assim como dos sobreviventes das barbáries que marcam profundamente nossa jornada. A voz da população judaica de vários locais do mundo está ecoando; não estamos nos calando diante de tentativas incessantes de nossos inimigos de silenciar nossa fala. Israel está sendo confrontado por várias frentes internacionais, e os judeus estão fornecendo apoio, seja do ponto de vista moral, defendendo suas crenças, como também sob a ótica de oferta de recursos.
Graças a tudo o que temos disponível no Brasil, a população judaica em São Paulo e em vários estados brasileiros consegue levar uma vida normal, mesmo em um período de crise como o atual. Prestamos assistência e auxílio à comunidade como um todo para que os judeus não sejam alvo de ataques e atitudes antissemitas. E, caso ocorram, estamos prontos para atuar em todas as frentes —de segurança, institucional e jurídica—, garantindo que nenhum crime de antissemitismo fique impune.
Sabemos que esta guerra pode acabar a qualquer momento, mas hoje temos a consciência de que o mesmo não ocorrerá com o antissemitismo —muito pelo contrário, ele sobe um degrau na escala de fortalecimento. Para combater esse mal, nossa comunidade precisa estar unida e cada vez mais sólida.
Essa não é uma luta somente do povo judeu contra o antissemitismo, ou de Israel ante os terroristas. É um combate entre o bem e o mal. É uma sociedade democrática e justa que briga contra o terrorismo e o radicalismo que tanto assusta não somente os judeus, mas também outras minorias que sofrem com o preconceito.
O provérbio oriental “tempos difíceis criam homens fortes” nunca foi tão verdade para os judeus em toda a sua história.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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