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Dorothy Stang: Condenados são suspeitos de receptação – 12/02/2025 – Poder

Dois dos cinco homens condenados pelo assassinato da missionária Dorothy Stang, morta com seis tiros em uma área de assentamento rural na região de Anapu (PA), são suspeitos da prática de outros crimes na região amazônica.

A suspeita de que os dois homens teriam cometido o crime de receptação, em dois episódios distintos, baseia-se na atuação de grupos criminosos no ano de 2023, 18 anos após a morte de Dorothy.

O assassinato da missionária completa 20 anos nesta quarta-feira (12). Cinco pessoas foram condenadas à prisão pelo crime: Clodoaldo Carlos Batista e Rayfran das Neves Sales, considerados os executores; Vitalmiro de Bastos de Moura e Regivaldo Pereira Galvão, fazendeiros condenados por terem sido os mandantes; e Amair Feijoli da Cunha, apontado como intermediário entre pistoleiros e fazendeiros e interessado na morte de Dorothy.

A missionária era agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e atuava na defesa de assentados e sem-terra numa das regiões mais violentas do Pará, onde a disputa por terra envolve a atuação de grileiros, madeireiros ilegais e fazendeiros interessados na expansão do domínio de áreas por assentamentos criados no curso da rodovia Transamazônica.

As penas aplicadas aos condenados pelo crime variaram de 17 a 30 anos de prisão. A maioria já conseguiu progressão, podendo cumprir a pena fora do regime fechado —em regime domiciliar ou aberto, por exemplo.

Não há informação sobre a permanência de algum deles na prisão. Os dados disponíveis sobre execução penal mostram que, para 4 dos 5 condenados, ainda não houve extinção das penas.

As suspeitas do crime de receptação e de participação em outras atividades criminosas foram apontadas pela Polícia Civil do Pará, no caso de Regivaldo Galvão, e por PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal) com atuação no Acre e no Amazonas, no caso de Amair Feijoli.

A delegacia de polícia de Vitória do Xingu (PA) investigou um suposto esquema de roubo de máquinas pesadas. Em março de 2023, segundo relatório da polícia, uma retroescavadeira foi encontrada em uma empresa de locação de veículos em Altamira (PA), que fica a 50 km de Vitória do Xingu.

A empresa, conforme a polícia, é de propriedade de Regivaldo. Uma queixa de furto da escavadeira havia sido registrada na Bahia.

A polícia afirmou que o suposto esquema envolvia uma “pluralidade de crimes” com máquinas agrícolas, empresas de fachada e laranjas. Os policiais pediram autorização à Justiça para busca e apreensão em endereços de três investigados, entre eles Regivaldo, em Vitória do Xingu e em Altamira.

A reportagem não o localizou. Advogados que atuaram em processos a que ele responde na Justiça disseram que já não fazem sua defesa.

Outro caso envolvendo uma suspeita de crime de receptação envolve duas caminhonetes, clonadas e constituídas com peças de desmanche e usadas como instrumentos de crimes ambientais, segundo a PF e o MPF. Uma delas foi apreendida na posse de Amair Feijoli.

O homem condenado por fazer a ponte entre fazendeiros e pistoleiros no caso Dorothy Stang atuava em um suposto esquema de grilagem e desmatamento de terras públicas federais, segundo investigação feita pela PF em 2023. Os crimes investigados teriam sido cometidos no sul do Amazonas e no Acre.

A reportagem não localizou Feijoli nem sua defesa.

Segundo documentos da investigação, uma organização criminosa invadiu e desmatou áreas preservadas da amazônia, com o propósito de grilagem. A polícia pediu o bloqueio de bens do grupo no valor de R$ 16 milhões.

Feijoli chegou a ser preso preventivamente pela PF, em operação deflagrada em agosto de 2023.

A Operação Terra Prometida mirou organização criminosa suspeita de crimes de desmatamento, invasão de terra pública, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, segundo a PF.

As investigações tiveram início com denúncias de trabalhadores extrativistas de uma floresta estadual, na região de Sena Madureira (AC). Eles denunciaram desmatamento para criação de gado e ameaças feitas por posseiros.

O desmatamento atingiu 598 hectares. O prejuízo ambiental estimado pela PF foi de R$ 18 milhões.

Outra operação recebeu o nome de Xingu. Um grileiro, dois pecuaristas e um técnico de georreferenciamento atuavam para “esquentar” imóveis junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e no CAR (Cadastro Ambiental Rural), conforme a PF.

Os supostos crimes ocorreram entre Boca do Acre e Lábrea, cidades no sul do Amazonas. Nesse caso, o desmatamento atingiu 800 hectares, e o prejuízo foi calculado em R$ 17 milhões. Segundo a PF, um filho de Feijoli também foi investigado.

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