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Faremos o possível para impedir acordo UE-Mercosul, diz Macron



O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou neste sábado sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, por considerar que cria uma “concorrência desleal” que prejudica os agricultores do seu país, e disse que fará “todo o possível” para impedir que siga adiante.

“O texto assinado é ruim e faremos todo o possível para garantir que não siga seu curso, para proteger a soberania alimentar francesa e europeia”, declarou Macron à imprensa pouco antes da abertura do Salão da Agricultura de Paris, que este ano tem o Marrocos como país convidado.

O presidente francês explicou que seu governo trabalha para tentar formar uma minoria de bloqueio entre os membros da UE para paralisar o texto do acordo, cuja negociação foi concluída em dezembro do ano passado entre a Comissão Europeia e o Mercosul.

Uma minoria de bloqueio exigiria pelo menos quatro Estados-membros que representassem pelo menos 35% da população do bloco.

Outra das linhas de ação mencionada por Macron é evitar que a Comissão Europeia decida dividir o acordo em uma parte política e uma parte comercial para evitar que tenha que ser ratificado pelos Parlamentos dos 27 países da UE, diante do risco de que em alguns – como o francês – não haja maioria.

Macron também se referiu a uma estratégia para “convencer todos os nossos parceiros” a rejeitar o acordo com a ideia de que “nossos argumentos são os mesmos em todos os países da Europa para defender a capacidade de produção europeia”.

Na França, há um consenso político praticamente unânime contra o acordo UE-Mercosul, concluído após quase duas décadas de negociações, e as razões são que se acredita que favorecerá a entrada de produtos muito mais competitivos em termos de preços, já que na América do Sul não há as mesmas regulamentações ambientais e sanitárias às quais os franceses estão sujeitos.

Macron referiu-se a essas razões ao criticar o fato de o texto não incluir as chamadas “cláusulas espelho” para impor as mesmas regras de produção que os agricultores franceses têm de cumprir e que “protegem contra a concorrência desleal”.

Nesse sentido, comparou o acordo UE-Mercosul com o acordo UE-Canadá, que já está em vigor na prática e cuja ratificação apoia porque, em sua opinião, nesse caso os dois blocos compartilham a mesma concepção de agricultura e, no caso da França, está servindo para aumentar as exportações.

O chefe de Estado francês, que foi violentamente vaiado e atacado na abertura do Salão da Agricultura há um ano, em um momento de grandes protestos no setor, fez questão de enfatizar uma mensagem desta vez: “Nossos agricultores não podem ser a variável de ajuste”.



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