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morre opositor que ficou refugiado em embaixada


Morreu nesta quarta-feira (26) o opositor venezuelano Fernando Martínez Mottola, que esteve nove meses refugiado na embaixada argentina em Caracas, custodiada pelo Brasil desde a expulsão dos diplomatas argentinos pelo regime de Nicolás Maduro. A morte foi confirmada por Emilio Figueredo, ex-embaixador da Venezuela e próximo ao político, que afirmou que Mottola teve “morte cerebral”.

Martínez Mottola era ex-ministro do governo de Carlos Andrés Pérez (1974-1979, 1989-1993), ex-presidente da companhia telefônica estatal Cantv e atuava como assessor da Plataforma Unitária Democrática (PUD), aliança opositora que luta pelo fim do regime chavista na Venezuela. Ele era visto como uma peça-chave na estratégia para a candidatura de María Corina Machado e na organização da oposição para as eleições presidenciais que ocorreram no 28 de julho de 2024, que foram fraudadas por Maduro.

O ex-ministro buscou refúgio na embaixada argentina em Caracas em março de 2024, ao lado de outros cinco opositores, após o Ministério Público venezuelano, controlado por Maduro, acusá-los de envolvimento em um suposto plano de “desestabilização” do regime chavista. O grupo era ligado ao partido Vente Venezuela, liderado por María Corina Machado, e incluía Magalli Meda, Claudia Macero, Omar González Moreno, Pedro Urruchurtu e Humberto Villalobos, que permanecem na embaixada sob um cerco policial constante.

Em dezembro de 2024, Martínez Mottola deixou a embaixada, mas os motivos de sua saída não ficaram totalmente claros. Na época, o regime de Maduro alegou que ele teria se apresentado “voluntariamente” à Procuradoria e “colaborado ativamente com a justiça venezuelana”.

No entanto, a versão oficial foi vista com ceticismo por setores opositores, que lembram a repressão sistemática contra adversários políticos e as prisões arbitrárias de figuras ligadas à oposição. Entre os que foram detidos em março de 2024 estavam Dignora Hernández e Henry Alviarez, dois membros de alto escalão da equipe de María Corina Machado, que continuam presos e sem direito a advogados privados.

A morte de Martínez Mottola gerou reações no meio opositor venezuelano. O presidente eleito, segundo os EUA e atas colhidas no dia da eleição de 2024, Edmundo González Urrutia, lamentou o falecimento e descreveu Mottola como um “venezuelano comprometido com o país e os valores democráticos”.

O partido Voluntad Popular, que faz oposição ao regime chavista, também prestou homenagem ao ex-ministro: “Com profundo pesar, nos unimos para render homenagem a nosso querido amigo e companheiro, Fernando Martínez Mottola, que dedicou sua vida ao serviço público e à defesa da democracia na Venezuela”, publicou a sigla em suas redes sociais.

A residência diplomática onde Martínez Mottola esteve asilado segue sob cerco das forças de segurança do regime de Maduro. Desde novembro de 2024, os opositores refugiados no local denunciam o “assédio policial”, com cortes de energia e isolamento forçado.

A embaixada está sob proteção do Brasil desde agosto de 2024, quando o regime chavista expulsou os diplomatas argentinos, após o presidente Javier Milei condenar a ditadura. No entanto, em setembro do mesmo ano, Maduro também retirou a permissão para que o Brasil mantivesse essa custódia, sob a alegação de que os asilados estariam planejando “atos terroristas” dentro da sede diplomática.

Apesar dessa medida, o governo brasileiro afirmou que “permanecerá com a custódia e defesa dos interesses da Argentina”, enquanto não houver um novo acordo diplomático com Caracas.



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