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opositor fala sobre refúgio em Caracas



O opositor venezuelano Omar González Moreno publicou nesta quinta-feira (27) no site La Patilla um artigo denunciando as condições em que ele e outros dissidentes vivem na Embaixada argentina em Caracas, onde estão refugiados há quase um ano. O grupo, vinculado ao partido Vente Venezuela, liderado por María Corina Machado, está no local desde o dia 20 de março de 2024 para se proteger da repressão do regime de Nicolás Maduro e segue sob constante vigilância das forças chavistas.

Além de González, estão no local Magalli Meda, ativista ligada à defesa dos presos políticos; Claudia Macero, jornalista e assessora do partido de María Corina; Pedro Urruchurtu, analista político e coordenador internacional do Vente Venezuela; e Humberto Villalobos, integrante da oposição venezuelana e defensor dos direitos humanos.

Desde agosto de 2024, a sede diplomática argentina está sob custódia do Brasil, após o governo de Javier Milei romper relações com a ditadura chavista. No entanto, em setembro, Maduro retirou a autorização para essa custódia, acusando os asilados de planejarem “atos terroristas”. Apesar do ato, o governo brasileiro disse que não deixaria a embaixada sem uma solução. Desde então, a situação dos opositores dentro do local se tornou ainda mais dramática, com relatos de assédio policial, cortes de eletricidade e escassez de recursos.

“Vigilância asfixiante e terror absoluto”

No artigo intitulado “Campo de concentración diplomático”, González comparou sua situação e a de seus companheiros ao confinamento vivido por prisioneiros em campos de concentração nazistas.

“Aqui, vivemos em condições desumanas: sem eletricidade, sem água, sem outros serviços básicos para qualquer ser humano”, escreveu.

O opositor descreveu um cenário de terror e opressão.

“A vigilância é asfixiante; estamos rodeados por policiais fortemente armados, franco-atiradores nos telhados, drones que sobrevoam constantemente a sede diplomática, sofisticados sistemas de interferência telefônica e de Internet, criando um ambiente de terror e controle absoluto”, afirmou.

Segundo González, até cães de raças rottweiler e pastor alemão são usados para intimidar os asilados. Ele também criticou a inércia dos organismos internacionais diante da situação.

“A escassez de recursos é uma constante que agrava nosso asilo dia após dia, sob a insólita indiferença do corpo diplomático e dos organismos internacionais”, denunciou. “Esta situação não é apenas insustentável, mas também inaceitável em um mundo que supostamente valoriza os direitos humanos e que, após a Segunda Guerra Mundial, concordou em jamais permitir a repetição das terríveis e sádicas práticas de tiranos insanos como Adolf Hitler — agora tropicalizadas na figura de Nicolás Maduro e de muitos de seus cúmplices”, acrescentou.

A publicação também lamenta a morte de Fernando Martínez Mottola, opositor de Maduro, ex-ministro das Comunicações e ex-presidente da estatal Cantv, que esteve asilado na embaixada até dezembro de 2024. O regime chavista alegou que ele teria deixado o local naquele mês para se apresentar “voluntariamente” à Procuradoria chavista e “colaborado ativamente” com a “Justiça venezuelana”, mas opositores veem a versão com ceticismo, dado o histórico de repressão de Maduro.

González responsabilizou diretamente o regime de Maduro pelo falecimento de Mottola, que sofreu um derrame cerebral.

“Sem dúvida, mais uma vítima do impiedoso regime de Nicolás Maduro e seus cúmplices”, escreveu. O opositor lembrou a resistência e a coragem de seu companheiro de luta.

“Sua vida, marcada pela valentia e pela resistência, se viu apagada pelo desgaste físico e mental que suportou durante nove meses asilado neste campo de concentração em que transformaram a embaixada argentina em Caracas”, afirmou.

“Estamos em um limbo”

A situação dos asilados segue sem solução.

“Por ora, nos encontramos em um limbo, presos entre a busca por liberdade e a brutalidade de um regime que desconsidera nossas vozes e o silêncio ensurdecedor dos diplomatas e dos caros e, às vezes, inúteis organismos internacionais criados precisamente para evitar casos como este”, criticou González.

O opositor fez um apelo à comunidade internacional para que tome medidas concretas em defesa dos perseguidos políticos.

“Por isso reiteramos nosso chamado para que não fechem os olhos diante desses crimes atrozes e para que medidas urgentes sejam tomadas em defesa da dignidade e da vida dos perseguidos políticos que permanecem nas imundas prisões do regime de Maduro e na embaixada argentina em Caracas, transformada em um tenebroso campo de concentração”, declarou.



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