O governo Lula (PT) anunciou Gleisi Hoffmann como nova ministra da SRI (Secretaria de Relações Institucionais) nesta sexta-feira (28).
A atual presidente do PT assume o cargo no lugar de Alexandre Padilha, que foi remanejado para o Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade.
Interlocutores do presidente relatam que ele já vinha apontando o nome dela para a função. Mas deu sinais mais enfáticos ao convidá-la para a viagem desta sexta-feira (28) ao Uruguai e ao afirmar que precisa de maior agressividade na política.
O presidente disse na quinta-feira (27) que demitiu Nísia Trindade do da Saúde por querer “mais agressividade“.
“Nísia era uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade, mais agilidade, mais rapidez, por isso estou fazendo algumas trocas”, disse em entrevista ao programa Balanço Geral Litoral (SP), da Record.
Ainda segundo aliados, o presidente tem se queixado de falta de disputa política na relação com o Congresso Nacional. Nas conversas sobre a sucessão na SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Lula disse que deve a Gleisi a oportunidade de mostrar capacida de de articulação.
Lula afirmou ainda que a opção por ela no ministério seria um reconhecimento ao seu trabalho no comando do PT, onde está desde 2017.
A SRI é responsável pela relação do Executivo com o Legislativo e ficará vaga com a ida de Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde.
A aliados, Lula lembrou que a deputada trabalhou para construção de palanques nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, tendo conversado com todos os partidos que compuseram a aliança em torno de sua candidatura.
Ele também ressaltou o bom relacionamento de Gleisi com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (PB-Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP-União Brasil).
Ao discursar na festa de aniversário do PT, Lula defendeu a habilidade de negociação de Gleisi como uma prova de que ela não é estreita politicamente.
Em 2022, após ser eleito presidente, o petista fez o mesmo discurso durante jantar na residência oficial do presidente do Senado. Ele perguntou qual dos senadores presentes nunca tinha conversado com ela, em uma tentativa de mostrar a amplitude de Gleisi. Naquele ano, ela assumiu a coordenação da campanha de Lula e da transição do governo.
Em 2018, Gleisi atuou pela neutralidade do PSB na corrida presidencial, o que impediu que o partido se aliasse a Ciro Gomes (PDT). Após eleição de Jair Bolsonaro (PL), articulou a recomposição do campo de esquerda para formação da frente de oposição.
Além de atuar na articulação da aliança em 2022, defensores do nome de Gleisi lembram que, sob sua condução, o PT aprovou com 84% de votos o nome de Geraldo Alckmin (PSB) para a vice de Lula.
A expectativa é que, na SRI, ela trabalhe para compor uma aliança em torno de Lula com vistas a 2026.
Aliados têm interpretado esses elogios de Lula como um sinal de que não desistiu de nomeá-la para a SRI, apesar de ter sido aconselhado a optar por um nome com maior capacidade de articulação no Congresso Nacional.
Antes mesmo de anunciada por Lula, a possível nomeação de Gleisi tem causado incômodo entre ministros do PT e de partidos da base aliada. A cúpula da Câmara trabalha para colocar no posto o líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL).
O ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), deputado licenciado pelo Republicanos, e Motta fizeram chegar ao presidente a preferência dos dirigentes partidários por Isnaldo.
Silvio Costa Filho chegou a ser lembrado para a função. Ele tem a confiança de Lula. Mas aliados do petista afirmam ser difícil deslocá-lo da pasta que ocupa hoje por resistências do Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (SP).
Essa resistência de partidos aliados a se comprometerem com o governo, a ponto de entrarem no Palácio do Planalto, é apontada como um dos motivos pelos quais Lula buscaria uma alternativa caseira.
Além do nome de Gleisi, também são lembrados para o posto os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e do Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Wagner foi sondado por auxiliares de Lula para a vaga, mas as conversas não avançaram. O senador tem afirmado que o titular da SRI deve ser um deputado, diante das dificuldades do governo com a Câmara. Guimarães já estaria desesperançoso quanto às chances de compor o Ministério.
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