É novamente a vingança que faz o papel de pólvora para a explosão de acontecimentos no universo de assassinos e máfias da franquia John Wick. Agora, porém, sai de cena o homem-título da cinessérie (vivido por Keanu Reeves) e o destaque de protagonista fica nas mãos da atriz Ana de Armas. No longa, ela encarna uma assassina que também foi treinada como “Bailarina”, conforme sugere o título do novo filme — que chega aos cinemas nesta quarta, dia 4 de junho.
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No longa, a atriz dá vida à jovem Eve Macarro que entra numa busca sangrenta pelos assassinos de seu pai. Trata-se de uma tragédia mudou o curso de sua infância. Pois, a partir da morte do pai, a moça foi inscrita numa escola de balé que também figura como uma organização criminosa que cria assassinas para envolver-se no mundo da máfia. A chamada ruska roma.
A mudança de protagonista para uma figura feminina, disse Ana ao GLOBO em sua passagem no Brasil para a última CCXP, em São Paulo, não coloca uma pressão extra na atriz que, em resumo, toma para si o lugar que foi ocupado por Keanu Reeves ao longo de quatro filmes. Ela vê, contudo, a nova filmagem como uma chance de contar uma história que caminhe com as próprias pernas e vai além da trilhada por Keanu.
— No projeto, não me sinto substituindo ninguém — diz Ana, sobre assumir o protagonismo da história. — Eu sou parte da Eve Macarro e (mostro) quem é ela, de onde veio, pelo que vai passar. É uma grande jornada, vamos explorar o mundo de John Wick que todos conhecemos e amamos, mas de uma perspectiva diferente.
A ideia é reforçada pelo diretor Len Wiseman (anteriormente nos filmes “Anjos da Noite” e na série de TV “Lucifer”),que também esteve de passagem no Brasil na ocasião e é igualmente estreante no universo de John Wick.
— Sim, há diferenças, mas eu não fico muito preso nisso. Uma das coisas que eu quis me certificar é que esse filme não fosse sobre um John Wick do gênero feminino. Já temos John Wick, ele é lendário e ainda existe, agora quero que seja uma personagem poderosa e cheia de camadas — comenta o diretor.
O longa, porém, não se isenta de envolver uma mensagem de auto afirmação feminina no enredo. A certa altura, em um treino de arte marcial, a protagonista leva sucessivas surras de oponente (masculino) que é muito maior em altura e músculos. Ao ver a aprendiz na lona repetidas vezes a treinadora sugere: “lute como uma garota”, como um atalho para despertar certa força na personagem.
— Adoro ser uma mulher e ser durona, brigar com uns caras grandalhões (no filme). Essa é uma coisa que gosto — sugere Ana de Armas.
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O grande desafio da nova produção é, de certa forma, atrair os fãs da franquia que não são poucos. Para se ter uma ideia, a seleção dos quatro longas anteriores ultrapassou US$ 1 bilhão em bilheteria. O “sabor” de John Wick, garantem os envolvidos, segue presente.
— Essa é uma personagem tem uma relação com as produções anteriores e isso vai se estender por todo o filme — afirma Ian McShane, presente em todos os filmes anteriores da saga como o dono do lendário Hotel Continental, refúgio de todo tipo de assassino na saga.
A ideia de continuidade é também defendida por Len Wiseman — que repete o formato dos outros filmes, com longas sequências de ação e até mesmo uma cena de porradaria em uma boate lotada, como acontece no primeiro filme da saga.
— Acho que a delícia do filme é respeitar o tom que a franquia tem. Tem uma aspereza, uma certa dureza. Ao mesmo tempo, parece real. Há também um tipo próprio de humor sombrio. Acho que isso cria um tom único — afirma Len.
As cenas de ação, inclusive, seguem como coluna vertebral para o filme. Há cenas com toda sorte de armas: granadas, revólveres, fuzis, lança-chamas e até mesmo um picador de gelo. Além dos já citados golpes de artes marciais. O balé bom de briga, conta Ana de Armas, exigiu muito de seu condicionamento físico.
— Pra mim, foi realmente difícil, porque foi um nível de ação, treinamento, disciplina e comprometimento que eu nunca tinha vivido antes. Mas, ao mesmo tempo, foi empolgante, porque toda vez que eu ia ensaiar com a equipe de dublê eles me ensinavam uma coreografia, eu pensava (incrédula): “Eu estou fazendo o quê mesmo? Vou usar o quê aqui? Não é possível!” — disse a atriz. — Foram quatro meses de ensaio me preparando com as armas e todas as lutas. Fisicamente foi muito doloroso e há muito trabalho envolvido.
Por falar em “doloroso”, quem enfrentou a maior agrura foi o ator Norman Reedus (anteriormente em “The Walking Dead”).
— Ao entrar em “Bailarina”, eu tinha acabado de sair de um trabalho onde me diziam: “Por favor, não se machuque enquanto estiver lá”, porque eu me machuco muito. Só que eu despedacei o cotovelo ao longo de uma cena de luta. Não contei pra ninguém, mas precisei tomar injeções de anti-intlamatórios por um bom tempo e não falei disso para o outro projeto. No momento, não estou numa posição em que posso dizer: “será que posso tirar um tempo se eu me machucar?” Então, bora tomar uns Advil e seguir em frente. Foi incrível.
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