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Aliança global premia Fortaleza por monitorar o ar – 20/03/2025 – Equilíbrio e Saúde


Um programa de Fortaleza (CE) que monitora a qualidade do ar com sensores de baixo custo foi uma das três experiências mundiais premiadas nesta quinta (20) em Paris (França) em um encontro internacional de cidades que desenvolvem políticas urbanas públicas de enfrentamento às DCNTs (doenças crônicas não transmissíveis) e outras lesões.

A premiação é da PHC (Partnership for Healthy Cities), uma aliança global criada em 2017 e apoiada pela Bloomberg Philanthropies em parceria com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a Vital Strategies. Atualmente, a iniciativa capacita 71 cidades no mundo no desenvolvimento de políticas públicas que reduzam o impacto dessas doenças, responsáveis por mais de 80% das mortes passíveis de prevenção.

Os sensores, desenvolvidos em conjunto com a Universidade Federal do Ceará, estão em 30 pontos da capital cearense. Monitoram vários parâmetros de poluição atmosférica, como o PM 2,5, partículas inaláveis que saem de fuligens dos veículos e de queimadas e que estão associadas a um risco maior de doenças cardiovasculares, câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica, entre outras.

De acordo com dados da Prefeitura de Fortaleza, entre 2010 e 2019, cerca de 45% do total das mortes naturais podem estar associadas à poluição atmosférica. As crianças também são bem afetadas. A principal causa de internação infantil até os dez anos no município são os problemas respiratórios.

O monitoramento da poluição atmosférica integra uma política intersetorial de vigilância da qualidade do ar, que envolve alertas à população e à rede de saúde em dias muito poluídos e sistema de alerta de incêndios dos espaços verdes, entre outras ações.

A cidade está dentro da média de emissão de materiais particulados aceitável pela OMS (15 microgramas por metro cúbico), mas nos horários de pico os valores dobram (chegam a 30). Ainda assim, no ano passado, Fortaleza foi o município que teve a qualidade do ar mais bem avaliado entre 38 brasileiros, segundo relatório da empresa suíça IQAir, que monitora os níveis de poluição em diversos países.

Gabriela Aguiar, vice-prefeita de Fortaleza, afirma que a meta da atual gestão é totalizar 121 monitores em quatro anos. Dentro dessa política, desenvolvida em parceria com a PHC, a cidade também está criando o primeiro mapa de calor em que pretende, a partir dos dados mensurado, adotar novos protocolos com a meta de reduzir os impactos desse fatores na saúde pública.

Segundo ela, o próximo passo será fazer uma integração de dados entre as secretarias para que, por exemplo, em dias muito poluídos ou de calor extremo haja mudança de rotas de trânsito na cidade e notificação dos eventuais problemas gerados à saúde.

“Hoje a gente não pode associar o agravamento de um caso de DPOC [doença pulmonar obstrutiva crônica] ao ar muito poluído porque essa informação não consta no prontuário do paciente. A ideia é que esse alerta chegue até o médico em tempo real”, afirma. “Em tempos de inteligência artificial, nós não podemos viver com a burrice sistemática”, completa.

Um outro programa premiado foi o da cidade de Córdoba (Argentina), que já baniu as bebidas açucaradas e produtos ultraprocessados em 60% das cantinas escolares. A meta é atingir 100% dos estabelecimentos até março de 2026.

Em troca, o município oferta alimentos vindos de produtores regionais e água mineral. A iniciativa sofreu resistência inicialmente, mas depois houve engajamento dos professores e pais de alunos, segundo Daniel Passerini, prefeito de Córdoba.

Nos últimos 20 anos, quase dobrou o percentual de crianças e adolescentes com obesidade e sobrepeso em Córdoba, condições que atingem hoje 41% desse público. Um estudo do município também mostrou que 42% das crianças tinham um consumo adequado de água.

Ao mesmo tempo, diz ele, o crescimento do consumo de ultraprocessados e de açucarados foi de 85%. “A escola é o espaço onde se moldam as condições das pessoas. Se nós conseguirmos transformar um hábito tóxico em um hábito saudável, seguramente conseguiremos uma qualidade de vida melhor. “

O próximo passo será expandir essas ações para os arredores das escolas. “Esperamos que outras cidades da nossa província tomem esse modelo de referência, que haja um contágio de hábitos saudáveis.”

A terceira cidade premiada foi Grande Manchester, no Reino Unido, que expandiu o número de áreas abertas livres de fumo como parte de esforços para reduzir o tabagismo, incluindo a abertura do seu primeiro parque sem fumo, que abrange 6,5 hectares de área pública. Moradores foram consultados na tomada de decisões.

“Todos ganham quando alguém deixa de fumar”, afirmou Andy Burnham, prefeito de Grande Manchester. A proposta é não só proteger a saúde das pessoas como também , a vida selvagem que habita o parque Mayfield, localizado no centro da cidade.

A premiação da PHC levou em conta critérios como efetividade da política pública e sustentabilidade. Para Michael R. Bloomberg, fundador da Bloomberg Philanthropies, embaixador global da OMS para Doenças e Lesões Não Transmissíveis e 108º prefeito da cidade de Nova York, as cidades estão liderando o caminho na implementação de políticas que protegem a saúde pública e salvam vidas.

“As quatro cidades vencedoras deste ano estão provando que o progresso é possível com liderança forte e vontade política, e estamos ansiosos para ver os resultados de seus esforços”, disse.

Em comunicado, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, que o progresso feito pelas cidades vencedoras não apenas melhoram as condições de saúde dos seus habitantes mas servem de modelo para que outras sigam. “Cidades estão na linha de frente da luta contra as doenças crônicas não transmissíveis.”

Para Mary-Ann Etiebet, presidente da Vital Strategies, apesar dos desafios que a saúde pública enfrenta, como a falta de financiamento, a liderança das cidades surgiu como uma força poderosa para enfrentar tanto desafios complexos das doenças e lesões não transmissíveis quanto da onda de desconfiança nos dados e na ciência.

“Os líderes locais estão mais próximos dos moradores, geralmente são os primeiros a responderem as crises de saúde. Suas ações de transparência podem definir o tom do progresso nacional e até global.”

A repórter Cláudia Collucci viajou a Paris a convite da PHC (Partnership for a Healthy Cities)



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