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Americanos aderem ao chinês REDNote após cerco ao TikTok – 17/01/2025 – Igor Patrick


Se tudo correr como o esperado, o TikTok deverá sair do ar em todo o território americano dentro de poucas horas. Após perder recursos judiciais contra a lei aprovada no Congresso em abril que obrigava a venda do aplicativo, a ByteDance tenta ganhar tempo com alguma ordem executiva de Donald Trump, mas se prepara para o pior.

É neste cenário de descontentamento que observamos nesta semana um fenômeno improvável: milhares de americanos decidiram migrar para uma rede integralmente chinesa, permitindo pela primeira vez em décadas um diálogo virtual direto entre os dois povos.

A eleita foi a REDNote, ou Xiǎo Hóng Shū (小红书 “Pequeno Livro Vermelho”), que surgiu em 2013 como um guia de compras para turistas chineses em Hong Kong e, com o tempo, evoluiu para uma mistura de Instagram, TikTok e Yelp.

O nome deriva das cores da Universidade de Stanford, onde se formou o fundador Mao Wenchao, mas é também uma piada espirituosa com o Hóng Bǎo Shū 红宝书 de Mao Tsé-Tung —originalmente chamado de “Livro dos Tesouros”, mas que ganhou o nome “Livro Vermelho” nas suas menções internacionais.

Ninguém estava preparado para a avalanche de americanos. O REDNote nem sequer está integralmente traduzido em inglês e até já ensaiou, mas nunca foi em frente, com planos de internacionalização. Mesmo assim, o que se viu a seguir foi espetacular.

Americanos e chineses se mostraram genuinamente interessados em entender um ao outro. Milhares de publicações curiosas sobre cultura, economia e sistema político de ambos os lados passaram a circular.

Teve chinês pedindo ajuda aos amigos virtuais dos EUA com as tarefas de inglês e retribuindo com uma mãozinha nos testes de matemática. De quebra, a internet ocidental foi apresentada ao incrível senso de humor dos chineses, que não economizaram nos memes bilíngues.

Isolados devido ao “Grande Firewall”, que bloqueia o acesso a redes como Instagram, Twitter e Facebook, chineses conversaram com o mundo quase sem filtros. Sem propaganda, censura ou a imagem plástica e falsa vendida pelo governo: apenas gente falando com gente e se descobrindo mais semelhante do que gostariam seus líderes.

A oportunidade deixou muitos genuinamente emocionados. É que a geração Xiǎo Hóng Shū é também a que cresceu pós-Olimpíadas de 2008. Milhões de jovens que viram o país se tornar rico, relevante e globalizado e cultivavam o sonho da tal “vila global” em que as fronteiras seriam mais frouxas, os povos mais próximos, e a vida mais próspera.

Não foi o que se seguiu —não só a China, mas o mundo optou pelo nacionalismo, o antiglobalismo e as guerras culturais que nos afastaram, preenchendo o vazio com estereótipos e xenofobia.

Claro que o aplicativo continua sendo uma empresa chinesa e, neste contexto, correu para anunciar a contratação de censores bilíngues e deletar postagens controversas. Diria, inclusive, ser bastante provável que não demore muito até que se divida em dois como foi com o TikTok.

Mas por alguns dias, foi possível interagir por debaixo deste véu e se reconhecer como ser humano. Não à toa, viralizou por lá a mensagem de uma internauta chinesa. À espera da inevitável cisão, ela escreveu: “Se realmente houver um fator incontrolável que corte nosso contato, devemos nos lembrar do amor e confiança que temos neste momento. E no futuro, quando tentarem nos difamar uns aos outros, poderemos dizer firmemente para nós mesmos que, em nossos corações, o que vemos não é ruim assim.”


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