O diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou nesta sexta-feira (21) que os próximos meses serão desafiadores para a inflação, que deve piorar no acumulado em 12 meses antes de melhorar.
Ele acrescentou que o processo mais demorado de revisão de expectativas de inflação por parte do mercado não facilita a atuação do BC. Falando em evento do Bradesco BBI, David afirmou, ainda, que o BC não pode imaginar que resolveu o seu problema de combate à inflação elevada com algumas semanas de alteração no preço do câmbio.
David acrescentou que a autoridade monetária espera um arrefecimento da atividade, mas que o patamar atual da taxa de juros só será reduzido quando houver a convicção de que isso está afetando o nível da inflação.
Ele garantiu que a autarquia acredita na capacidade da política monetária de colocar as coisas em ordem e que a autarquia não vai reagir a ruídos.
O Copom realiza sua próxima reunião em março. Na primeira decisão do ano sobre a taxa de juros, em janeiro, o BC aumentou a Selic em um ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, em decisão unânime.
No último boletim Focus, analistas consultados pelo BC renovaram as previsões de alta da inflação. O levantamento acumula 18 semanas consecutivas de previsão de aumento e tem expectativa de alta de 5,60% para o IPCA ao fim deste ano.
O diretor também comentou a relação com os Estados Unidos, afirmando que a incerteza em relação ao país é muito maior agora do que anteriormente, acrescentando que o mercado provavelmente ainda não precificou tudo o que é possível na maior economia do mundo.
Para Davi, o dólar ainda está em um momento historicamente valorizado contra o resto do mundo e que intervenções cambiais pelo BC continuam sendo realizadas quando a autarquia observa disfuncionalidades.
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