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Bolsonaro busca ativar militância contra condenação no STF – 28/03/2025 – Poder

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retomou o tom incisivo e aumentou sua exposição pública nos últimos meses. O movimento foi ficando mais claro diante do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal), no qual se tornou réu na quarta-feira (26).

No mesmo dia, ele fez um pronunciamento de 50 minutos e, no fim da tarde, falou com jornalistas por cerca de 45 minutos no Senado.

O objetivo, de acordo com aliados e parlamentares bolsonaristas, é uma correção de rumo na estratégia diante de uma provável condenação criminal: ativar a militância, acirrar a campanha contra o julgamento e tentar se defender.

Há pressa na estratégia, uma vez que a expectativa é de condenação ainda neste ano. Dessa forma, ele busca criar um movimento popular significativo a seu favor, na expectativa de um fato novo que possa mudar o curso do julgamento –seja a aprovação da anistia no Congresso ou uma sanção dos Estados Unidos ao Judiciário brasileiro.

A avaliação professada pelos bolsonaristas é que o ex-presidente sofre uma perseguição do Judiciário e que o processo é político, não criminal. A Primeira Turma o tornou réu junto com outros sete nomes sob acusação de integrar o núcleo central da trama golpista que, em 2022, buscou evitar que Lula (PT) assumisse a Presidência da República.

A decisão do Supremo abre caminho para julgar o mérito da denúncia contra Bolsonaro até o fim do ano, em esforço para agilizar o trâmite e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026.

Para ativar a militância, aliados entendem que o melhor é deixar Bolsonaro falar, inclusive sem roteiro. Ele apenas foi orientado a não xingar nem a falar palavrões em suas críticas —no passado, chegou a chamar Moraes de canalha.

Nas falas mais recentes, o ex-presidente usou um tom mais explosivo e retomou temas como a ofensiva contra o sistema eleitoral. “Eu não sou obrigado a acreditar, confiar num programador. Eu confio na máquina”, disse na quarta.

“[O STF] Quer botar 30 [anos de cadeia] em mim. Se eu estivesse devendo qualquer coisa eu não estaria aqui. Fui para os Estados Unidos, graças a Deus, que se eu estivesse aqui no dia 8 de janeiro, eu estaria preso até hoje. Ou morto, que é o sonho que eu sei de alguns aí. Porque preso eu vou dar trabalho.”

Em outra frente, a anistia aos presos do 8 de janeiro é sua principal bandeira neste momento. Inclusive, bolsonaristas celebraram o ato chamado pela esquerda para pedir a prisão de Bolsonaro em São Paulo, porque querem comparar fotografias e demonstrar força política.

A esquerda convocou ato na avenida Paulista para o próximo domingo (30). O do ex-presidente será no domingo seguinte, dia 6, com a presença de parlamentares e governadores, na mesma avenida.

“Vamos rodar o Brasil inteiro e fazer manifestação pela anistia. Ele vai para Rio Grande do Norte, ele vai para Santa Catarina, ele vai para Paraná, ele vai para São Paulo. Vai tocar a vida dele normal. Ano que vem é uma eleição importante. Tem que fortalecer as lideranças dos nossos partidos, dos aliados”, disse o senador Jorge Seif (PL-SC).

“A nossa massa é engajada. O povo está do nosso lado. Sabe que história de golpe aí ninguém cola”, completou.

Nas viagens, Bolsonaro vai intensificar a campanha contra a sua condenação, repetindo os argumentos expostos por sua defesa no STF para que ele não fosse declarado réu. Um dos pontos será a crítica à delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Ao intensificar o modo militância, o ex-presidente tenta usar a voltar a pressão das ruas ao Congresso, para que os parlamentares aprovem uma anistia —o texto que está em discussão hoje é amplo e beneficia inclusive o ex-presidente.

Em outra frente, aliados dele também esperam que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha algum tipo de sanção ou restrição a ministros do STF, sobretudo Moraes, e que isso possa alterar a correlação de forças, de alguma forma. Ainda não está claro como isso poderia ocorrer.

“Pode, inclusive, fazer com que algum ministro possa pedir vista. Tu pode ter algum posicionamento de instituições internacionais sobre o que está acontecendo”, disse o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS).

Na Primeira Turma, onde ocorre o julgamento de Bolsonaro, apenas o ministro Luiz Fux expôs discordâncias em relação a posicionamentos de Moraes nos processos relativos aos ataques de 8 de janeiro e à trama golpista.

No segundo dia de julgamento, que viu pela televisão com aliados no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado, Bolsonaro disse estar positivamente surpreso com o posicionamento do ministro do STF.

As falas do magistrado viraram cortes de vídeo para redes sociais bolsonaristas, mas aliados do ex-presidente ainda têm dúvidas sobre como ele se posicionará quanto ao mérito das acusações.

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