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Caiado rebate Gleisi e ironiza Lula sobre segurança – 31/03/2025 – Poder

Prestes a lançar uma pré-candidatura à Presidência para 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), se movimenta para reforçar a imagem de um opositor firme do governo Lula (PT) e dar peso à agenda da segurança pública.

Caiado afirma, em entrevista à Folha, que o presidente volta às origens ao nomear Gleisi Hoffmann para a pasta de Relações Institucionais e rebate cobranças da ministra sobre a renegociação de dívidas dos estados. O governador critica também a atuação do governo no combate ao crime e ironiza uma declaração recente de Lula.

“Não é só uma República de roubo de celular. A verdade é que ele tem que entender que ele hoje está patrocinando a transição do Brasil de um Estado democrático para um Estado do narcotráfico”, diz.

Caiado afirma ainda que o lançamento de sua pré-candidatura, previsto para sexta-feira (4), não está condicionado ao destino de Jair Bolsonaro (PL) nem ao aval do ex-presidente.

Com o ex-presidente Jair Bolsonaro na condição de réu, o sr. se sente liberado para definir sua candidatura à Presidência?

Não tem essa condicionante. Nunca teve. Estou aguardando, lógico, o desdobramento dos fatos, mas não pode ser um fator inibidor nem determinante. Ele tem toda a condição de buscar a liberdade dele. Isso foi dado ao presidente Lula e ele está com essa meta. Não tem um porquê de dizer que uma coisa tem vínculo com a outra.

O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, sugere que Bolsonaro seja ouvido sobre candidaturas à Presidência. Acha que o aval dele é uma condição fundamental?

Posso falar em meu nome. Posso dizer que já estou com a minha pré-candidatura para ser lançada. A partir de 4 de abril, já vou andar pelo Brasil. Esse é um processo que cada um vai colocar no tempo que achar certo. Como sou de um estado bem avaliado, mas que só tem 5 milhões de eleitores, tenho que caminhar. A única coisa que me cobram é que eu não sou conhecido.

Pretende falar com ele?

Esses dias mesmo nos falamos. Ele me ligou.

O que ele falou?

Fui o primeiro governador a dizer que, em relação a esse problema de 8 de janeiro, deveria ter sido encaminhado com a mesma inteligência que o Juscelino Kubitschek teve, de anistiar todo mundo. Parar e trabalhar, em vez de ficar com essa discussão aí eterna por dois anos. Cansou a população. Não vejo o Brasil caminhar por um processo de conciliação, de harmonia e de governabilidade se continuar esse sistema conflagrado como está hoje.

Houve ponderações de dirigentes do União Brasil para que o sr. esperasse para lançar a candidatura, até na expectativa de formação de uma federação com o PP. Por que decidiu manter mesmo assim?

Não fiz nada precipitadamente, nada sozinho. Na vida política, tem essas coisas mesmo: “eu acho que esse momento não é aquele e tal”. Só que é uma matéria que já tinha sido vencida. No dia 4, eu começo pela Bahia e depois vou continuar em outros estados do Nordeste.

O sr. acha que a federação não vai vingar?

Não é que eu não ache que ela não vá vingar. Não enxergo o porquê desta federação, neste momento, que causaria um casamento sem divórcio pelos próximos quatro anos.

O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, diz que o Brasil deveria se inspirar no modelo de El Salvador. Concorda?

Tem que se espelhar no modelo de Goiás. É um momento em que o governo federal estimula, fomenta, motiva esse processo de invasão [de terras] e que as nossas polícias estão preparadas para fazer com que o campo viva em paz e que não tenha nenhuma invasão e nenhum distúrbio social.

O sr. acha que o governo Lula tensiona as relações?

O governo Lula já decidiu o lado dele. Durante um período, ele quis dar sinais para a centro-direita. Agora, ele já decidiu. Acho que ele resolveu assumir aquilo que ele é mesmo; já botou a Gleisi ali. Qualquer político que entende que pingo é letra sabe qual é a posição que ele vai tomar a partir de agora. Ele vai cada vez mais endurecer nessa linha, tentar voltar às suas origens e potencializar nessa estruturação de ministério os, como eles dizem lá, companheiros.

Gleisi citou o sr. entre os governadores que deveriam agradecer ao presidente Lula pela negociação de dívidas estaduais. O sr. acha que deve esse crédito ao governo?

Ela não pode cobrar por algo que não aconteceu. [É] a viúva Porcina que foi sem ter sido. O Propag [Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados], você não tem nem a legislação. O que eu tenho de benefício e o que eu tenho de renegociação das dívidas construí no governo anterior. Não estou entendendo essa cobrança.

Pelo contrário, estou sendo perseguido. Onde as privatizações das rodovias estão sendo feitas excluíram as de Goiás. O Ceron [Rogério Ceron, secretário do Tesouro], que assessora o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, fez uma portaria exclusiva para vetar um empréstimo de R$ 700 milhões junto ao Banco Mundial, depois de ter sido aprovado pelo Tesouro e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. As ações do governo são direcionadas não com um viés técnico, mas muito mais de retaliação a um governo que está dando certo. Então, ela [Gleisi] deve ter se confundido.

O que achou da declaração do ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) de que a polícia prende mal e a Justiça é obrigada a soltar?

É o que ele pensa.

E o sr.?

O contrário.

E sobre a declaração de Lula, de que não quer que o Brasil seja uma República de ladrões de celular?

Mas qual é o Lula aqui? O que diz que estavam sendo extremamente agressivos com aquele jovem roubando o celular ou esse de agora? Não é só uma República de roubo de celular. A verdade é que ele tem que entender que ele hoje está patrocinando a transição do Brasil de um Estado democrático para um Estado do narcotráfico, pela omissão dele.

É de um grau do território nacional ocupado pelas facções, do avanço sobre todo o setor econômico do país, destruindo as empresas, ameaçando as pessoas. Eu diria que hoje a droga está sendo um souvenir deles. Tudo isso está sendo disseminado. Em vez de dizer que é só o ladrão de celular, devia entender que estão hoje tomando todo o comando federal.

Por que o sr. diz que tem um patrocínio dele nisso?

Tem um patrocínio porque é a conduta do PT. Eles são complacentes com o crime. Isso faz parte do eleitorado deles. Esse é o habitat deles. Então eles não vão negar isso agora. Eles são prisioneiros dessa engrenagem, conviveram com ela e participam dela.

Ao telefone, Bolsonaro falou sobre a sua ausência no ato a favor da anistia, no Rio de Janeiro?

Ele disse o seguinte: “Governador, vi uma entrevista sua na CNN, você falando sobre anistia e estou ligando para agradecer pela sua posição”. Eu disse: “Presidente, essa é uma posição minha desde fevereiro de 2024”. “Muito obrigado.” “Até mais.” “Tchau.”


Ronaldo Caiado, 75

Médico e filiado ao União Brasil, é governador de Goiás pelo segundo mandato consecutivo. Antes, foi deputado federal e senador. Nos anos 1980 presidiu a UDR (União Democrática Ruralista) e, em 1989, foi candidato à Presidência da República, ficando em décimo lugar na disputa.

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