O ex-governador Ciro Gomes (PDT) se pronunciou publicamente pela primeira vez sobre o pedido de demissão do ministro Carlos Lupi e fez críticas à troca de comando do Ministério da Previdência pelo presidente Lula (PT).
“Estou muito envergonhado. Isso é uma indignidade inexplicável”, postou Ciro Gomes no último sábado (3) em postagem no perfil oficial do PDT no Instagram sobre a nomeação do ex-deputado Wolney Queiroz para o cargo.
Lupi pediu demissão do cargo no governo Lula (PT) nesta sexta-feira (2) em meio à crise dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Ele não era investigado, mas enfrentou desgastes na condução do problema.
Queiroz, que é presidente do PDT de Pernambuco, assumiu o posto na sexta à noite, após a queda de Lupi. Ele era o secretário-executivo da pasta e nome preferido de Lula para o cargo na montagem do ministério.
Na postagem na rede social, Ciro teve o apoio de parte da militância do PDT, que também fez críticas à troca de comando na pasta.
Aliado do PT nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), Ciro se afastou dos petistas nos últimos anos. Na campanha presidencial de 2022, distribuiu os ataques entre Lula e Jair Bolsonaro (PL) de forma equivalente. O posicionamento irritou os petistas, que faziam um movimento de voto útil em Lula.
No segundo turno da eleição de 2022, o pedetista disse que seguiria a decisão de seu partido de apoiar Lula contra Bolsonaro, mas não fez campanha nem se uniu à frente ampla que se formou em torno do petista na ocasião. Nos últimos anos, tem feito críticas ao governo nas redes sociais.
A queda de Lupi deve tensionar ainda mais a já tumultuada relação entre PT e PDT, partidos que disputaram o protagonismo na esquerda, foram adversários em eleições presidenciais e têm um histórico de idas e vindas.
Parte da bancada pedetista tem defendido que a sigla assuma uma posição de independência no Congresso. Com 17 deputados federais e três senadores, o PDT esteve entre os mais fiéis nas votações de pautas de interesse do governo na atual legislatura.
Membros da bancada da legenda avaliam que Lupi sofreu um processo de fritura dentro do governo e foi desprestigiado por Lula ao não participar da indicação do novo presidente do INSS.
O procurador Gilberto Waller Júnior foi escolhido para chefiar o instituto em substituição a Alessandro Stefanutto, demitido após operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) para combater o esquema de descontos ilegais.
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