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Classe média tem novas aspirações e desafios



O perfil da nova classe média brasileira mudou nos últimos anos, aponta levantamento realizado pela Quaest. Hoje, pessoas nesta parcela de renda representam 50,1% da população. Os ganhos nesta faixa vão de R$ 3,4 mil a R$ 25 mil. Não há uma diferença expressiva em termos quantitativos desde 2015, quando mais da metade da população já era composta pela classe média. Mas os valores e aspirações são diferentes.

O levantamento, encomendado pelo O Globo, mostrou que o diploma universitário, por exemplo, deixou de ser importante para quase metade dos brasileiros de renda média. Por outro lado, o empreendedorismo esta em alta. Para 77%, tanto faz ter uma formação superior “desde que se tenha dinheiro para pagar as contas”.

Felipe Nunes, cientista político e CEO da Quaest, acredita que a desvalorização da ensino universitáriao se deve a uma perspectiva mais imediatista de segmento.

“Há uma tentativa de se ganhar dinheiro com menos esforço. É uma visão nova de empreendedorismo e imediatismo, muito explicada pelo comportamento digital, do prazer do consumo rápido”, diz. “É um sentimento que contamina a visão do trabalho. O esforço para se chegar ao ensino superior não está tão valorizado, e seu retorno já não é tão direto e objetivo quanto antes.”

As famílias, por sua vez, encolheram, e são constituídas em maioria de 61% por até quatro pessoas. A casa própria, no entanto, permanece como uma de suas principais aspirações. Estes trabalhadores querem ainda saúde e educação providos pelo Estado, são contra a privatização de estatais tradicionais como Petrobras e Banco do Brasil e acreditam que o Brasil era melhor “no tempo dos nossos avós”.

O levantamento, com dados colhidos no ano passado, revelou pessimismo da classe média com a economia. Para 41%, a economia piorou nos 12 meses anteriores. Entre os mais pobres, nas classes D e E, com renda domiciliar de até R$ 3.400, essa parcela é menor, de 37%.

Projeções da Tendências Consultoria mostram que os próximos anos serão de progressão lenta, com o país chegando a 2034 com 54,7% da sua população acima das classes D e E.



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