A nova diretoria do COB (Comitê Olímpico do Brasil) tem a ambiciosa meta de colocar o país no top 10 dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028. Seria uma grande evolução em relação à edição de Paris, em 2024, quando a delegação brasileira terminou na 20ª colocação, com três ouros, sete pratas e dez bronzes.
Quando teve sua melhor participação, nos Jogos de Tóquio, em 2021, o Brasil terminou em 12º. Para alcançar o novo objetivo, o comitê traçou como estratégia para o primeiro ano do ciclo olímpico dar uma atenção maior a atletas que ficaram em quarto ou quinto lugar nas mais recentes edições dos Jogos Olímpicos e dos Mundiais de suas respectivas modalidades.
“A frustração de chegar perto de uma medalha é muito grande. Se o atleta consegue se recuperar, algo que muitos não conseguem, e voltar a treinar mais cedo, tentar abafar aquilo, existem muitos exemplos de conquistas no ciclo seguinte”, afirmou à Folha Jorge Bichara, que está de volta à diretoria do comitê brasileiro.
Em Paris, 11 atletas do país ficaram bem perto do pódio, na quarta ou na quinta colocação. O número supera o que foi visto em 2021 —Tóquio-2020 virou Tóquio-2021 na pandemia da Covid-19—, quando nove atletas do país ficaram nessas posições. De Tóquio a Paris-2024, duas “quase medalhas” se converteram em pódio: Rebeca Andrade no solo da ginástica artística (quinta em Tóquio e ouro em Paris) e Gabriel Medina no surfe (quarto em Tóquio e bronze em Paris).
Nos Jogos do Rio, em 2016, quando teve uma delegação muito maior por competir como anfitrião, o Brasil teve 19 “quase medalhas”, com apenas uma convertida em pódio em Tóquio, no vôlei feminino.
Bichara defende que, para assegurar a evolução contínua a cada ciclo, é necessário dar oportunidade para novos talentos enquanto atletas mais experientes estão no auge. Isso possibilita o intercâmbio entre as gerações.
A nova diretoria do COB definiu como lema a busca por uma “nação esportiva”. A ideia é que, antes de pensar em conquistas olímpicas, é preciso criar políticas públicas para incentivar a prática esportiva no país.
“Não estamos falando somente de crianças. Falamos de um público que goste de esporte, que consuma, que entenda o valor da prática da atividade esportiva para sua saúde e para sua educação”, afirmou Bichara.
Ele será um consultor do comitê até setembro, quando vai se desligar definitivamente do cargo de diretor técnico da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), onde está desde janeiro de 2023. Depois, voltará a ocupar seu antigo cargo na entidade máxima do esporte olímpico brasileiro.
Bichara foi demitido do COB em 2022. Na ocasião, por um plano de reestruturação em seu departamento com o qual não concordou, entrou em rota de colisão com aquele que era o presidente do comitê, Paulo Wanderley.
Wanderley queria dividir a área chamada de “esportes”, deixando Bichara apenas com o treinamento e delegando a área médica para Christian Trajano, então gerente de educação e controle de doping.
“Conceitualmente, para mim, estava errado”, afirmou Bichara. “Aí, fui tomar o meu caminho mesmo tendo 17 anos aqui dentro.”
No jogo político do COB, ele era próximo de La Porta, vice de Wanderley antes de decidir lançar-se em uma chapa de oposição. Mesmo assim, a saída de Bichara causou surpresa no movimento olímpico, com manifestações de apoio de figuras como Bernardinho, Rebeca Andrade, Artur Zanetti e Thiago Braz.
Eles creditam ao dirigente parte do sucesso do Brasil nos Jogos de Tóquio e nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Resultados que também aumentam a cobrança em seu retorno.
“Eu volto com o propósito de fazer, junto com esta diretoria, mais do que o COB sempre fez. Para fazer igual, para mim, a vida estava boa onde eu estava.”
Repórter viajou a convite do COB
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