O perfil de ex-fuzileiro naval, ex-senador e escritor de best-seller marca a biografia do novo vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que foi empossado na última segunda-feira (20), junto ao líder máximo do país, Donald Trump. O republicano de 40 anos teve uma infância marcada por dificuldades, tem fortes convicções contra o aborto e já foi crítico do atual presidente.
Infância
Nascido na cidade de Middletown em 1984, JD teve uma infância marcada pela pobreza e problemas familiares. Em sua biografia, ele narra a luta de sua mãe contra o vício em heroína e o abandono de seu pai aos seis anos, que ele descreve como “o momento mais triste de sua vida”.
Sua principal base de suporte foram seus avós maternos, em especial sua avó “Mamaw”, que o ajudou a superar as principais dificuldades vividas na infância. Após o término do ensino médio, se alistou aos Fuzileiros Navais.
Sua infância está contada no livro “Era uma vez um sonho”, autobiografia número 1 do New York Times e aclamada por jornais como o The Economist e The Wall Street Journal. Em 2020, o livro virou inspiração para o filme homônimo, produzido pela Netflix.
Vida antes da política
JD serviu na Marinha americana por quatro anos, onde também atuou como correspondente de combate (jornalista militar) na guerra do Iraque. Ao deixar o serviço militar, o republicano obteve diplomas de Ciência Política e Filosofia na Universidade Estadual de Ohio. Em seguida, frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Yale, uma das mais importantes do país. Nessa época, Vance conheceu Usha Vance, sua atual esposa, filha de imigrantes indianos. Os dois se casaram em 2014 e têm três filhos: Ewan, Vivek e Mirabel.
Começou a ganhar notoriedade pública após o lançamento de seu livro em 2016. Na obra, ele fala da importância de Ushua em sua vida, a definindo como uma guia espiritual: “entendia questões que eu nem sabia como perguntar e sempre me encorajou a buscar oportunidades que eu nem sabia que existiam”.
Até 2017, Vance trabalhava na Califórnia, na área de biotecnologia, e montou uma agência de capital de risco com o apoio de Peter Thiel, fundador da PayPal.
Críticas a Trump, pedido de desculpa e início da carreira política
JD Vance, hoje braço direito de Trump, não poupava críticas ao presidente. Na campanha de 2016 declarou que não o via “oferecendo muitas soluções” para os Estados Unidos. Em outras declaração alegou que “nunca gostou” de Trump.
Entretanto, no início de sua carreira política, na corrida eleitoral para a disputa do Senado em Ohio, em 2021, Vance fez um pedido de desculpas públicos em entrevista à Fox News: “Fui muito precipitado sobre o fato de ter feito essas críticas, e me arrependo delas, me arrependo de ter errado sobre o cara [Trump]”.
Em meio a “alfinetadas”, Trump prestou apoio a candidatura de Vance. Na época, o mandatário americano chegou a dizer que em um comício que “JD está beijando o meu traseiro, ele quer demais o meu apoio”.
Mesmo com as ressalvas, o apoio veio, Vance se elegeu senador e se tornou uma voz conservadora influente nos corredores do Capitólio.
“Conservador outsider”
Autointitulado conservador outsider, o atual vice-presidente tem fortes posições contra o aborto, incluindo em casos de incesto ou estupro: “dois erros não fazem um acerto”. Para ele, a interrupção da gravidez só deve ser considerada em risco à saúde da mãe. Quando concorreu ao Senado em 2022, o site de sua campanha falava em “banir o aborto”.
Em seu mandato, Vance dedicou boa parte dos seus esforços em cobrar explicações sobre o descarrilamento de uma composição ferroviária em East Palestine, no leste de Ohio, em fevereiro de 2023, que resultou na contaminação do ar, solo e cursos d’água da região com substâncias químicas perigosas.
Após o atentado contra a vida do atual presidente, Vance imediatamente culpou os democratas: “Não foi apenas um incidente isolado. A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser parado a qualquer custo. Essa retórica levou diretamente à tentativa de assassinato do presidente Trump”.
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