Durante muito tempo, usar cinto de segurança no banco de trás parecia exagero. Era visto como coisa de gente neurótica, pouco prática. Hoje, parece impensável entrar num carro sem esse cuidado. Algumas ideias precisam apenas de contexto e informação para que deixem de parecer exageradas ou desnecessárias. Confesso que minha relação com consórcio era parecida.
Sempre pensei: por que pagar para alguém guardar meu dinheiro, se posso investir por conta própria e ainda ganhar juros? Parecia ineficiente. Mas, como acontece com muitas opiniões fortes, ela foi desfeita por um pouco de conhecimento — e talvez uma pitada de humildade.
Dois fatores mudaram minha visão. O primeiro: as taxas de juros atuais. Com a Selic acima de 14%, os financiamentos imobiliários se tornaram impraticáveis. Simulei nas três maiores instituições privadas um financiamento de R$ 1 milhão por 180 meses.
O custo efetivo total (CET) variava de 13,5% + TR a 15,5% + TR. Com a TR atual por volta de 1,7% ao ano, estamos falando de uma taxa real superior a 9% ao ano, descontada a inflação estimada de 5% a 6% ao ano. Para quem pretende comprar um imóvel, essa conta simplesmente não fecha. A prestação mensal deste financiamento ficou na média em R$ 16,7 mil mais a correção da TR. No caso do consórcio, a prestação mensal seria de R$ 6,8 mil com correção pelo INCC. Mesmo se considerarmos apenas a taxa de juros real no caso do financiamento, a fim de tornar a comparação mais equivalente ao consórcio, a prestação ainda seria de R$ 12,8 mil, ou seja, quase o dobro.
O segundo fator foi a descoberta do mercado de cartas contempladas. Com o aumento das taxas de juros, cresceu a demanda por alternativas mais baratas de crédito, como o consórcio. E isso abriu espaço para uma estratégia financeira interessante: contratar uma carta e vendê-la com ágio após a contemplação. Fiz algumas simulações e, nos primeiros cinco anos, o retorno com a venda da carta poderia ser superior a investimentos tradicionais de renda fixa. Em períodos de até 10 anos, o retorno se aproxima ao de aplicações em títulos a IPCA+6,5% ao ano.
Além disso, o consórcio impõe uma disciplina saudável. Ao invés de depender apenas da força de vontade para poupar, ele cria um compromisso contratual, com vencimentos mensais. Isso faz diferença para quem tem planos de longo prazo — como trocar de imóvel ou comprar um imóvel para os filhos —, mas não quer ou não pode se comprometer com os juros salgados de um financiamento.
É claro que o consórcio não é para todos os perfis. Ele exige paciência, estratégia e entendimento do produto. Mas, dentro de um bom planejamento financeiro, pode ser não só uma alternativa eficiente de compra, como uma ferramenta para gerar retorno acima da renda fixa por um período considerável.
Hoje, olho para o consórcio como olho para o cinto de segurança: talvez não pareça essencial em todos os momentos, mas você fica feliz por ter colocado quando as curvas aparecem. Se deseja conhecer mais sobre esta alternativa, se inscreva para assistir a uma palestra gratuita nesta segunda 19:00 horas.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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