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Datafolha: copos meio vazios para governo e oposição – 06/04/2025 – Poder

A nova rodada de resultados do Datafolha resume, por meio de variáveis que apontam para direções opostas, o cenário político brasileiro da segunda metade do governo Lula e sua sucessão. A percepção sobre a economia? Vai mal. O governo? Já esteve pior, mas também já esteve melhor, e seu futuro soa pouco auspicioso junto à população. Na oposição, o nome mais viável eleitoralmente está inviabilizado legalmente.

Após o tombo do início do ano, quando viu sua avaliação positiva restrita a 24% da população adulta do país e sua rejeição subir para níveis inéditos (41%), o governo Lula chega a abril bem visto por uma parcela um pouco maior de brasileiros (29%), e mal avaliado por um contingente bastante próximo de seu pior momento (38%).

Dado o saldo negativo persistente, resta ao atual mandatário saudar o fato de essas curvas não continuarem se abrindo no gráfico que será determinante para demonstrar força na construção de sua coalizão para 2026. Além disso, os índices são suficientes para fazê-lo líder da ainda distante sucessão.

Entre os segmentos que garantiram o avanço na avaliação positiva do governo estão aqueles que no Brasil têm uma renda familiar acima de dois salários mínimos, o que significa estar na metade menos pobre do país. Nesses estratos de renda mais alta, o governo recuperou, em abril, índices de avaliação positivos similares aos que vinha registrando na primeira metade do mandato.

Os brasileiros com renda familiar acima de dois salários costumavam atribuir uma avaliação positiva ao governo mais baixa do que na fatia com renda inferior a essa quantia, o colchão de popularidade de Lula.

Agora, os índices se alinham, uma vez que a visão positiva sobre o governo ficou estagnada justamente entre os mais pobres, após queda de 14 pontos em relação a dezembro. Ou seja, o alívio momentâneo veio de um segmento em geral mais desconfiado da gestão petista, enquanto seu público mais fiel não voltou a lhe atribuir o crédito de costume

Em junho de 2005, após dois anos e seis meses de seu primeiro mandato, Lula também enfrentava um mau momento, quando viu sua avaliação positiva cair dez pontos percentuais em seis meses (de 45% para 35%) e uma forte associação do seu governo à corrupção, com possível relação com o caso Roberto Jefferson/Correios.

Chegou ao final do terceiro ano do primeiro mandato com 28% de avaliação positiva, índice próximo ao que tem hoje. Por outro lado, a sua avaliação negativa nunca passou de 29%, enquanto a parcela dos que avaliavam seu governo de maneira regular variou entre 40% e 45%, de 2003 a 2005.

Hoje, seu maior desafio é econômico. De forma geral, 55% avaliam que a situação econômica do país piorou nos últimos meses, 34% enxergam uma piora também na sua própria situação econômica e, para 36%, a economia do país vai se deteriorar ainda mais nos próximos meses. Desde o segundo semestre de 2022 os brasileiros não se mostravam tão pessimistas.

Pelo lado da oposição, Jair Bolsonaro (PL) ainda é o nome mais forte, com desvantagem mínima em relação ao petista quando se considera a margem de erro do levantamento (30% a 36%), no cenário de primeiro turno.

Inelegível e prestes a enfrentar um julgamento que pode colocá-lo na prisão, o ex-presidente está em paridade com o atual no quesito de rejeição: 44% não votariam em Bolsonaro, e 42% descartam escolher Lula. Apesar das declarações confirmando sua candidatura, a maior parte dos brasileiros avalia que Bolsonaro deveria desistir e apoiar outro candidato, sentimento compartilhado por 30% dos que se consideram bolsonaristas.

O cenário atual se desenha muito mais difícil para Lula do que em maio de 2021, quando liderava com 18 pontos sobre Bolsonaro nas intenções de voto (41% a 23%) e via seu oponente abrir a mesma distância no quesito rejeição (54% a 36%).

Caberá aos outros nomes que de fato poderão disputar o Planalto tirar vantagem da aversão ao petista sem atrair para si a repulsa ao ex-capitão. Para isso, também devem estar atentos à percepção pública sobre as pautas em disputa, como a rejeição existente à anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.

O ato na avenida Paulista para defender o tema, com a presença de Bolsonaro e governadores de sete estados, reuniu, segundo estimativa do Datafolha, cerca de 55 mil pessoas –público significativo, mas bem aquém dos grandes protestos que já passaram pela avenida.

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