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Ditador de Belarus, aliado de Putin, busca sétimo mandato



O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, que está no poder desde 1994, “disputará” a eleição presidencial de fachada deste domingo (26), com uma campanha marcada por medo e falta de uma oposição consolidada.

“Não dançaremos ao som de outra música. Não baixaremos a cabeça (…) Não permitiremos que as botas do invasor pisem em nossa pátria. Podem ter certeza absoluta!”, afirmou ele em um comício eleitoral neste sábado (25).

O ditador russo, Vladimir Putin, desejou felicidades a Lukashenko, um de seus grandes aliados internacionais, uma semana antes das eleições, que Moscou considera “vitais para a estabilidade no espaço pós-soviético”.

Sétimo mandato

Embora nas últimas semanas Lukashenko tenha falado sobre a necessidade de uma mudança geracional – especula-se que ele queira que seu filho Kolia o suceda -, o autocrata decidiu se candidatar à reeleição pela sétima vez.

“Manteremos as coisas mais importantes: a ditadura da ordem, da justiça, da bondade e do respeito pelo homem, especialmente pelo trabalho do homem”, declarou o ditador bielorusso nesta sexta-feira em Minsk, capital do país.

Ninguém duvida, dentro e fora de Belarus, que ele será “reeleito” com uma vitória esmagadora. Muitos bielorrussos – entre 2 e 3 milhões dos quais votaram antecipadamente – concordam em uma coisa: sem Lukashenko, o país já teria sido engolido pela Rússia.

De acordo com as pesquisas oficiais, 82,5% dos bielorrussos planejam votar no autocrata neste domingo.

“Candidatos da KGB”

A farsa eleitoral, como é definida pela oposição no exílio, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, tem outros quatro participantes, sendo que três são simpáticos a Lukashenko, e a quarta, Anna Kanopatskaya, é crítica da gestão do ditador – cujo modelo autoritário se esgotou, segundo ela disse à EFE.

“Não importa. Todos eles são candidatos da KGB. Eles sequer têm as assinaturas necessárias (para viabilizar uma candidatura)”, disse Pavel Latushko, opositor bielorrusso no exílio, à EFE.

A oposição se conforma em pedir votos contra todos os candidatos, uma opção prevista pela legislação eleitoral, e não se espera uma repetição dos grandes protestos de cinco anos atrás.

Para isso, as autoridades proibiram fotos das cédulas e a postagem de imagens em mídias sociais, o que provocou os protestos massivos contra fraudes em agosto de 2020 que quase derrubaram Lukashenko.

“Era uma vacina muito importante que precisávamos. Nós a recebemos, e nossos inimigos devem entender: jamais repetiremos o que aconteceu em 2020”, disse Lukashenko, que lembrou que os bielorrussos “são herdeiros do vitorioso povo soviético”.

Medo impede eleitores de falarem sobre política nas ruas

O medo é sentido nas seções eleitorais e nas ruas de Minsk, onde poucas pessoas querem falar sobre política, ou seja, sobre as eleições e a guerra na Ucrânia.

“Talvez seja por causa do que aconteceu há cinco anos? O medo de represálias”, comentou Sasha, um homem de cerca de 30 anos.

Centenas de milhares de bielorrussos que foram para o exílio há cinco anos não poderão votar, pois as autoridades não instalaram seções eleitorais no exterior.

Observadores ocidentais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) não foram convidados, deixando a avaliação da transparência da votação para deputados amigos, como os russos.

Ocidente

A oposição acredita que Lukashenko não tem chance de normalizar as relações com o Ocidente no período pós-guerra na Ucrânia, pois seu destino e o do chefe do Kremlin, Vladimir Putin, estão intimamente ligados.

De acordo com Latushko, Minsk deve acabar com a repressão, libertar os prisioneiros políticos, parar de apoiar a guerra, facilitar o retorno dos exilados e reabrir os partidos, a mídia e as ONGs que fechou.

“Não acho que ele fará isso. Além disso, Lukashenko nunca deixará o poder por iniciativa própria. Ele só deixará o poder se não puder fazê-lo por motivos de saúde”, declarou.



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