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Eduardo Bolsonaro cogita asilo nos EUA e ataca Moraes – 18/03/2025 – Poder

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse à Folha que avalia entrar com pedido de asilo nos Estados Unidos para conseguir permanecer legalmente no país por mais de três meses.

O parlamentar afirmou que vai apresentar nesta terça-feira (18) a solicitação para tirar uma licença não remunerada durante quatro meses. Disse temer que seu passaporte seja cassado e que sua articulação em busca de sanções a Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), nos EUA seja bloqueada.

“Criaram um monstro, e o monstro agora está sem limites. É um monstro incontrolável o Alexandre de Moraes.”

Eduardo afirmou ter uma reserva de dinheiro para se manter nos EUA e que também contará com a ajuda de amigos. Disse acreditar que sua permanência no país reforça “o estado depreciado das instituições brasileiras” e que isso pode ajudar a pressionar por soluções internacionais.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tem brecado a imigrantes a possibilidade de eles pedirem asilo e aguardar enquanto a corte processa as solicitações. Eduardo, porém, avalia que sua situação será diferente porque ele entrou de maneira legal. “Estou avaliando as opções com o advogado.”

O sr. veio no final de fevereiro para a quarta viagem aos EUA. Já pensava em ficar?

Não. Eu vim passar o Carnaval nos Estados Unidos e voltaria para o Brasil hoje [terça-feira]. Quando eu estava vindo, os deputados do PT mandaram para a PGR [Procuradoria-Geral da República] a representação pedindo o meu passaporte e a prisão preventiva do Paulo Figueiredo [influenciador de direita]. No dia seguinte, o Alexandre de Moraes puxou para ele o processo.

No começo, eu não dei muita importância, mas depois eu percebi, com a demora do PGR em responder, pensei que isso poderia ser um jogo combinado [a Procuradoria se manifestou nesta terça ao STF contra o pedido de apreensão do passaporte]. O PGR pode perfeitamente estar esperando eu retornar ao Brasil para emitir um parecer e aprender o meu passaporte. Eu fiz o vídeo ontem [segunda-feira].

Este é o seu principal receio e motivo para ficar aqui?

Sim, porque aí eu ficaria preso dentro do Brasil, né? E você não tem mais armas dentro do Brasil para lutar contra os arbítrios do Alexandre de Moraes.

O sr. conversou com o seu pai antes, com a sua família?

Conversei com meu pai, claro, e com a minha esposa, Heloísa. Não posso tomar uma decisão dessa sozinho, nós temos dois filhos. Os argumentos que coloquei foram aceitos. Disse que se eu voltar ao Brasil e pegarem o passaporte, esqueça essa articulação nos Estados Unidos porque as reuniões acontecem de forma presencial. E hoje há uma possibilidade real de que o Alexandre Moraes seja sancionado. Dentro do Brasil ninguém consegue colocar freio nele, então isso acabou me levando a considerar que hoje é mais importante o trabalho que faço aqui nos Estados Unidos do que no Brasil.

O sr. chegou a recorrer nessa questão do passaporte?

Não acredito mais numa justiça em que a pessoa que fala que quer me pegar vai me julgar. Sem contar a possibilidade de eu ser preso. Não tem mais limites para o Alexandre de Moraes. Criaram um monstro, e o monstro agora está sem limites. É um monstro incontrolável o Alexandre de Moraes.

O sr. está recebendo críticas por abandonar o mandato, sendo acusado de fugir do Brasil.

Na verdade, o pessoal da oposição, do PT etc, que me acusa disso, são covardes. Estão jogando futebol tendo a ajuda do apito amigo do juiz. E vou ligar o modo Nelson Piquet para eles: “estou cagando para a opinião deles”. Estou preocupado com o meu eleitorado, e o meu eleitorado me entende, apoia integralmente o meu trabalho e a decisão de ficar aqui fora.

Já apresentou o pedido de licença? A ideia é ficar para sempre?

Vou apresentar hoje [terça] o pedido de licença não remunerada de quatro meses, o tipo de licença que os deputados pegam para se candidatar a prefeito normalmente. Depois de quatro meses eu vou ver o que eu vou fazer.

O que o seu pai falou sobre a possibilidade de você ficar? A denúncia dele será analisada pelo STF no dia 25.

Eu expus meus argumentos e ele aceitou a minha decisão. Ainda que você possa considerar pequena a chance de pegarem o passaporte, se anular o meu trabalho aqui nos EUA, você joga só com as regras do jogo dentro do Brasil, no território do Alexandre de Moraes. Aí já era. Eles estão correndo para tentar condenar o Bolsonaro antes da eleição de 2026. A única esperança que a gente tem é a do exterior. Dentro do Brasil, eu já não acredito mais que possa haver justiça nas cortes brasileiras.

Com qual visto o sr. vai permanecer aqui quatro meses?

Estou com um advogado de migração para conversar sobre essa questão. Ele está me recomendando fortemente a entrar com o pedido de asilo. Porque não dá para afastar da possibilidade do Moraes dobrar a aposta e tentar me extraditar ou pedir a minha prisão preventiva aqui fora.

Agora o Trump, na teoria, tem barrado imigrantes de pedirem asilo.

Mas eu entrei legalmente aqui. Estou discutindo as outras opções com o advogado. Tem visto de estudo, tem visto de trabalho, tem uma possibilidade infinita de vistos, de habilidades especiais.

Esse visto de habilidades especiais é defendido pelo Elon Musk, mas é também alvo de uma outra parte dos aliados dele que condenam o excesso de concessões.

É que é uma ferramenta legítima que estava sendo usada para outros fins, estavam colocando todo mundo aqui para dentro. Ele quer é botar um freio de arrumação na casa para voltar ao normal. Porque o asilo tem o seu espaço: existem pessoas que são perseguidas nos seus países por risco de ameaça de morte por narcotraficantes. Nesse contexto cabe o asilo.

Mas pelo menos na fronteira o governo está barrando essa opção mesmo para pessoas nessa situação. O sr. já falou com as pessoas que conhece no governo Trump? O sr. esteve recentemente no Departamento de Estado, né?

Não falei. Não existe nenhum tipo de pedido de quebra-galho, de favor ou de ajuda, sequer indicação de advogado. O advogado é brasileiro que mora há décadas aqui nos Estados.

Como o sr. pretende se manter?

Eu tenho ajuda de amigos, tenho uma pequena reserva na cidade onde morava. Olha como é complicado falar isso para você, né? Se ele souber disso, ele vai querer bloquear. Então, inicialmente, vai ser através disso daí. Com a ajuda do meu pai também, ele se colocou à disposição.

E o sr. vai tentar trabalhar aqui, assim, depois que viabilizar essa questão do visto?

Está tudo sobre a mesa. Estou com o visto B1, B2, de turismo e negócio, que vale 90 dias, mas a gente vai mudar esse status.

Onde o sr. está?

Atualmente eu posso dizer que eu tô no Texas. O vídeo que eu fiz, aquele prédio laranjinha ali atrás, é o Museu do Holocausto de Dallas. É nas proximidades onde o presidente Kennedy foi assassinado também, tomou tiro lá, um lugar emblemático.

O sr. seria o presidente da Comissão de Relações Exteriores. Mais vale realmente estar aqui do que articular como presidente da Relação de Constituições Exteriores no Brasil?

Mais vale estar aqui. Nada me impediria de não perder o passaporte.

Qual vai ser o futuro do pedido de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro? Esse seu movimento pode ter algum efeito sobre esse processo e o do seu pai?

Acho que sim, eu acho que reforça o estado depreciado das instituições brasileiras. Ainda devo confirmar, mas hoje já devo dar uma entrevista na Newsmax. Mas vou também falar com o Matt Gaetz, aquele senador que quase foi o PGR aqui.

O sr. esteve com alguns integrantes da Casa Branca vendo essa possibilidade de sanção ao Alexandre de Moraes. Ela ganhou apoios?

É factível. Obviamente eu não tenho controle nenhum sobre a administração Trump, então não consigo precisar uma data. O que posso dizer é o seguinte: eles estão bem preocupados principalmente por conta de violações de direitos norte-americanos. Quando o Moraes pediu a prisão daquela menina que é cidadã americana e estava tuitando aqui dos Estados Unidos, bem como quando ele impede o Rumble de retornar ao Brasil com total liberdade, porque o Moraes pediu para censurar, bloquear o Allan dos Santos e o Terça Livre. A gente está falando de empresas americanas. Então dá um caldo.

A Câmara pagou suas viagens para cá?

Não.

A oposição também estava levantando a hipótese de alguma empresa estar pagando a sua estadia aqui.

Não, o PL pagou alguma coisa para mim, acho no Cpac (conferência conservadora que ocorreu mês passado).

Esta não?

Não, essa foi turismo, é férias.

E não tem nenhuma empresa aqui que estaria fazendo isso, né?

Não. O Alexandre de Moraes vai se encarregar desse trabalho, mas eu vou adiantar para ele.

RAIO-X | Eduardo Bolsonaro, 40

Deputado federal pelo terceiro mandato consecutivo, é o terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Formado em direito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é escrivão da Polícia Federal. Membro da Comissão de Relações Exteriores, se tornará secretário de Relações Internacionais e Institucionais do PL na próxima semana.

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