domingo , 23 março 2025
| Cidade Manchete
Lar Últimas Em suas mãos, objetos comuns viravam arte – 22/03/2025 – Cotidiano
Últimas

Em suas mãos, objetos comuns viravam arte – 22/03/2025 – Cotidiano


Penúltima dos 11 filhos de um casal de fazendeiros de Sorocaba, no interior de São Paulo, Ednéa Alvarenga não teve uma infância fácil. Perdeu o pai quando tinha apenas quatro anos e pouco tempo depois contraiu tuberculose, o que a obrigou a sair da casa em que morava com a mãe para fazer um tratamento médico no Rio de Janeiro.

Nenhuma dessas dificuldades ou qualquer outra que encontrou pela vida tirou dela a capacidade de viver com delicadeza e tranquilidade. Também tinha o dom de transformar objetos comuns em arte.

“Ela contava pouco sobre a infância. Apesar de ter sido um período difícil, ela foi morar com a irmã mais velha no Rio de Janeiro e acabou descobrindo muita coisa além do que via no interior”, conta Sônia Alvarenga Nogueira, 67, a primeira dos quatro filhos de Ednéa.

A irmã mais de 15 anos mais velha não apenas cuidou de Ednéa, mas mostrou a ela como era a vida na capital fluminense, despertou seu interesse pelas artes e por uma culinária considerada exótica. “Essa minha tia era casada com um americano, então minha mãe pegou gosto por receitas pouco comuns para nós brasileiros. Ela adorava, por exemplo, fazer sopa de tomate.”

Depois de curada da tuberculose, Ednéa voltou para Sorocaba, fez magistério, e logo se casou com Théophilo Roque Alvarenga, amigo de infância. “As famílias eram amigas havia muito tempo, os dois se conheciam desde bebês. As pessoas brincavam que eles nasceram um para o outro”, lembra Sônia.

Casados, Ednéa e o marido, que era médico, se mudaram para Ibirá, na região de São José do Rio Preto, onde tiveram os quatro filhos. Depois foram morar em Botucatu, cidade em que viveram o resto da vida.

Caprichosa e sempre com um olhar atento para as artes, Ednéa aproveitava os passeios com o filho para encontrar matéria-prima para seus artesanatos. “Meu pai gostava muito de passear pela natureza e minha mãe aproveitava esses momentos para recolher folhas, galhos. Tudo depois virava arranjo, arte.”

A pintura em xícaras de cerâmica era o que mais gostava, tinha uma coleção delas em casa.

Muito atenciosa e amorosa com os netos, ela também criou uma sobremesa que poderia ser considerada uma peça de arte: a espumone. “Era uma espécie de sorvete em camadas, com caramelo, chocolate e creme de baunilha. Quando virava o prato para servir, a sobremesa escorria como uma espuma. Os netos adoravam, era uma tradição da família.”

Muito próxima do marido, Ednéa entristeceu após sua morte em 2013. Há cerca de quatro anos, ela começou a apresentar sintomas de demência e foi morar com a filha mais velha em Bauru.

No último dia 18 de fevereiro, aos 92 anos, Ednéa morreu enquanto dormia. Ela deixa os quatro filhos, Sônia, Selma, Marcos e Silvia, cinco netos e quatro bisnetos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Últimas

Nunes vê ‘campanha rasa’ da Uber por app de moto – 23/03/2025 – Painel

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), criticou neste domingo (23)...

Últimas

Quem é Deva, filha de Vincent Cassel e Monica Bellucci – 23/03/2025 – Estilo

Rio de Janeiro Passada a euforia inicial, os paparazzi que se espalham...

Últimas

Gaza: Hamas diz que mortos ultrapassam 50 mil – 23/03/2025 – Mundo

Explosões e bombardeios atingiram o norte, centro e sul da Faixa de...

Últimas

‘Adolescência’: Crise nas escolas exige medida radical – 23/03/2025 – Cotidiano

Uma das séries mais comentadas dos últimos anos, o impactante drama ‘“Adolescência“,...