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Emissões de carbono dos EUA caíram 0,2% em 2024 – 09/01/2025 – Ambiente


As emissões de gases de efeito estufa nos Estados Unidos, o segundo país mais poluente do mundo (atrás apenas da China), caíram apenas 0,2% em 2024 em relação ao ano anterior, muito aquém de suas metas climáticas, de acordo com um relatório independente divulgado nesta quinta-feira (9).

Após uma queda estimada de 3,3% em 2023, o declínio das emissões dos EUA praticamente estagnou, de acordo com essa estimativa preliminar do centro de pesquisa Rhodium Group, de Nova York.

A projeção mostra os Estados Unidos distante de seus compromissos, mesmo antes de o presidente eleito Donald Trump, um grande defensor dos combustíveis fósseis, assumir o cargo, em 20 de janeiro.

Pelas metas apresentadas no âmbito do Acordo de Paris, Washington se comprometeu a reduzir pela metade suas emissões até 2030em relação aos níveis de 2005 e a alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Essa perspectiva está agora ameaçada pelo ritmo lento das mudanças observadas, afirmam os pesquisadores do Rhodium Group.

Para cumprir o compromisso, os Estados Unidos terão de “manter uma ambiciosa redução anual de 7,6% em suas emissões de 2025 a 2030”, estimam eles.

Esse é “um nível que os Estados Unidos nunca experimentaram na história recente fora de uma recessão”, como durante a pandemia de Covid-19, alertam os pesquisadores.

De acordo com seus cálculos, “o modesto declínio em 2024” deveu-se principalmente à desaceleração da atividade industrial, causada em particular por greves e desastres naturais como o furacão Helene.

No entanto, o efeito dessa desaceleração foi compensado por um aumento no uso de transportes e na demanda de eletricidade, associado ao aumento do uso de ar-condicionado em um ano de calor recorde.

De modo geral, de acordo com o relatório, as emissões acumuladas ainda são menores do que antes da pandemia, cerca de -20% abaixo dos níveis de 2005, o ano de referência.

‘Decepcionante’

Esse resultado, registrado durante a presidência do democrata Joe Biden, é decepcionante, disse Rachel Cleetus, da ONG americana Union of Concerned Scientists. Outros especialistas entrevistados pela AFP se mostraram mais divididos.

Os planos ambiciosos apresentados pelo presidente que está deixando o cargo, em particular seus grandes investimentos na transição energética, “acelerarão o ritmo das reduções de emissões nos próximos anos”, dizem os pesquisadores do Rhodium Group.

Os números também mostram uma contínua “desconexão entre o crescimento econômico e as emissões de gases de efeito estufa”, diz Ben King, coautor do estudo.

“Se você observasse as curvas de 10 a 15 anos atrás, veria que quando a economia crescia, as emissões aumentavam (…) e quando ela se contraía, as emissões diminuíam”, o que parece não ser o caso agora, disse ele à AFP.

Os Estados Unidos, a principal economia do mundo, pretendem fazer a transição priorizando seu crescimento econômico, portanto esse desenvolvimento é “desejável”, avalia Michael Mann, professor de ciências ambientais da Universidade da Pensilvânia.

Outra boa notícia, segundo o relatório, é que, “pela primeira vez, a produção combinada de energia solar e eólica ultrapassou a do carvão”.

Incertezas

No entanto, essas previsões são baseadas em projeções e podem estar sujeitas a alterações. Por exemplo, o Rhodium Group revisou recentemente a queda nas emissões em 2023 para -3,3%, em comparação com uma estimativa inicial de -1,9%.

Quanto às suas previsões de longo prazo, elas dependerão em grande parte das políticas que Trump decidir implementar.

Os especialistas esperam que o magnata republicano, um notório cético em relação às mudanças climáticas, desfaça no longo prazo uma série de regulamentações e medidas adotadas por seu antecessor com o objetivo de reduzir as emissões poluentes.

Nesse cenário, o Rhodium Group prevê que o declínio nas emissões de gases de efeito estufa no país, o maior produtor mundial de petróleo e gás, seria de apenas -24% a -40% em 2035, em comparação com os -61% a -66% esperados atualmente.

Trump também poderia desrespeitar esse roteiro climático retirando-se do Acordo de Paris, repetindo o que fez durante seu primeiro mandato (2017-2021) —uma perspectiva preocupante, uma vez que outros grandes atores econômicos e industriais também estão se atrasando em seus compromissos.



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