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Enem dos Concursos: aos 67 anos, aposentado é aprovado – 24/03/2025 – Mercado


Aposentado há 12 anos, o ex-funcionário da Eletrobras Ricardo Cunha, 67, voltará a trabalhar após ser aprovado em primeiro lugar para analista de comércio exterior no CNU (Concurso Público Nacional Unificado). Com um horizonte de sete anos no cargo até ser obrigado a se aposentar, ele torce para criar vínculos com os outros colegas e aprender o máximo que puder.

Ricardo decidiu voltar ao trabalho em busca de complementação de renda. Para ele, que tinha receio de sofrer etarismo em processos seletivos, as chances de ser aprovado no setor público eram maiores do que as de conseguir um emprego no mercado privado. Mas, até passar em um concurso, chegou a duvidar de sua capacidade.

“Para quem passou dos 60 anos, é complicado [ser contratado], independentemente da formação ou da experiência”, afirma. “Nos concursos, tinha uma concorrência grande, uma garotada muito estudiosa, que sai da faculdade já pensando em ser servidor. Pensei em desistir.”

Começou a estudar em 2018, assistindo a vídeos no YouTube e, em 2020, assinou um curso preparatório. Tentou alguns certames desde então, porém sem sucesso. Quando foi aprovado no CNU, sentiu-se recompensado pelo esforço de anos. Como analista de comércio exterior, vai receber um salário de R$ 20.924,80.

Ele diz que, desde cedo, se acostumou com adversidades da vida. Aos 15 anos, perdeu os pais e uma irmã em um acidente de carro.

“A gente nunca supera esse trauma. A alegria de ter passado em um concurso é algo que eu gostaria de ter dividido com meus pais. Mas não fui o primeiro nem serei o último a passar por algo assim.”

Entrou no mercado de trabalho aos 18 anos, depois de se formar como técnico em eletricista no ensino médio. Conciliava a vida profissional com a faculdade de engenharia elétrica, que, de acordo com ele, era um sonho de infância.

Depois de algumas experiências no mercado privado, entrou na Eletrobras em 1985, antes da obrigatoriedade de concurso. Ficou lá por 30 anos, no centro de pesquisas da empresa. Enquanto atuava na antiga estatal, cursou direito.

Saiu aposentado da empresa em 2013 e, no ano seguinte, decidiu abrir um escritório de arquitetura com a então esposa, como forma de complementar a renda. Mas o cenário econômico do período acabou afetando os negócios negativamente, de acordo com Ricardo, o que o fez desistir do empreendimento. Foi aí que decidiu se dedicar aos concursos públicos.

Tentou diferentes cargos, inclusive no Tribunal de Contas e na Controladoria-Geral da União. Não quis fazer prova para voltar a atuar como engenheiro porque, no geral, considerava que os salários eram baixos.

Estudava em cursos à distância, que, para ele, eram vantajosos devido ao custo reduzido. Por outro lado, não tinha ideia de quem seriam os outros concurseiros.

A rotina de preparação para o Enem dos Concursos variava. No geral, dedicava-se quatro horas por dia, contudo, dependendo do conteúdo e da motivação, estudava mais ou menos do que isso.

Foi só no dia da prova que ele percebeu a diversidade dos concorrentes: havia muitos com mais de 60 anos, segundo Ricardo. No entanto, só 33 pessoas nessa faixa etária passaram na prova, o que corresponde a 0,5% dos 6.716 aprovados –o segundo menor grupo etário, à frente apenas dos jovens entre 17 e 20 anos, de acordo com dados do Ministério da Gestão divulgados no início de fevereiro.

“O CNU é uma iniciativa que veio para ficar, que é inclusiva. Eu mesmo, que sofro de etarismo, acabei me beneficiando.”

Prestes a iniciar o curso de formação da carreira, Ricardo vai sair do Rio de Janeiro, onde vive, para morar em Brasília. Ele espera que o trabalho seja presencial, para interagir com outros colegas. O engenheiro vai concluir o curso com 68 anos e terá de se aposentar, novamente, aos 75 anos, conforme determina a lei para o funcionalismo.

“Eu me sinto ainda saudável, em condições de enfrentar o mercado de trabalho”, afirma. “Quando você se aposenta, a vida fica estéril. Prefiro voltar a trabalhar. A sexta-feira e os fins de semana vão ter outro sabor.”

Esta é a quarta reportagem de uma série sobre os aprovados no CNU, uma parceria entre a Folha e o Instituto República.org, voltado à gestão de pessoas no setor público. A série aborda a trajetória pessoal, profissional e a dedicação aos estudos de alguns dos futuros servidores classificados no maior concurso público da história.



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