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EUA: Pacientes com sarampo seguem tratamentos sem eficácia – 16/03/2025 – Equilíbrio e Saúde


Lutando para conter uma epidemia de sarampo no oeste do Texas, autoridades de saúde pública dos Estados Unidos estão cada vez mais preocupadas que moradores estejam confiando em remédios não comprovados endossados pelo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., e adiando visitas ao médico até que a doença tenha piorado.

Hospitais e autoridades soaram o alarme na semana passada, emitindo um aviso explicando quais sintomas de sarampo exigiam atenção médica imediata e destacando a importância do tratamento oportuno.

“Estou preocupada porque temos crianças e pais que estão tomando todos esses outros medicamentos e depois atrasando o cuidado”, diz Katherine Wells, diretora de saúde pública em Lubbock, Texas, onde muitas das crianças mais doentes neste surto foram hospitalizadas.

Algumas crianças gravemente doentes receberam remédios alternativos, como óleo de fígado de bacalhau, acrescentou. “Se elas estão tão, tão doentes e com baixos níveis de oxigênio, deveriam ter estado no hospital um ou dois dias antes”, acrescenta ela.

O surto crescente se espalhou para quase 260 pessoas no Texas. Até agora, 34 pacientes foram hospitalizados e uma criança morreu. Nos condados vizinhos do Novo México, o vírus adoeceu 35 pessoas e hospitalizou duas. Dois casos em Oklahoma também foram ligados ao surto.

As autoridades de saúde do Texas dizem acreditar que o número real de casos é muito maior. No total, houve 301 casos de sarampo nos Estados Unidos neste ano, o maior número desde 2019, informou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) nesta sexta-feira (14).

Em suas primeiras declarações públicas sobre o surto, Kennedy enfrentou uma intensa reação por minimizar a situação, dizendo que não era “incomum” e alegando falsamente que muitas pessoas hospitalizadas estavam lá “principalmente para quarentena”.

Nas semanas seguintes, Kennedy alterou sua abordagem, oferecendo uma recomendação moderada de vacinas para pessoas no oeste do Texas, enquanto também promovia tratamentos não comprovados como óleo de fígado de bacalhau, que contém vitamina A, e exaltava recuperações “quase milagrosas e instantâneas” com esteroides ou antibióticos.

Não existe cura para o sarampo, apenas medicamentos para ajudar a controlar os sintomas. A vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir a infecção.

Embora os médicos às vezes administrem altas doses de vitamina A em um hospital para ajudar a controlar casos graves de sarampo, não há evidências de que suplementos sejam eficazes para tratar ou prevenir o sarampo.

Especialistas também observaram que antibióticos, que combatem infecções bacterianas, podem ser usados para tratar infecções secundárias, mas não interrompem o sarampo em si, que é um vírus.

No Condado de Gaines, Texas, o epicentro do surto de sarampo, a medicina alternativa sempre foi popular. Muitos na grande comunidade da área, onde a maioria dos casos de sarampo foi concentrada, evitam interagir com o sistema médico e mantêm uma longa tradição de remédios naturais.

Nas últimas semanas, farmácias no oeste do Texas têm lutado para manter frascos de pílulas de vitamina A e suplementos de óleo de fígado de bacalhau em suas prateleiras.

E na semana passada médicos do Seminole Memorial Hospital, no centro do Condado de Gaines, notaram que o número de pacientes que chegavam com sintomas de sarampo caiu repentinamente. Aqueles que apareciam estavam mais doentes do que os pacientes vistos nas semanas anteriores.

Mesmo enquanto os casos na comunidade aumentavam, Leila Myrick, médica do hospital, disse que realizou metade do número de testes de sarampo, em comparação com os da semana anterior.

Ela estava preocupada que seus pacientes estivessem indo a menos de um quilômetro do hospital para uma clínica improvisada, onde um médico de uma cidade vizinha estava distribuindo remédios alternativos, como óleo de fígado de bacalhau e vitamina C.

O médico Ben Edwards é bem conhecido na área por produzir podcasts que frequentemente discutem os perigos das vacinas e por sua clínica de bem-estar em Lubbock, que rejeita princípios centrais da medicina, como a ideia de que germes causam certas doenças.

Em uma entrevista à Fox News, Kennedy disse que havia falado com Edwards (a quem erroneamente chamou de Ed Benjamin) e aprendido “o que está funcionando no local”.

Em um email transmitido por um funcionário, Edwards confirmou que havia conversado com Kennedy por cerca de 15 minutos em uma ligação que descreveu como uma “coleta de informações”. Edwards recusou-se a falar diretamente com o The New York Times.

Nos dias seguintes, centenas de pessoas estiveram na clínica improvisada de Edwards, atrás de uma loja local de alimentos saudáveis, diz Tina Siemens, que ajudou a organizar o evento.

Siemens disse que pessoas buscando tratamento para infecções ativas de sarampo e aquelas que esperavam prevenir uma estavam presentes.

Para obter suplementos suficientes para a clínica, Edwards recrutou um de seus pacientes, um piloto, para voar até Scottsdale, Arizona, e pegar quase mil frascos de suplementos de vitamina C e óleo de fígado de bacalhau, tanto na forma de bebida com sabor de limão quanto em cápsulas moles sem sabor, disse um proprietário da empresa de suplementos, Patrick Sullivan.

Os tratamentos eram gratuitos, afirma Siemens. Membros da Children’s Health Defense, uma organização sem fins lucrativos antivacina que Kennedy ajudou a fundar antes de se tornar secretário de saúde, criaram uma página de doações online que arrecadou mais de US$ 16 mil para ajudar a cobrir o custo de “vitaminas essenciais, suplementos e medicamentos”.

Os sintomas do sarampo muitas vezes se resolvem sozinhos dentro de algumas semanas. Mas, em casos raros, o vírus pode causar pneumonia, dificultando para os pacientes, especialmente crianças, obter oxigênio nos pulmões. Também pode haver inchaço cerebral, que pode causar problemas duradouros, como cegueira, surdez e deficiências intelectuais. Ambas as complicações podem ser fatais.

Durante o atual surto, crianças hospitalizadas com pneumonia tiveram que ser intubadas, diz Wells. Nessas circunstâncias, o cuidado oportuno pode significar a diferença entre a vida e a morte.

Remédios não comprovados há décadas tornam os surtos de sarampo mais mortais, afirma Patsy Stinchfield, ex-presidente da Fundação Nacional para Doenças Infecciosas.

Ela trabalhou como enfermeira praticante em um hospital em Minnesota durante um surto de sarampo em 1989 que matou várias crianças. Duas delas chegaram ao seu hospital em estado crítico depois que seus pais as trataram em casa com terapias de cura tradicionais.

“Eles mantêm seus filhos em casa por muito tempo e tentam esses remédios caseiros”, diz ela. “Eles foram direto da emergência para a unidade de terapia intensiva e morreram.”



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