A jornalista Hildegard Angel, filha de Zuzu Angel, acompanhou nesta terça-feira (25) toda o dia de sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) que pode tornar o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) por liderar a trama golpista de 2022. Foi a primeira vez que os dois estiveram no mesmo ambiente.
“A história está nos dando a oportunidade de ver como o Judiciário, como o Estado deve enfrentar uma trama de um golpe do Estado, que poderia nos colocar de novo num período de ditadura. O último durou 21 anos. 21 anos de ditadura”, disse.
A morte da estlista Zuzu Angel numa batida de carro armada pela ditadura militar completa 50 anos em abril do ano que vem.
“Esse plano terrível, maléfico, de produzir uma nova ditadura militar no Brasil, iria nos condenar a quantas décadas mais? Então eu achei importante eu vir para marcar uma posição, porque não é possível que esse país volta e meia concilia, perdoa, faz acordos, conchavos, faça pano. Isso não pode ocorrer”, afirmou à Folha na saída da primeira parte da sessão.
Além de Hildegard Angel, Ivo Herzog e Paulo Vannuchi também acompanharam o julgamento, como mostra a coluna da jornalista Mônica Bergamo. Ex-preso político e ex-ministro de Direitos Humanos de Lula (PT), Vannuchi teve seu primo preso e assassinado na ditadura. Ivo é filho do jornalista Vladimir Herzog.
Nesta etapa, a corte ouviu os advogados dos oito denunciados cuja acusação começou a ser analisada. Hildegard comentou o fato de as defesas negarem a participação dos clientes no planejamento para manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República em 2023.
“Todos realçando pontos diversos, mas quase todos disseram a mesma coisa, que nada houve, que nós vivíamos num universo paralelo quando achávamos que houve uma tentativa de golpe, que houve invasão, que houve quebra-quebra, que houve bombas encontradas no aeroporto, próximo ao aeroporto. Enfim, como se tudo não passasse de uma ficção. E, agora, a versão deles, o mundo paralelo deles é que deve prevalecer. Nós não estamos mais com fôlego para aguentar um novo golpe no Brasil”, disse.
Zuzu passou anos em busca do filho primogênito, o militante Stuart, que ela sabia que tinha sido morto por militares nos anos de chumbo e cujo corpo reivindicou numa carta endereçada ao próprio presidente Ernesto Geisel.
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