O rabino-chefe de Orleans, na França, foi agredido na noite de sábado (22) enquanto caminhava pelo centro da cidade com seu filho, num ataque classificado por autoridades francesas como de caráter antissemita.
De acordo com a rede France 24, o responsável por atacar Arié Engelberg foi preso e transferido para uma instituição psiquiátrica. Ele proferiu insultos antissemitas antes de agredir fisicamente o rabino com socos. O agressor teria também mordido Engelberg no ombro.
O episódio gerou reação das autoridades da França, país com a terceira maior população de judeus no mundo e que tem registrado casos recentes de antissemitismo.
“O ataque contra o rabino Arié Engelberg em Orleans nos choca a todos. Ofereço a ele, a seu filho e a todos os nossos cidadãos da fé judaica o meu total apoio e o apoio da nação. Não vamos ceder ao silêncio ou à inação”, escreveu o presidente da França, Emmanuel Macron, em uma mensagem no X.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, disse por sua vez que a França não pode virar palco de tensões do estrangeiro que alimentam violência e antissemitismo.
Ainda segundo a France 24, Engelberg não se feriu seriamente, mas ficou abalado com o ataque.
A principal organização judaica na França afirma que incidentes antissemitas tiveram um pico no país após o início da guerra na Faixa de Gaza.
Os números mais atuais usados pela organização dão conta de 1.570 episódios antissemitas em 2024, numa leve queda em relação ao ano anterior —mas ainda acima do índice monitorado antes da guerra em Gaza.
Esquerda radical é criticada por cartaz considerado antissemita
Cerca de 91 mil pessoas protestaram neste sábado em várias cidades francesas, segundo o Ministério do Interior, contra o racismo e a extrema direita.
As manifestações ocorreram em um contexto de guinada para a direita da política francesa, após o governo Macron prometer endurecer políticas migratórias e o controle nas fronteiras.
Em Paris, mais de 21 mil pessoas foram às ruas, segundo o Ministério do Interior. “A extrema direita cresce em toda a Europa. Dá medo, porque, na França, vemos que os ideais da extrema direita são cada vez mais comuns, inclusive entre os ministros deste governo”, disse a aposentada Evelyne Dourille, 74.
A França Insubmissa, partido da esquerda radical liderado por Jean-Luc Mélenchon e uma das legendas à frente dos protestos, foi criticada e acusada de antissemitismo durante a semana em razão de um cartaz de convocação para os atos.
Em um deles, o apresentador Cyril Hanouna, judeu de origem tunisiana e próximo da ultradireita francesa, é caricaturado com traços sombrios —que os críticos do partido afirmam fazer referência a cartazes antissemitas veiculados durante a era nazista na Europa. A imagem teria sido gerada por inteligência artificial.
O cartaz foi retirado do ar pela legenda, e alguns de seus integrantes, como o parlamentar Paul Vannier, chamaram a veiculação da mensagem de erro.
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