O Google, da Alphabet, entrou na corrida dos óculos ao fazer uma parceria com a Xreal para desenvolver os primeiros óculos a rodar uma versão de realidade aumentada do seu sistema operacional.
Na conferência Google I/O de programadores, realizada nesta terça-feira em Mount View, na Califórnia, o gigante de buscas e a fabricante chinesa de óculos inteligentes apresentaram aos desenvolvedores o que chamam de Project Aura, o primeiro par de óculos que rodará o Android XR.
O novo sistema operacional foi anunciado em dezembro com o objetivo de replicar a experiência do Android em uma variedade de dispositivos. Isso inclui headsets de realidade mista fechados; óculos com realidade aumentada (AR); e óculos com câmeras, mas sem capacidade de exibir conteúdo.
Na época, o Google e a Samsung apresentaram um protótipo de headset conhecido como Project Moohan.
Além dos óculos da Xreal, o Google também informou que está trabalhando com a Samsung no desenvolvimento de óculos e lançará uma plataforma de hardware de referência para o dispositivo ainda este ano. Esse desenvolvimento confirma uma reportagem anterior da Bloomberg News.
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O Google também está desenvolvendo óculos sem realidade aumentada em parceria com as marcas Gentle Monster e Warby Parker. O anúncio fez as ações da Warby Parker subirem até 26%, sua maior alta intradiária desde 2022.
Em entrevista, o cofundador e CEO da Xreal, Chi Xu, disse que o dispositivo da Samsung é a resposta do Google ao Vision Pro da Apple, enquanto os óculos Android XR de sua empresa pretendem competir com os óculos de realidade aumentada que a Meta está desenvolvendo.
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No ano passado, a Meta apresentou protótipos de óculos com o codinome “Orion” e planeja lançar uma versão para o consumidor chamada “Artemis” até 2027, segundo a Bloomberg News. Enquanto isso, lançará este ano uma versão atualizada dos óculos inteligentes com uma pequena tela, como um passo em direção à realidade aumentada completa.
Os óculos Aura devem ser lançados para o público entre o final deste ano e o início do próximo, segundo Xu. A Samsung e a Meta ainda não anunciaram os preços de seus dispositivos, mas devem custar vários milhares de dólares. O Project Aura deve ser consideravelmente mais barato, disse Xu. Os óculos AR atuais da empresa, que se conectam a um telefone por cabo, variam entre US$ 200 e US$ 600 (entre R$ 1.100 e R$ 1.400).
Separadamente, a Meta teve sucesso com a venda de óculos inteligentes sem AR em parceria com a Ray-Ban. Uma versão com tela embutida deve custar entre US$ 1.000 e US$ 1.400 (R$ 5. 600 e R$ 7.900) quando for lançada ainda este ano.
“Podemos facilmente criar um hardware mais avançado e acessível que o Orion”, disse Xu. “Isso é algo em que somos muito bons. O que nos falta é conteúdo.”
O Project Aura será “um dispositivo leve e com visualização óptica transparente, que dará aos usuários acesso aos seus aplicativos Android favoritos”, disse Shahram Izadi, gerente geral e vice-presidente de XR no Google, acrescentando que ele será disponibilizado primeiro para desenvolvedores, para que “possam começar a criar experiências sobrepostas ao mundo real com as ferramentas que já usam para criar apps Android”.
Assim como o protótipo Orion da Meta, os óculos Android XR da Xreal serão alimentados por um dispositivo separado (puck) que abriga o processador principal, fabricado pela Qualcomm. Haverá outro chip dentro da unidade principal dos óculos para tarefas que exigem baixa latência, como o processamento de imagens.
Xu disse que a visão de longo prazo é transferir essa carga de processamento para um telefone conectado. Mas, por enquanto, o “puck” cumpre uma prioridade importante dos fabricantes de dispositivos AR: tornar seus produtos o mais leves e baratos possível.
O Android XR é fundamental para o futuro do Google, que busca novas apostas para expandir seu negócio de Android além dos smartphones. A empresa também já expandiu seus sistemas operacionais para TVs, carros e dispositivos de casa inteligente, com planos de adaptar a tecnologia subjacente também para robôs.
O Google está atrasado no mercado de realidade mista — que combina realidade aumentada com realidade virtual — mas uma demonstração do protótipo Moohan, feita em parceria com a Samsung no ano passado, mostrou potencial.
O Google está adotando a mesma abordagem que usou anteriormente com os celulares, optando por parcerias com marcas de hardware em vez de começar com dispositivos próprios. Em uma estratégia semelhante à parceria com a Samsung, o Google fornece o sistema operacional de AR, enquanto a Xreal desenvolve o hardware dos óculos Aura de forma independente.
A Apple, por outro lado, manteve sua abordagem tradicional e desenvolveu tanto o headset Vision Pro quanto o sistema operacional visionOS. A Apple está trabalhando para lançar seus próprios óculos de realidade aumentada no futuro.
Também planeja lançar por volta de 2027 um produto intermediário que competirá com os óculos inteligentes da Meta (como os Ray-Ban, sem tela), segundo a Bloomberg. A Samsung também está desenvolvendo seus próprios óculos.
“Se você olhar para o iPhone, quando foi lançado, ele tinha o melhor hardware e um sistema operacional deslumbrante”, disse Xu, acrescentando que acredita que os primeiros usuários usarão os óculos tanto para entretenimento quanto para produtividade.
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