“O mundo precisa saber que nem todos em Gaza são do Hamas, queremos viver em paz, não queremos nada mais”, pediu Fatmeh Wahid, 37, moradora de Al-Nuseirat e mãe de três filhos, durante os protestos que aconteceram durante a semana em Gaza. Foi a maior manifestação desde 2019, em que milhares de moradores foram às ruas para protestar contra o Hamas. “Não deveria ser apenas em Beit Lahiya ou no norte, todos em Gaza deveriam ir contra o Hamas e a guerra, estamos fartos.”
Corta. Estados Unidos da América.
“Glory to the martyrs” (glória aos mártires), “globalize the intifada” (globalizem a Intifada), “from the River to the sea” (do rio ao mar), “Al-Qassam, we’re with you” (Al-Qassam, estamos com você), todos slogans antissemitas, gritam estudantes de universidades americanas que apoiam o grupo terrorista, sob o pretexto de estarem “defendendo” o direito dos palestinos.
Wahid e os manifestantes que saíram às ruas foram corajosos, mostraram suas caras e arriscaram suas vidas. Revoltados com a opressão, pediram a saída do Hamas e a libertação dos reféns mantidos em cativeiro por mais de 500 dias, para que a guerra tenha um fim. O desejo: a paz.
Os universitários que protestam nos campi e outros ativistas de sofá se escondem por trás de máscaras e depois voltam para a segurança de suas casas sólidas, com a sensação de dever cumprido. O verdadeiro desejo: eliminar o Estado judeu.
“Venham viver o inferno que estamos enfrentando —aí sim vocês podem falar”, disse um dos revoltosos em Gaza. “Fora, fora, fora, Hamas, saia”, entoava uma multidão composta principalmente por homens jovens, alguns agitando bandeiras brancas. Com uma coragem admirável, clamavam “abaixo o Hamas”, “nós rejeitamos o governo do Hamas”.
O canal Al-Jazeera, do Qatar, minimizou a revolta. Apesar disso, vídeos e imagens rodaram o mundo e mostraram palestinos gritando palavras de ordem. Eles arriscam suas vidas. São essas as vozes que deveriam ser amplificadas. Mas o mundo parece não querer ouvir.
O jornalista Hamza al-Masri, uma das principais fontes de vídeos dos protestos e voz ativa contra o regime em Gaza, recebeu ameaças de morte a ponto de publicar um vídeo que soa como uma despedida.
“Estou muito feliz por ter ajudado a transmitir a verdadeira voz do povo. Por 18 anos, Gaza fui proibido de falar, e finalmente você vê Gaza falando, sem nenhuma máscara. Esta é uma vitória, e estou feliz. Eu faria de novo”, disse Masri.
Os estudantes das universidades, que nunca pisaram em Gaza e não têm ideia da opressão que seus moradores sofrem, deveriam aprender com eles e reconhecer que o Hamas não é a solução, e sim o problema: iniciou essa guerra sem se importar com a população, mesmo sabendo que uma resposta israelense brutal se seguiria. Enquanto seus líderes estavam protegidos no Catar, civis foram usados como escudo e entradas de túneis foram instaladas em escolas, mesquitas e hospitais.
Sim, os moradores de Gaza elegeram o Hamas em 2006 —que desde então mantém o poder sem permitir novas eleições. Muitos comemoraram o massacre de 7 de outubro, e uma grande parte provavelmente despreza a existência de Israel, depois de gerações de doutrinação no ódio aos judeus, que acabou poluindo as partes mais civilizadas do mundo.
As manifestações na Faixa de Gaza contra o Hamas são um sinal raro, minúsculo, uma frestinha de esperança. A paz deve ser a única opção. Deve acontecer pela vontade da população e não dos políticos, de ambos os lados, que impõem ideologias e perpetuam as guerras sem se importar com seus próprios povos.
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