Foi dramático. Exatamente como se esperava que fosse. Nesta quinta-feira (27), o Corinthians conquistou o Campeonato Paulista pela 31ª vez em sua história após superar o Palmeiras nos dois jogos decisivos do torneio e ampliou sua hegemonia como o maior campeão do estadual.
Depois de ganhar na casa do rival, por 1 a 0, o time alvinegro segurou um heroico empate sem gols após o goleiro Hugo defender um pênalti de Raphael Veiga, já no segundo tempo. Além disso, jogou por mais de 30 minutos com um menos, após a expulsão do zagueiro Félix Torres, pelo segundo cartão amarelo.
O zagueiro corintiano deixou o gramado aos 30 do segundo tempo, mas as partida teve intermináveis minutos de acréscimos —chegou a 116 minutos no cronômetro, que soma as duas etapas—, arrastados não só pelas desavenças dos atletas em campo, como pelo uso dos sinalizadores por parte da torcida do Corinthians. No final, tudo foi motivo de festa.
Derrotar o maior rival na decisão significou ainda sair de um incômodo jejum de títulos. O último troféu do clube do Parque São Jorge havia sido conquistado em 2019, quando venceu justamente o Paulista.
Era o maior tempo do Corinthians na fila desde o maior jejum de sua história, quando ficou 23 anos sem ser campeão e encerrou a série com o Paulista de 1977.
Teve, ainda, um sabor especial, por impedir o maior rival de se tornar o primeiro tetracampeão da era moderna do torneio. Campeão em 2022, 2023 e 2024, a equipe de Abel Ferreira não conseguiu desta vez a virada que buscou nas últimas três edições.
Desta vez, seria mais difícil. Afinal, como o Corinthians teve a melhor campanha da primeira fase, teve a vantagem de fazer o segundo jogo diante de sua torcida.
Foi um duelo tenso. Faltas, empurrões, reclamações e pouco futebol marcaram os primeiros 45 minutos. A primeira finalização com real perigo saiu apenas aos 27 minutos, quando Rodrigo Garro invadiu a grande área e acertou a trave de Weverton.
Parecia que as duas equipes estavam com mais medo de cometer um erro comprometedor, do que buscar um jogada diferente para furar as defesas adversárias.
O panorama era melhor para os donos da casa, que conquistaram a vantagem de jogar pelo empate. Para o Palmeiras, o relógio logo passou a ser um rival a mais. A cada minuto, o time tinha menos tempo em sua tentativa de reverter o placar.
No segundo tempo, o cenário não mudou muito, embora o Palmeiras tenha rondado mais o ataque. Tanto que conseguiu descolar o pênalti, aos 22 minutos. Depois de muita reclamação, a cobrança foi feita quase seis minutos depois, defendida por Hugo Souza.
Foi o sétimo pênalti defendido pelo goleiro corintiano em 20 cobranças contra sua meta. Uma média de 35% de efetividade nas defesas. Nesta edição do Paulista, ele já havia parado um palmeirense. Na fase de grupos, ele defendeu uma cobrança de Estêvão e ajudou a segurar o empate por 1 a 1.
Contratado em 2024, o dono da meta alvinegra vai se consolidando como um decisivo pegados de pênaltis e suprindo uma carência que o Corinthians temia com a saída de Cássio, apelidado como “Gigante”, sobretudo, pelas penalidades defendidas. Hugo vai seguindo o mesmo caminho.
A defesa mais recente foi fundamental para a revanche corintiana. Além do 31º troféu paulista de sua história, ao impedir o tetra do rival, o Corinthians obteve uma espécie de vingança. Há cinco anos, o clube teve a chance de se tornar o primeiro tetracampeão do estado, mas acabou impedido justamente pelo Palmeiras, vencedor da edição de 2020.
O clube do Parque São Jorge vinha, na época, de conquistas em 2019, 2018 e 2017 e esteve perto de igualar um feito que só o Paulistano, ainda antes da era moderna, conseguiu alcançar.
Foi a segunda vez que os corintianos tiveram esse gostinho. Em 2013, a formação corintiana impediu o Santos, então liderado por Neymar, de alcançar o feito. Ainda embalado pelas conquistas do Mundial e da Libertadores no ano anterior, o Corinthians freou a séria santistas iniciado com o troféu de 2010.
O peso de agora, porém, por ser sobre o maior rival, sem dúvida vai ser ainda mais celebrado pela torcida do Corinthians, que fez uma linda festa na Neo Química Arena, em Itaquera.
Coroa, ainda, um momento de renascimento da equipe. Depois de anos sem títulos e até de sofrimento, com lutas contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro nas edições mais recentes, o Corinthians mostra que está novamente pronto para brigar com seus maiores rivais por títulos importantes.
CORINTHIANS 0 x 0 PALMEIRAS
Competição: Jogo de volta da final do Campeonato Paulista
Local: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)
Árbitro: Matheus Delgado Candançan (SP)
Assistentes: Neuza Inês Back (SP) e Danilo Ricardo Simon Manis (SP)
VAR: Daiane Muniz (SP)
Gols: nenhum
Público: 48.932
Renda: R$ 4.638.125,50
Cartões amarelos: Félix Torres, Angileri, Garro, Ramón Díaz, André Ramalho, Yuri Alberto, Romero (Corinthians), Mayke, Emiliano Martínez, Facundo Torres, Weverton (Palmeiras)
Cartões vermelhos: Félix Torres, José Martínez (Corinthians), Abel Ferreira, Marcelo Lomba (Palmeiras)
Corinthians: Hugo Souza; Matheuzinho, Félix Torres, Gustavo Henrique e Angileri; José Martínez (Charles), Raniele, Carrillo (Ryan) e Garro (André Ramalho); Memphis e Yuri Alberto (Romero).
Técnico: Ramón Díaz
Palmeiras: Weverton; Mayke (Flaco López), Micael, Murilo e Piquerez (Felipe Anderson); Aníbal Moreno (Naves), Emiliano Martínez (Richard Ríos) e Raphael Veiga (Thalys); Facundo Torres, Estêvão e Vitor Roque.
Técnico: Abel Ferreira
Deixe um comentário