A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou a 0,64% em março, após marcar 1,23% em fevereiro, apontam dados divulgados nesta quinta (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Analistas do mercado financeiro consultados pela agência Bloomberg esperavam taxa de 0,69% para este mês, de acordo com a mediana das previsões. O intervalo das estimativas ia de 0,6% a 1%.
No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 acelerou a 5,26% até março, disse o IBGE. A alta era de 4,96% até fevereiro.
Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
O IPCA é o índice oficial do país e serve de referência para a meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O teto da meta é de 4,5% ao longo de 2025.
Há diferenças no período de coleta dos dados do IPCA-15 e do IPCA. No IPCA-15, o levantamento dos preços atravessa a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. No caso do índice de março, o trabalho foi de 13 de fevereiro a 17 de março.
Já a coleta de preços do IPCA fica concentrada no mês de referência da pesquisa. Em outras palavras, contempla um “mês cheio”. Assim, o resultado de março ainda não está fechado. Será publicado pelo IBGE em 11 de abril.
Na mediana, as previsões do mercado apontam alta de 5,65% para o IPCA ao fim de 2025, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na segunda (24). A estimativa está distante do teto da meta de inflação (4,5%).
Em 2025, o BC passa a perseguir o alvo de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).
No novo modelo, a meta será considerada descumprida quando a variação acumulada pelo IPCA permanecer por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro do alvo é 3%.
Em uma tentativa de conter a inflação e ancorar as expectativas, o BC vem subindo a taxa básica de juros, a Selic, que avançou na semana passada a 14,25% ao ano. O mercado espera que a taxa feche 2025 em 15%, segundo o boletim Focus.
A elevação dos juros tende a esfriar a demanda por bens e serviços, aliviando a pressão sobre os preços.
O efeito colateral esperado é a desaceleração da atividade econômica, porque o custo do crédito fica mais caro para consumo e investimentos produtivos.
Ao longo dos últimos meses, a inflação dos alimentos virou dor de cabeça para o governo Lula (PT). A carestia é apontada como uma das principais razões da queda de popularidade do presidente.
Em busca de redução dos preços, o governo zerou a alíquota de importação de um grupo de alimentos. Analistas e produtores, contudo, disseram que a medida terá impacto limitado para conter a inflação.
Lula chegou a dizer neste mês que o governo trabalha para descobrir quem é o “pilantra” que teria provocado o aumento dos preços do ovo. Especialistas dizem que o produto ficou mais caro devido a uma combinação de fatores —e não a um suposto culpado.
A lista inclui demanda maior com a volta às aulas no país, exportações impulsionadas por problemas de gripe aviária nos Estados Unidos e calor intenso no Brasil. Altas temperaturas prejudicam a produção das galinhas.
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