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Ingrid está certa e tem que ser indenizada – 11/03/2025 – Rosana Hermann


São Paulo

Quando vi o vídeo de Ingrid Guimarães contando o horror que ela passou em um voo de uma companhia aérea americana, fiquei revoltada. Minha vontade era contar para todo mundo a injustiça que ela sofreu, o quanto foi humilhada, maltratada e ameaçada pela da tripulação do voo.

Mas nem precisou. O vídeo rapidamente se espalhou e virou notícia em muitos veículos de mídia. Sem contar a visita em massa que nós, brasileiros, fizemos ao perfil da linha aérea em questão.

O motivo principal da revolta é que Ingrid não fez absolutamente nada de errado. Ao contrário. Ela fez tudo certo. Comprou sua passagem, pagou a mais para ocupar um assento um pouco mais confortável do que a classe econômica regular, numa área chamada econômica “premium”, sentou-se, afivelou o cinto e preparou-se para a decolagem. A partir daí, tudo o que aconteceu foi culpa da empresa.

Acompanhe comigo.

Uma poltrona na classe executiva quebrou. Culpa de quem? Da empresa, que não fez a manutenção correta das poltronas e vendeu o assento quebrado por uma pequena fortuna.

Digamos que quando fizeram a inspeção a tal poltrona estivesse normal e tenha quebrado logo antes de decolar. Problema de quem? Da Ingrid? Não, da empresa. E o que a companhia aérea poderia fazer para realocar a pessoa da poltrona quebrada, caso todas as outras poltronas da classe executiva estivessem ocupadas?

Fácil. A chefe do voo ofereceria uma quantia em dinheiro bem atraente a todos os passageiros da classe econômica premium para ver se alguém aceitaria ceder seu assento e ir para a econômica, digamos o preço da passagem aérea. Se ninguém aceitasse, eles aumentariam a oferta até que fosse um negócio tão lucrativo que alguém diria sim.

No caso, poderiam até pagar duas poltronas para oferecer o espaço contratado pela pessoa da executiva que ficou sem lugar.

Mas não. “Escolheram” Ingrid Guimarães para “abrir mão de sua poltrona” e ir para um lugar pior e mais barato. Com que critério? Por que ela é mulher? Por que estava sem acompanhante? (Sua irmã, seu cunhado e sua filha estavam no voo também) ou por que ela é brasileira?

Eles não disseram. Nem perguntaram se ela queria trocar de lugar. Foi uma imposição. Chegaram e avisaram que ela teria que sair dali para acomodar a pessoa cuja poltrona na executiva quebrou. E quando Ingrid se recusou a sair, começou o circo de horrores que você pode acompanhar revendo o vídeo.

Mandaram o cunhado de Ingrid calar a boca (ele tentou ajudar na discussão), ameaçaram Ingrid de ser proibida de voar na companhia aérea, disseram que ela sairia dali “por bem ou por mal”, avisaram pelo sistema de áudio para todos os passageiros que “uma pessoa não estava colaborando” (e por isso o avião não decolava), apontaram para ela expondo-a como a “culpada” pelos problemas. Tudo sem explicação, tudo de forma autoritária, arbitrária, grosseira.

Ingrid se viu tão exposta, tão pressionada que teve que aceitar a coação. Até porque dependendo da reação dela, poderia sair dali presa. E ainda teve a cereja do bolo: depois de tudo, deram para Ingrid um voucher com um desconto no “próximo voo da empresa”.

Todo esse horror aconteceu na véspera do Dia Internacional da Mulher, data que a empresa, hipocritamente, celebrou em seu perfil do Instagram. Pois foi nessa mesma postagem que todos nós, brasileiros apaixonados por justiça e por redes sociais, deixamos nossos comentários. Muitos amigos indignados, colegas revoltados, artistas famosos, fãs e outras pessoas solidárias, comentaram em português e em inglês, no post da empresa no Instagram. A própria Ingrid entrou lá para agradecer pelo apoio recebido.

Sei que, como sempre acontece, algumas pessoas vão dizer que isso é problema de gente rica, mimimi de famoso. Não é. E a questão aqui vai muito além disso. Isso tem cheirinho de xenofobia com notas de misoginia. Essa “escolha” de Ingrid não foi assim tão aleatória. Eles têm a lista de passageiros. E foram direto numa brasileira e não numa americana. Foram direto numa mulher e não num homem. Uma mulher aparentemente “sozinha”.

Ingrid pretende processar a empresa e pedir indenização. Alguns advogados já se ofereceram porque têm certeza de que ela ganharia fácil. E ganha mesmo.

Ela mesma disse que dinheiro nenhum vai compensar a humilhação que ela sofreu. Mas quem sabe, se ela pedir uma indenização por danos morais bem alta, eles aprendam a tratar melhor as pessoas e a resolverem seus próprios B.Os. E descubram com nossa revolta nos comentários do Instagram que Brasil não é bagunça e que a internet é nossa!

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo



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