Os contínuos ataques com mísseis lançados pelo Irã contra Israel evidenciam que Teerã mantém sua capacidade operacional mesmo após a morte de vários de seus comandantes militares após o ataque inicial israelense, segundo analista ouvido pela emissora americana CNN, que destacou a resiliência da cadeia de comando iraniana e a eficácia de seu arsenal balístico.
Segundo Trita Parsi, especialista em Oriente Médio e vice-presidente executivo do centro de estudos Quincy Institute, Israel acreditava ter “interrompido o comando e controle iranianos”, mas foi forçado a “reavaliar rapidamente” essa percepção.
— O que estamos vendo agora é que os mísseis iranianos são bem-sucedidos em penetrar em todas as camadas dos sistemas de defesa aérea de Israel — afirmou Parsi no fim de semana.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/R/h/eFjy02QSiV88MSqi4cow/u78dhosf9ejxklgqonline-video-cutter.com-ezgif.com-video-to-gif-converter.gif)
Diferentemente dos foguetes de curto alcance utilizados por grupos militantes, os mísseis balísticos do Irã, como os modelos Shahab-3 e Zolfaghar, atingem altas velocidades e seguem trajetórias de alta altitude, podendo ultrapassar os limites da atmosfera. Com alcances que variam de centenas a milhares de quilômetros e capacidade de transportar ogivas pesadas ou manobráveis, esses projéteis representam uma ameaça que pode ir além da cobertura prevista no sistema Domo de Ferro, projetado para interceptar foguetes de curto alcance.
Para lidar com ameaças mais complexas, Israel emprega uma arquitetura de defesa antimíssil em camadas, composta por sistemas como o Arrow 2 e o Arrow 3, desenvolvidos em parceria com a Boeing, que interceptam mísseis balísticos fora da atmosfera. O país também usa o David’s Sling, ou Funda de Davi, voltado para ameaças de médio alcance, produzido em cooperação com a empresa americana Raytheon.
Apesar disso, os recentes disparos expuseram as vulnerabilidades dessa rede defensiva diante de um ataque coordenado com mísseis balísticos e um possivelmente hipersônico. O Irã tem investido no desenvolvimento de mísseis de longo alcance há décadas. Além dos modelos balísticos, Teerã também dispõe de vários foguetes de curto alcance e está avançando em programas de armamento hipersônico, majoritariamente com produção nacional.
De acordo com estimativas dos Estados Unidos, o Irã possuía cerca de 3.000 mísseis balísticos antes da nova onda de confrontos com Israel — o maior arsenal do tipo em todo o Oriente Médio, segundo o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA.
Esses mísseis são notoriamente difíceis de interceptar. Lançados inicialmente por propulsão, seguem depois uma trajetória balística, não propulsionada, em queda livre até o alvo. Quando atingem sua velocidade máxima, sobem a altitudes elevadas antes de mergulharem a velocidades altíssimas, dificultando a reação dos sistemas de defesa aérea.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/5/I/Fxv9wnTi6dNdLu8QJzdQ/111398951-israeli-troops-and-first-responders-gather-in-front-of-a-building-hit-by-a-missile-fir.jpg)
Para atingir Israel a partir do território iraniano, é necessário utilizar mísseis com alcance superior a 1.000 quilômetros. Ainda não se sabe com exatidão quais modelos foram empregados nos ataques mais recentes. No entanto, ações anteriores envolveram o uso de mísseis balísticos de médio alcance, como o Ghadr-1 e o Fattah-1, o primeiro míssil hipersônico conhecido do Irã.
O Ghadr é uma versão aperfeiçoada do míssil de combustível líquido Shahab-3 iraniano, desenvolvido a partir do No-dong norte-coreano, segundo os especialistas ocidentais. Segundo o Center for Strategic and International Studies (CSIS), ele é movido por combustível líquido e transporta ogivas de até 750 kg, podendo ser convencional ou adaptável para cargas especiais. O míssil é lançado a partir de plataformas móveis, o que aumenta sua mobilidade e reduz sua vulnerabilidade a ataques preventivos.
Durante o voo, o Ghadr segue uma trajetória balística. Ele é projetado para realizar correções limitadas de rota, com precisão estimada (CEP) entre 200 e 500 metros, de acordo com análises do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) e da Missile Defense Advocacy Alliance.
Em meio à tensão no Oriente Médio, Irã revela novos mísseis e drones em desfile militar
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/K/2/jQdPvVQzu2BVVRsg8gUA/afp-20240921-36gr6zn-v2-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/K/2/jQdPvVQzu2BVVRsg8gUA/afp-20240921-36gr6zn-v2-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
Irã exibe novo míssil Jihad em desfile militar, neste sábado — Foto: AFP
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/2/k/PQ0tgnQeScVboYB5sCaQ/afp-20240921-36gr6zu-v2-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/2/k/PQ0tgnQeScVboYB5sCaQ/afp-20240921-36gr6zu-v2-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
Irã exibe novos drones em desfile militar neste sábado — Foto: ATTA KENARE / AFP
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/I/J/AtjzMKRq6HB3oAYZOxFA/afp-20240921-36gu76l-v1-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/I/J/AtjzMKRq6HB3oAYZOxFA/afp-20240921-36gu76l-v1-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, observa enquanto um míssil ‘Qased’ é exibido durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão da guerra de 1980-1988 com o Iraque de Saddam Hussein — Foto: ATTA KENARE / AFP
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/T/v/YUUFfpTnibqEs1yF7CBw/afp-20240921-36gu76h-v1-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, observa enquanto um míssil ‘Sayyad’ é exibido durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão da guerra de 1980-1988 com o Iraque de Saddam Hussein, em Teerã, em 21 de setembro de 2024 — Foto: ATTA KENARE / AFP
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/g/I/KjTCjGSxy6GCtSQktumA/afp-20240921-36gr6vt-v1-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
Um míssil ‘Fattah’ é exibido durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão da guerra do Irã de 1980-1988 com o Iraque de Saddam Hussein, em Teerã, em 21 de setembro de 2024. — Foto: ATTA KENARE / AFP
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/j/M/ZnnfVOTbODY9hO2UScAQ/afp-20240921-36gr6up-v1-preview-iraniraqwaranniversary.jpg)
Tanques do exército iraniano são exibidos durante o desfile militar anual que marca o aniversário da eclosão da guerra de 1980-1988 com o Iraque de Saddam Hussein, em Teerã, em 21 de setembro de 2024 — Foto: ATTA KENARE / AFP
Evento anual lembra conflito contra o Iraque de Saddam Hussein; novo míssil tem alcance de mil km
Essa precisão o torna eficaz contra alvos fixos em cenários regionais. Lançamentos em salva com outros mísseis, como o Emad ou o Zolfaghar, têm potencial para sobrecarregar sistemas de defesa como o Domo de Ferro e o David’s Sling, apontam especialistas.
Já o Fattah é o míssel hipersônico do Irã, o que significa que ele viaja a cinco vezes a velocidade do som (cerca de 6.100 quilômetros por hora). O míssil iraniano parece ter uma ogiva num “veículo de reentrada manobrável”, o que na prática permite que ajustes sejam feitos para evitar defesas antimísseis durante uma pequena parte do seu mergulho em direção ao alvo. Essa capacidade seria uma melhoria em relação aos mísseis anteriores do Irã.
O que são mísseis balísticos?
Mísseis balísticos são impulsionados por um foguete — ou uma série de foguetes — antes de descerem em direção ao alvo e completarem sua trajetória sem propulsão. Esse tipo de míssil pode voar muito mais alto na atmosfera do que foguetes de artilharia e alcançar distâncias muito maiores, atingindo o solo em alta velocidade devido à força da gravidade.
Se disparados do Irã, esses mísseis podem ser classificados como de médio alcance, com capacidade de atingir alvos entre 1.000 e 3.000 quilômetros de distância, ou de alcance intermediário, que podem viajar entre 3.000 e 5.000 quilômetros.
O Center for Arms Control and Non-Proliferation, uma organização sem fins lucrativos com sede em Washington, categoriza os mísseis balísticos pela distância que eles podem percorrer. Mísseis balísticos de curto alcance podem viajar cerca de 1.000 quilômetros, enquanto os de longo alcance, também conhecidos como mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), podem atingir alvos a cerca de 5.500 quilômetros de distância.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/i/T/bQIEe6Qrei9JML0Xt9FQ/mun-16-06-cidades-atingidas-israel.png)
Deixe um comentário