O júri do ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, que matou o guarda municipal petista Marcelo Arruda em 2022, em Foz do Iguaçu (PR), começou na manhã desta terça-feira (11), em Curitiba, com o depoimento de Pamela Silva, companheira de Arruda.
Em respostas à Promotoria de Justiça, ela disse que Marcelo se relacionada bem com todos, inclusive com amigos e familiares que não eram simpáticos ao PT.
“Ele tinha 28 anos como guarda municipal e, mesmo dentro da corporação, ele era minoria. As pessoas até se referiam a ele como o PT, o petista, de brincadeira”, disse Pamela, que é policial civil, atualmente cedida ao setor de inteligência da Itaipu Binacional.
Além de Guarda Municipal, Marcelo era tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu e diretor jurídico do sindicato dos servidores do município. Pamela e ele tiveram dois filhos, Pedro, 2, e Helena, 9. Arruda tinha outros dois filhos do relacionamento anterior.
Todos os quatro filhos estavam no aniversário de 50 anos do pai, quando o crime aconteceu, em 9 de julho. A decoração da festa fazia alusão ao PT, com balões vermelhos e camiseta com o rosto do presidente Lula, então candidato.
Marcelo levou dois tiros de Guaranho, que invadiu a festa, e morreu na madrugada do dia 10 de julho. Pamela é a primeira a depor no júri, logo após a formação do Conselho de Sentença, com sete jurados sorteados, quatro mulheres e três homens.
Do lado de fora do prédio do júri, familiares e amigos do petista organizaram uma manifestação com faixas e fotos, pedindo a condenação do réu. Guaranho é acusado pelo Ministério Público estadual de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e perigo comum.
Alvo de Guaranho, Marcelo caiu ferido e chegou a reagir, disparando contra seu agressor, mas não resistiu aos ferimentos.
Guaranho foi internado em um hospital e depois teve a prisão preventiva decretada. Em setembro de 2024, ele obteve uma decisão judicial que o permitiu migrar para a prisão domiciliar.
Nesta terça, ele deve ser interrogado, logo após as testemunhas indicadas pelas partes serem ouvidas.
Antes de o julgamento começar, Pamela afirmou à Folha que “existe uma ação penal farta de provas” e que espera pela condenação de Guaranho.
“Que a sociedade curitibana veja os fatos como eles realmente são e seja justa e consciente”, disse ela. “É somente um fato. Estávamos comemorando o aniversário e essa pessoa invadiu a festa. Houve uma motivação política”, diz ela.
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