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Lideranças do centrão resistem a adesão formal a anistia – 16/03/2025 – Poder

A manifestação liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a favor da anistia aos presos do 8 de janeiro neste sábado (16) faz pouca pressão sobre os partidos do centrão, avaliam lideranças políticas.

Três líderes do centrão ouvidos pela Folha afirmam que o ato ficou restrito ao PL e reuniu parte já conhecida do eleitorado de Bolsonaro, sem mostrar adesão crescente à pauta.

Partidos como o PP e o Republicanos evitam apoiar formalmente o projeto de lei que concede anistia aos presos do 8 de janeiro mesmo após o ato.

Líderes dessas siglas dizem que os correligionários estão divididos entre apoiadores do perdão aos atos golpistas e defensores da neutralidade nas discussões.

O PL tenta conseguir adesão formal dos partidos de centro e de direita para a anistia. Bolsonaro conversou sobre o assunto com Gilberto Kassab em fevereiro e disse, no ato deste domingo, que o presidente do PSD endossou a anistia. Kassab foi procurado para comentar a declaração, mas não respondeu até a conclusão deste texto.

O ex-presidente ainda planeja um encontro com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, para esta semana. A expectativa entre bolsonaristas é que a adesão formal desses partidos convença parlamentares indecisos a votar pela anistia.

“Eu não tenho dúvida de que já temos os votos”, disse o líder da oposição na Câmara, deputado Tenente-Coronel Zucco (PL-RS) neste sábado.

“Eles não se posicionam, acredito eu, sem uma orientação clara de seu partido. Mas já estamos conversando com o Progressistas, PSD, Podemos, Republicanos. O somatório é muito favorável. Temos um cálculo que passa tranquilamente de 300 votos”, completa.

A estratégia do PL é reunir assinaturas durante a semana para apresentar na quinta-feira (20), em reunião do colégio de líderes, um pedido de urgência para a votação da proposta da Anistia.

“Vamos dar entrada —e eles vão ficar surpresos— com 92 deputados do PL e de outros partidos para podermos pedir urgência do projeto da anistia para entrar na pauta na semana que vem”, disse o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), durante o ato em Copacabana.

Parlamentares governistas e integrantes do governo Lula (PT) aproveitaram que o ato foi menor do que o anunciado pelos bolsonaristas para reforçar a tese de que a pauta da anistia não tem apoio popular.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, citou nas redes sociais a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas sob acusação de participar da trama golpista de 2022.

“Persistir no ataque às instituições e falar em anistia para quem ainda será julgado significa, na prática, confessar a gravidade dos crimes cometidos contra o Estado de Direito e a democracia”, disse.

“Quem não vacilou em tramar até assassinatos para usurpar o poder não tem credibilidade para subir em palanques e se fazer de vítima”, completou a ministra.

O ministro Jorge Messias, da AGU (Advocacia-Geral da União), publicou uma foto do comício por eleições diretas na Candelária em 1984, no Rio de Janeiro e comentou: “Democracia sempre! Sem anistia”.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (CE), disse que a manifestação em Copacabana “flopou”. “Os brasileiros querem que os golpistas paguem pelos seus crimes”, afirmou.

O deputado Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, disse que o objetivo da anistia é livrar Bolsonaro do julgamento pela trama golpista de 2022, e não para perdoar “a velinha com a Bíblia”, em referência às mulheres citadas pelo ex-presidente entre as condenadas pelos atos golpistas.

“O projeto que tramita na Câmara passa uma borracha em todos os crimes cometidos após o dia 30 de outubro de 2022 até a sanção da lei. Não podemos permitir.”

A manifestação foi convocada por Jair Bolsonaro sob o mote de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. O ato ocorreu após a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) marcar para 25 de março o julgamento do recebimento da denúncia da PGR contra o ex-presidente e aliados.

Bolsonaro foi o último a discursar. Ele criticou a denúncia da PGR e prometeu que não fugiria. “Se alguma covardia acontecer comigo, continuem lutando”, disse.

“Só não foi perfeita esta historinha de golpe para eles porque eu estava no Estados Unidos [no 8 de janeiro]. Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou quem sabe morto por eles. Eu vou ser um problema para eles, preso ou morto.”

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