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Livro de Ricardo Kotscho sobre Diretas ganha nova edição – 17/03/2025 – Poder

Fora de catálogo há cerca de quatro décadas, um livro de relevância jornalística e histórica ganha vida nova. Está de volta “Explode um Novo Brasil – Diário da Campanha das Diretas”, livro de Ricardo Kotscho lançado poucas semanas depois da rejeição da emenda Dante de Oliveira pela Câmara dos Deputados, em abril de 1984.

Iniciativa da editora do Senado, o relançamento acontece nesta terça, às 10h, durante sessão aberta ao público no plenário da casa.

O evento vai lembrar o movimento das Diretas, que se estendeu de 1983 a 1984, e celebrar a redemocratização do Brasil, consolidada a partir de 1985. Haverá ainda uma homenagem a José Sarney, primeiro presidente civil do país depois de 21 anos de ditadura militar.

O livro reúne as reportagens de Kotscho para a Folha sobre o movimento ao longo de quase cinco meses.

A publicação parte do registro do ato realizado em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 27 de novembro de 1983. Deveria ser uma “grande confraternização suprapartidária”, como escreveu Kotscho, mas acabou se tornando “uma festa-comício do PT”, com um público modesto.

Os relatos de Kotscho se encerram na madrugada de 25 para 26 de abril de 1984, quando a emenda pela volta de eleições diretas foi derrotada por apenas 22 votos. Nas duas semanas anteriores, Ulysses Guimarães (PMDB) e outros líderes do movimento tinham reunido centenas de milhares de pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Goiânia.

O repórter acompanhou a maior parte dos grandes comícios do movimento, que percorreu todas as regiões do país. “Muitas vezes, eu só passava em casa para trocar de roupa e viajava de novo”, conta o jornalista, que completou 77 anos no domingo (16).

Depois de meses com pouco envolvimento popular, as Diretas ganharam impulso com o comício na praça da Sé, em São Paulo, em 25 de janeiro de 1984. “Neste momento, todos subiram no palanque: governadores de oposição [ao presidente João Figueiredo], presidentes de partidos, artistas… E isso graças ao Franco Montoro, governador de São Paulo, que conseguiu juntá-los”, lembra.

“Tancredo Neves foi o único que não apareceu. Ele só foi participar do comício em Belo Horizonte [um mês depois].”

A esta altura, de acordo com Kotscho, Tancredo já articulava sua candidatura no Colégio Eleitoral, que aconteceria em janeiro do ano seguinte e da qual sairia vitorioso. “Se as eleições diretas tivessem sido aprovadas, Ulysses, Lula, Brizola e outros seriam candidatos. Se não passassem, o candidato natural era Tancredo, o único que conversava com o outro lado, os militares”, diz.

Na introdução, o autor diz que preparou uma proposta para que a Folha assumisse a bandeira das Diretas. Entregou o texto para o chefe de reportagem, Adilson Laranjeira, que o enviou para Octavio Frias de Oliveira, publisher do jornal.

“Frias convocou imediatamente a cúpula da Redação da Folha, leu aquele texto para todos e mandou tocar o pau na máquina. Na mesma hora, formou um grupo para cuidar da cobertura da campanha, sob a coordenação de Otavio Frias Filho, secretário do Conselho Editorial”, escreveu Kotscho.

De acordo com Oscar Pilagallo, autor de “O Girassol que nos Tinge – uma História das Diretas Já, o Maior Movimento Popular do Brasil”, não há um único pai da ideia de a Folha se associar à campanha das Diretas.

João Russo, editor de Política, foi o primeiro a lançar a sugestão. Na ocasião, segundo Pilagallo, o publisher “repeliu a proposta, com o argumento de que ela seria mais do interesse do governador de São Paulo, Franco Montoro, desejoso de se firmar como uma liderança nacional, do que da Folha“.

Mais tarde, a ideia foi retomada por Kotscho e por Frias Filho, responsável por organizá-la a partir de novembro de 1983.

Pilagallo, aliás, assina um dos dois prefácios encomendados especialmente para esta nova edição. O outro tem autoria do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT). Ulysses é autor do terceiro prefácio, que já estava na edição original da editora Brasiliense.

Outra novidade é o posfácio de Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes. “A jornada das Diretas e o trabalho de Koscho se confundiam e se alimentavam”, escreve Mitre.

Não tive “pudor de extrapolar o papel do jornalista”, diz Kotscho. “Fui realmente me engajando na campanha das Diretas. Dava palpites como se fosse um participante, e a Folha me autorizava a agir assim.”

O livro será distribuído pelo Senado para instituições públicas, como escolas e bibliotecas. A versão digital pode ser baixada gratuitamente.

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