A edição de 2024 do Olympia foi a que mais teve brasileiros em toda a história do evento. Dos 48 fisiculturistas que representaram a nação no campeonato mais renomado do planeta, 4 são atletas de Marcelo Cruz, que depois de apenas duas temporadas sendo o principal treinador da Integralmedica passou a ser apontado como um dos melhores do país nessa função.
Além de nomes como Isa Pecini (atual top8 do Olympia na categoria Bikini), Vitor Porto (atual top5 do Olympia na categoria 212) e Edvan Palmeira (atual top5 do Olympia na categoria Men’s Physique), o fisiculturista profissional da categoria Open e educador físico também trabalha com o campeão mundial de surfe Italo Ferreira. Iniciada em maio de 2024, a parceria em questão já foi responsável por três títulos de etapas.
Virada de chave
Em entrevista exclusiva ao blog, Cruz aponta que passou a se enxergar mais como treinador e menos como atleta de fisiculturismo a partir do momento em que a DarkHouse, o Centro de Treinamento (CT) destinado aos atletas patrocinados pela Integralmedica e pela Darkness, foi inaugurada, há pouco mais de dois anos.
“Essa transição (de atleta para treinador) se deu pela abertura do CT. O Filipe Bragança (CEO da Integralmedica) me disse que acreditava no meu potencial e queria que eu assumisse como o principal treinador do time. Hoje, a minha prioridade é ser treinador. Meu lado atleta está em segundo plano”, conta.
Atualmente, o profissional de educação física acompanha cerca de 10 fisiculturistas. Além dos atletas já citados, o time conta com diversos nomes que já se classificaram para o Olympia e que são apontados como promessas, como por exemplo Livinho e Diego Galindo, da Classic Physique.
Dentre seus títulos como atleta de fisiculturismo, estão os campeonatos brasileiros da NABBA (2015) e da WFF (2016), bem como o campeonato sul-americano da NABBA (2016 e 2017) e o Mister Santos (2017), da IFBB.
Bagagem do handebol
Antes de se tornar uma das principais referências do fisiculturismo brasileiro, Cruz era jogador profissional de handebol, carreira que não pôde seguir devido a uma lesão no joelho.
Segundo o atleta, as experiências que teve em outro esporte foram fundamentais para que ele pudesse exercer seu papel atual da melhor forma possível: “a bagagem é muito benéfica (…) no passado, viajei com delegações de mais de 40 pessoas. Isso, com certeza, me ajudou a conseguir trabalhar com muita gente hoje”.
“Para mim, essa mudança foi muito boa. Assim como hoje, no handebol eu já era um praticamente um robô. Com 10 anos de idade, eu corria no morro porque sabia que isso me ajudaria a correr melhor na quadra. Nos esportes coletivos, não basta você dar seu 100%, todos os outros membros da equipe também precisam se doar ao máximo. Tanto que, no handebol, eu tenho muitas premiações individuais, mas poucas coletivas. Não basta fazer só o que é passado, só o que é esperado de você. Para ser um campeão, é preciso ir além disso. Olha o Cristiano Ronaldo, por exemplo”, completa o fisiculturista.
Existe o treino ideal?
Com a popularização das redes sociais e da musculação, discussões sobre o suposto treino ideal são cada vez mais constantes. Para o educador físico, entretanto, isso não existe: “todo mundo tem uma digital. Isso quer dizer que você é único. É preciso testar todas as metodologias de treino e ver como seu corpo reage a cada uma delas. É isso o que eu faço com os meus atletas”.
Ainda de acordo com Cruz, o diferencial de um bom treinador para os demais é saber se adaptar a cada pessoa: “tenho atletas que se dão bem fazendo dois treinos por dia e outros que respondem melhor a apenas um treino diário. Há aqueles que precisam de um tempo de descanso maior, assim como o contrário também acontece (…) não existe uma metodologia certa. Quando você tem só um método, você se restringe a só um tipo de atleta”.
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