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Milei afirma que não promoveu criptomoeda pivô de escândalo



O presidente da Argentina, Javier Milei, disse nesta segunda-feira (17) que divulgou, mas não promoveu a criptomoeda $LIBRA e se recusou a assumir a responsabilidade pelos investidores afetados pelo súbito colapso do ativo, que ele descreveu como “comerciantes de volatilidade” e comparou a jogadores em um cassino.

“Não tenho nada a esconder (…) Eu não promovi, eu divulguei”, disse Milei em uma entrevista ao canal de televisão TN.

Milei insistiu que não cometeu um erro ao divulgar na última sexta-feira no X, onde tem 3,8 milhões de seguidores, uma mensagem sobre o “Projeto Viva la Libertad”, cujo eixo era a comercialização da criptomoeda $LIBRA.

Embora no último sábado o governo argentino tenha dito em um comunicado que o projeto foi desenvolvido pela empresa KIP Protocol, liderada pelo cingapuriano Julian Peh, Milei disse nesta segunda-feira que a ideia foi apresentada a ele pelo americano Hayden Mark Davis, chefe da empresa Kelsier Ventures.

De acordo com Milei, Davis propôs a criação de uma estrutura para financiar empreendedores que não têm acesso a financiamento, o que ele considerou uma “ferramenta interessante” e, por essa razão, deu “publicidade” à ideia.

Após a mensagem de Milei no X, o valor da criptomoeda disparou. Mas, em seguida, alguns investidores que tinham a maior parte do ativo venderam suas participações por valores altos, e o preço despencou.

Milei explicou na entrevista à emissora TN que, quando viu os comentários negativos nas redes, decidiu, “na dúvida”, excluir sua mensagem inicial.

O presidente argentino também negou que existam 44 mil pessoas que compraram $LIBRA e acrescentou que, “na melhor das hipóteses”, não passaram de 5 mil pessoas com “chances muito remotas de serem argentinas”.

Ele descreveu esses compradores como investidores “muito especializados”, “operadores de volatilidade”, que entraram no negócio voluntariamente e que “sabiam muito bem” o risco que estavam assumindo.

“Se você vai a um cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação? É um problema entre indivíduos privados, porque o Estado não desempenha nenhum papel aqui”, declarou.

Milei insistiu que agiu “de boa-fé”, que não cometeu “nenhum erro” e que, de qualquer forma, aprendeu a lição de que deve estabelecer “filtros” e “construir muros” para que não seja qualquer um que possa se aproximar dele.

“Levei uma bofetada”, disse, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa. “Milei não ganhou um centavo com tudo isso”, acrescentou.

Ele também afirmou que chegou até Davis por meio de Mauricio Novellli, que em outubro do ano passado organizou um fórum de investimentos em tecnologia e que ele conhece “há muito tempo”.

Perguntado se a Davis havia cometido uma fraude, Milei limitou-se a dizer que isso será determinado pela Justiça, onde mais de cem denúncias já foram apresentadas nesse caso.

Além disso, um grupo de parlamentares da oposição pressiona por um processo de impeachment contra o presidente, e outros estão pedindo a criação de uma comissão investigativa no Congresso.



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