O crescimento da extrema direita em todo o mundo acontece em ambientes online, todo mundo sabe. Homens e meninos ressentidos com a própria vida, além de algumas mulheres, são identificados em plataformas como Discord, Telegram, Reddit, 4chan, Facebook, Instagram e WhatsApp. São convidados para encontros, cursos, palestras, mentorias, coachings que ensinam como toda a frustração com a própria vida tem causa e culpado: movimentos feministas, LGBTQIA +, mulheres.
Os mais vulneráveis, que julgam não ter nada a perder, são facilmente engajados em ações de violência, que vão do compartilhamento de nudes de meninas –como retrata a série britânica “Adolescência”–à participação em grupos neofascistas de extrema direita como o Proud Boys, com membros condenados por conspiração nos Estados Unidos. Sim, condenados pelo 6 de janeiro de 2021, no Capitólio, que inspirou e compartilhou o método para a tentativa de golpe no Brasil em 8 de janeiro de 2023.
Nos últimos dias, jornalistas que reportaram o 8 de janeiro têm sido alvo de ameaças e ataques online orquestrados. Em um dos vídeos, Adriano Castro, em seu canal do YouTube “Didi Redpill” , afirma que a responsabilidade pela condenação de “uma senhora, mãe de dois filhos”, que pichou estátua do STF, é da jornalista Gabriela Biló.
“Essa senhora, essa senhorita, foi a responsável pela prisão da Débora. Por quê? Porque ela, não satisfeita em fazer uma matéria explicando quem era a Débora, comentando o entorno dela, também foi lá vasculhar as redes sociais da Débora para entregar tudo de mão beijada para a PF, STF”.
A atividade jornalística de apurar e reportar fatos, por imagens, textos e vídeos, considerada um pilar da democracia, deve ser condenada e perseguida, segundo Adriano Castro, autodeclarado misógino redpill. Ele mostra fotos da jornalista que, segundo ele, “merece ser conhecida”, em um recorrente convite para seus seguidores a atacarem.
Uma das principais recomendações do estudo “The Chilling: A Global Study On Online Violence Against Women Journalists”, publicado pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, na sigla em inglês) com apoio da Unesco, em 2022, é que “instigadores e autores de violência online baseada em gênero devem ser responsabilizados, removidos das plataformas e penalizados, quando apropriado.”
O estudo aponta, internacionalmente, a violência online contra mulheres jornalistas como uma das mais graves ameaças à liberdade de imprensa. “Essa violência é projetada para silenciar, humilhar e desacreditar. Causa danos psicológicos reais, intimida o jornalismo de interesse público, destrói carreiras femininas e priva a sociedade de vozes e perspectivas importantes”, registra o relatório. Foram entrevistadas cerca de 1.100 mulheres, de 15 países.
Outra recomendação importante é que para aumentar a segurança online de mulheres jornalistas as big techs precisam deixar de associar o crescimento de seus lucros à propagação do ódio. Modelos de negócio e algoritmos das grandes plataformas precisam ser regulamentados.
Vale contar que Adriano Castro, do canal “Didi Redpill”, estava nos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília, e em seus vídeos incentivou os ataques feito por senhoras à democracia. Em 18 de janeiro de 2023, contou a seus seguidores que estava em segurança, fora do país.
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