Mais de cem empresas e organizações brasileiras aderiram a um novo movimento, chamado Violência Sexual Zero, que se propõe a conscientizar a população para o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes.
A coalizão foi lançada na última quinta-feira (20) em São Paulo e é liderada pela empresa Vibra Energia e pelas organizações Instituto Liberta, Childhood Brasil e Grupo Mulheres do Brasil.
O evento de inauguração, que contou com a participação de empresários como Luiza Trajano, fundadora da Magalu, e Elie Horn, filantropo e fundador da Cyrela, chamou a atenção para a dimensão do problema e suas consequências individuais e sociais.
A cada hora, oito crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil, mostram dados do Anuário de Segurança Pública de 2024. Do total de pessoas que sofrem esse tipo de violência, 61% têm menos de 14 anos. Na maioria dos casos, o agressor é alguém conhecido da vítima, como um parente ou amigo da família.
Por outro lado, apenas 8,5% dos casos são denunciados, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), tanto que, na carta convite para novos integrantes do Movimento Violência Sexual Zero, o problema é apresentado como um “gigante invisível”, que prejudica não só a vida de milhares de crianças e adolescentes, mas a sociedade como um todo.
Os signatários do pacto se comprometem a fazer campanhas de conscientização sobre o problema para seus funcionários, terceiros e familiares.
Não há custo para participar: os materiais da campanha são digitais e fornecidos pelo movimento, com curadoria do Instituto Liberta e da Childhood Brasil. Há vídeos, textos e links voltados tanto para adultos quanto para crianças e adolescentes (os materiais estão disponíveis gratuitamente no site violenciasexualzero.com.br).
“Nossa ideia é que essas empresas possam engajar seus colaboradores, parceiros e clientes, dando maior visibilidade a esse problema tão enraizado na sociedade brasileira”, afirma Ernesto Pousada, CEO da Vibra. “Entendemos que chegou o momento de dar um basta, de parar de passar pano para um problema tão sério como este.”
Segundo Luciana Temer, diretora presidente do Instituto Liberta, o objetivo é promover um um letramento sobre o tema e ampliar os espaços onde ele é discutido.
“Muitas empresas já fazem uma conscientização sobre violência doméstica, racismo ou assédio, por exemplo. A violência sexual contra crianças e adolescentes é tão estrutural quanto o racismo e o machismo, mas o desafio de fazer o Brasil falar sobre isso é muito grande”, afirma. “Estamos dando um passo muito importante para naturalizar essa conversa.”
Temer afirma que o movimento poderá ajudar as companhias a construir uma estratégia para promover essa conscientização.
Até agora, 110 empresas e instituições da sociedade civil aderiram —Microsoft, Uber, Santander, Vivo, Sindicato da Construção Civil de São Paulo e Fórum Brasileiro de Segurança Pública são alguns exemplos.
Segundo Pousada, a ideia é fazer um esforço para angariar novos integrantes até 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
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