Entendam o título desta coluna como quiserem a rara leitora e o raro leitor, porque cabem quaisquer entendimentos, seja que Argentina e Brasil farão jogo digno de paralisar as atenções da hinchada e dos Pachecos, seja que é embate capaz de ser útil no sentido de dar a exata noção do estágio de cada seleção.
Duas conclusões emergem do título ambíguo da coluna: a primeira dá conta da grandeza do encontro desta terça-feira (25) no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, entre duas equipes que somam nada menos de oito taças —clássico menor apenas que Brasil x Itália e Brasil x Alemanha, que somam nove; a segunda permite criticar novamente a estupidez do tal Acordo Ortográfico de 2009 que tirou o acento do verbo parar.
Fosse diferente e o título até exageraria: O mundo pára para ver Argentina x Brasil.
Os atuais campeões mundiais, sem Lionel Messi e Lautaro Martínez, foram ao Estádio Centenário de Montevidéu e devolveram aos uruguaios, por 1 a 0, a derrota sofrida na Bombonera, por 2 a 0, pela quinta rodada, em novembro passado, primeira derrota desde a conquista da Copa no Qatar.
Bastará empatar em casa contra os brasileiros para que os hermanos garantam antecipadamente a classificação para 2026 nos Canadá, México e Estados Unidos, na 14ª de 18 rodadas das Eliminatórias.
É tão certo que, seja qual for o resultado, os argentinos estarão na Copa, como é certo que a ex-presidenta deles, Cristina Kirchner, não estará, porque proibida de entrar nos Estados Unidos pelo guardião da liberdade de ir e vir, Donald Trump. Por sinal, também é bem provável a proibição da entrada de jornalistas críticos do fascistóide para cobrir o evento da Fifa e, dois anos depois, o do COI, em Los Angeles.
Sobre isso o fujão Dudu Bananinha Bolsonaro e seus apoiadores nada têm a declarar.
Já a seleção brasileira perdeu Gerson para, segundo os dados da Fifa, o 111º Superclássico, com 43 vitórias argentinas e 40 brasileiras. Registre-se que a CBF diverge ao apontar 43 vitórias nacionais contra 40 em 109 jogos.
Perda considerável a de Gerson ao levar em conta a queda de produção da seleção depois que o craque rubro-negro deixou, machucado, o jogo contra a Colômbia, substituído por Joelinton.
Também Gabriel Magalhães e Bruno Guimarães são ausências certas, suspensos, mas de substituições menos problemáticas.
Se é de se esperar o time de Lionel Scaloni com a faca entre os dentes para jantar os canarinhos, estes provavelmente estarão em campo em busca do empate, obedientes à cautela desmedida imposta pela timidez de Dorival Júnior.
Nunca foi, nem jamais será, fácil vencer a Argentina em sua casa e este próximo encontro, especialmente, a tem como favoritaça, mesmo sem o genial Messi.
Caso o inesperado faça a agradável surpresa, haverá a ansiada, e sempre frustrada, mudança de chave em torno do time amarelo, há anos à espera de vitória marcante em seu currículo, cada vez mais esmaecido desde o fatídico 7 a 1.
Enfim, sabemos todos que a seleção tem arrumação, mais cedo ou mais tarde alguém dará jeito nela ao passar por cima dos Ednaldos da vida e 2014 ficará para trás.
O Desacordo Ortográfico será mais difícil de consertar.
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