Você já deve saber sobre a negociação bizarra que Trump tem feito. Num dia impõe tarifas de 25% sobre produtos do Canadá, no outro as suspende até 1º de abril, depois o Canadá retalia e aí ele adiciona mais 10%. As oscilações erráticas, e o corte bizarro de cargos federais por seu novo amigo, Elon Musk, fizeram o mercado de ações cair acentuadamente. As Bolsas não gostam de comportamentos bizarros.
O presidente pode definir tarifas sobre chapas de aço canadenses, autopeças mexicanas e chá-verde chinês. Presidentes têm poderes para “emergências” desde os anos 60. Para Trump, todo dia é emergência. O Congresso abriu mão do poder pois percebeu que os interesses protecionistas locais de cada distrito congressional tornavam impossível aos EUA seguirem para o livre comércio. Centenas de congressistas representando uma fábrica em Massachusetts ou uma siderúrgica em Indiana não podem fazer o que um país sensato faria —qual seja, comprar no exterior o que sai mais caro fazer em casa.
Mas ninguém pensou que um presidente usaria esse poder para aumentar tarifas. Seria tolice os EUA avançarem em direção ao protecionismo. A “proteção” é para a população local de Massachusetts, à custa de todos os demais. Se ele mantiver as tarifas, os preços aumentarão. A modesta inflação de Biden causou a vitória de Trump, que será punido nas eleições parlamentares de 2026.
Uma tarifa sobre alimentos estrangeiros faz o preço dos alimentos nacionais subirem.
Por que Trump faz isso? Porque acredita em “proteção”. É ruim para a maioria dos americanos. O impacto econômico mais amplo, como o jornalista francês Bastiat disse no século 19, é “invisível”.
O motivo de Trump adotar o protecionismo é menos generoso, eu suspeito. Ele não tem empatia por muita gente, exceto por outros líderes que considera “fortes”. Ele acredita no protecionismo porque acha que a economia é um jogo de barganha. Para que seja visto como “forte”, precisa “ganhar”. É a mentalidade de durão de um chefe da máfia.
Mas as pessoas pensam que é. Se você não é um liberal essencial, você vê outras pessoas como meros peões em seu jogo de dominação. Trump é o oposto de um liberal essencial.
Barganhar pessoa a pessoa tem amplas possibilidades. Se você foi criado em grandes negócios imobiliários, como o presidente Trump, está sujeito a pensar em cada transação como um hotel único cujo preço tem uma ampla faixa de negociação. Você pensará que a vida é “O Negócio”. No entanto, a maioria das transações na economia não são pessoa a pessoa por uma propriedade única, mas entre muitas pessoas por um artigo padronizado, como placas de aço ou chá-verde. O preço não é negociável. Você não vai ao supermercado e começa a barganhar o preço do leite. O preço é determinado pela oferta e demanda em geral. Nós não o vemos, ao contrário da negociação “um a um”. É outro dos “invisíveis” de Bastiat que os economistas veem.
Trump, e a maioria das pessoas, mesmo que empáticas com outras pessoas, não é economista. O resultado são políticas tolas, como as tarifas do presidente Trump e as tarifas do Brasil.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Deixe um comentário