Um ano atrás, o presidente da APD (Academia Paulista de Direito), Alfredo Attié Jr., desembargador do TJ-SP, advertia:
“Claro que as Forças Armadas devem ser levadas a sério. Mas isso não significa tolerar os criminosos que pedem intervenção militar, em frente aos quartéis.
A manifestação do ministro da Defesa recém-empossado [José Múcio Monteiro], referindo o suposto ‘caráter pacífico’ das manifestações, contraria a lei e a Constituição.
Esse pessoal não apenas deve ser coagido a sair desses acampamentos, mas tem de ser processado criminalmente.”
Um ano depois, Attié afirma no site Brasil 247 que Múcio “passou a se manifestar em favor dos criminosos de 8 de janeiro, dizendo que são inocentes muitos e que merecem penas mais brandas”.
“O ministro exerce uma função de representação política submetida ao comando do Presidente. Não lhe cabe dar voz nem a militares nem a criminosos contra o Estado Democrático de Direito”, diz.
Em sua coluna na Folha, o criminalista e escritor Luís Francisco Carvalho Filho diz que “a fala do ministro da Defesa, tolerante à tentativa de golpe, não é aleatória”.
“Múcio é mamulengo e bolsonarista. Defendia os acampamentos patrocinados pelo Exército golpista do Brasil. Mais do que isso, tinha ‘parentes’ acampados. Lula escolheu Múcio porque, quando trata de militares, é pelego e inseguro.”
“Há uma operação política e jurídica para repaginar a figura repugnante e mesquinha de Jair Bolsonaro”, diz o articulista.
“Múcio participa do ilusionismo farsante ao conferir a Bolsonaro a aparente grandeza de ter colaborado para a transição do governo eleito no meio militar e por reforçar a ideia de anistia.”
“Múcio falsifica a realidade: Bolsonaro não reconhecia a derrota, disseminava a desconfiança no processo eleitoral, conspirava contra as instituições democráticas e apostava na bagunça de caminhoneiros e acampados para criar condições de golpe”, lembra Carvalho Filho.
Em artigo sob o título “Precisamos falar sobre Múcio”, na Carta Capital, Roberto Amaral, ex-presidente do PSB, diz que “o ministro da Defesa, surpreendentemente boquirroto para quem o conheceu de outros tempos, volta às folhas, às telas e às telinhas para incomodar a República e pôr em sobressalto a política”.
“Em sua recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura (10/02), Múcio lembrou que teve familiares junto aos portões dos quartéis, naquela tentativa do bolsonarismo de criar a desordem servidora do objetivo de impedir a posse de Lula.”
“Se o presidente Lula não enquadrar o porta-voz da caserna no Ministério da Defesa, parecerá, à opinião pública, que o está endossando – o que seria muito perigoso para o governo e a democracia.”
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