Candidato do presidente Lula para o comando do PT, o ex-prefeito Edinho Silva reconheceu nesta sexta-feira (28) a gravidade do cenário político e o poder de mobilização do bolsonarismo no Brasil.
Ao mencionar o ato convocado por Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana no domingo (16), Edinho lembrou que o movimento foi tratado como um vexame diante da expectativa inicial de organizadores de participação de 1 milhão de apoiadores. No entanto, reconheceu a base social do ex-presidente.
“Todos nós trabalhamos que o ato de Copacabana, claro que eles chamaram 1 milhão, foi um vexame porque eles puseram 18 mil. Nós, para colocarmos 10 mil pessoas nas ruas, muitas vezes, a gente sua sangue”, admitiu Edinho. O ex-prefeito emendou: “Portanto, temos que reconhecer que eles têm base social, sim”.
O público do ato de Bolsonaro no Rio foi estimado em 30 mil pessoas em levantamento do Datafolha. Em outro levantamento, o Monitor do Debate Político do Cebrap e a ONG More in Common calcularam que o público do ato foi de 18,3 mil pessoas.
Ao discursar durante reunião no PT, Edinho apontou a necessidade de reeleição de Lula e citou os EUA. “Se formos derrotados em 2026, será trágico. Será o avanço do fascismo”, disse.
Favorito para a presidência do PT, Edinho disse também que a tarefa do partido é construir o pós-Lula. “Temos que ter consciência da importância da reeleição do presidente Lula, mas também nós temos que ter consciência que será a última eleição que o presidente Lula estará exposto nas urnas do nosso país.”
Atribuindo a avaliação ao próprio Lula, Edinho disse não haver um nome para sucessão do presidente. Tudo dependerá da força do PT.
“Nossa tarefa enquanto dirigentes é construirmos o PT pós-Lula. Eu vou repetir aqui uma frase que é do próprio presidente Lula, quando ele diz: ‘O meu sucessor não será um nome, o meu sucessor será o Partido dos Trabalhadores, porque se o PT estiver forte, o nome nós construímos'”, relatou Edinho.
Em uma clara mensagem aos opositores à sua candidatura, Edinho alertou para o risco de subestimarem a gravidade do momento político. “Se nós não reconhecermos a gravidade do momento que nós estamos vivendo, portanto se nós errarmos o diagnóstico, nós vamos errar o procedimento”, afirmou.
Em um desabafo, Edinho disse que se sente ofendido quando dizem que ele vai puxar o PT para o centro. “Eu gostaria que quem faz essa acusação a mim fosse olhar o governo que eu construí enquanto prefeito”, disse.
No discurso, Edinho lamentou a dificuldade de diálogo com trabalhadores em aplicativos. Ele defendeu a necessidade de presença do partido na rotina do eleitor, usando como exemplo as igrejas evangélicas.
“As igrejas pentecostais e não pentecostais estão fortes porque elas têm presença na vida do povo. Eu não estou dizendo aqui que um partido tem que disputar com religião, porque a religião é movida pela fé, é movida pela espiritualidade, é movida pela subjetividade”, disse.
Edinho repetiu que a necessidade de o partido estar presente. Projetando o crescimento das igrejas evangélicas no país, ele defendeu essa aproximação. Disse que, seguramente, a partir de 2030 o Brasil será um país majoritariamente de evangélicos e que não é possível continuar a alimentar esse antagonismo, por mais que haja divergências.
“Mas ninguém muda nada pelo lado de fora. Se nós não dialogarmos, se nós não filiarmos lideranças evangélicas, se nós não trouxermos lideranças evangélicas para dentro do PT, para que a gente diminua as contradições e as posições antagônicas, que muitas vezes não são tão antagônicas assim, certamente nós não estaremos dialogando com a sociedade real brasileira”, advertiu.
Ocorrida na sede do PT, a reunião contou com a presença do ex-ministro José Dirceu e da ministra Anielle Franco, que também discursaram. O encontro também foi transmitido ao militantes via online.
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