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Reino Unido: Starmer se equilibra entre Europa e EUA – 24/03/2025 – Mundo


Com um som abrupto, uma buzina soou na sala de controle do HMS Vanguard, levando a tripulação do submarino nuclear da Marinha Real britânica para as estações de combate. A voz do comandante crepitou no intercomunicador. “Definir condição 1SQ”, ele disse, ordenando que sua bateria de mísseis balísticos fosse preparada para lançamento.

Era apenas um exercício realizado na última segunda-feira (17) para um visitante VIP, o primeiro-ministro Keir Starmer. Mas Starmer tinha motivos para prestar muita atenção quando lhe mostraram onde a chave de lançamento do submarino está guardada: o primeiro-ministro é a única pessoa no Reino Unido autorizada a ordenar um ataque nuclear.

“Você está procurando as condições ideais?”, Starmer perguntou, enquanto o capitão explicava como o Vanguard deve ser manobrado para a profundidade certa para lançar seus mísseis Trident. O primeiro-ministro inclinou-se para frente na cadeira do capitão, com o brilho azul de um conjunto de telas refletido em seus óculos.

Mais tarde, depois de subir uma escada de quase dez metros até o convés do submarino, Starmer refletiu sobre sua missão de quase sete meses. Perambulando silenciosamente nas profundezas do oceano Atlântico, a embarcação foi projetada para dissuadir um conflito nuclear com a Rússia —pelo menos um dos quatro submarinos da classe Vanguard está sempre em patrulha. Em um momento em que a Europa tem sido criticada por sua capacidade de defesa, sobretudo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Starmer disse que esses poderosos barcos são um símbolo inabalável do compromisso do Reino Unido com a Otan.

“Vinte e quatro horas, 365 dias, ano após ano, por 55 anos”, Starmer disse depois que partimos e o Vanguard navegou em direção ao seu porto de origem na Escócia. “Isso manteve a paz por muito tempo.”

De volta a um rebocador, levando-nos à costa no estuário de Clyde, Starmer sentou-se sozinho, olhando pela janela para as nuvens que se formavam. Tem sido algumas semanas marcantes, embora sombrias, para o líder de 62 anos: impulsionado ao poder há oito meses por uma onda de descontentamento com o custo de vida, ele agora se vê lutando para evitar uma ruptura da aliança pós-Segunda Guerra Mundial entre a Europa e os Estados Unidos.

“No fundo do nosso coração, sabíamos que esse momento estava chegando há pouco mais de três anos, quando tanques russos cruzaram a fronteira [da Ucrânia]”, disse Starmer sobre a vulnerabilidade crescente da Europa e as tensões na aliança da Otan. “Temos que tratar isso como um momento galvanizador e tomar a iniciativa.”

A crise mudou Starmer, transformando um advogado de direitos humanos metódico e discreto e um político do Partido Trabalhista em um líder em tempos de guerra. Com os debates sobre reforma do bem-estar e economia amplamente ofuscados pelos temores sobre a segurança nacional do Reino Unido, Starmer invocou Winston Churchill e, em um aceno a seu partido, também Clement Attlee, o primeiro primeiro-ministro trabalhista do pós-guerra, ao descrever o papel singular de seu país em um Ocidente mais fragmentado.

“Muitas pessoas estão nos instando a escolher entre os EUA e a Europa”, disse ele em uma das três conversas na semana passada. “Churchill não fez isso. Attlee não fez isso. Seria um grande erro, na minha opinião, escolher agora.”

Pausando por um momento, Starmer acrescentou: “Eu realmente acho que Trump tem um ponto relevante quando diz que os países europeus devem suportar um fardo maior em nome da autodefesa coletiva da Europa.”

A questão imediata é se o Reino Unido e a Europa desempenharão um papel significativo nas negociações de Trump com o presidente russo Vladimir Putin. Para garantir que sim, Starmer está tentando montar uma força militar multinacional que ele chama de coalizão dos dispostos. O objetivo, diz ele, é manter os céus, portos e fronteiras da Ucrânia seguros após qualquer acordo de paz.

“Eu não confio em Putin”, disse Starmer. “Tenho certeza de que ele tentaria insistir que a Ucrânia deveria estar indefesa após um acordo, porque isso lhe dá o que ele quer, que é a oportunidade de entrar novamente.”

Londres enfrenta obstáculos em todas as frentes: a Rússia rejeitou a ideia de uma força de paz da Otan. Trump ainda não ofereceu garantias de segurança, que Starmer diz serem cruciais antes que os países se comprometam a enviar tropas. Além do Reino Unido e da França, nenhum outro país europeu fez isso, mesmo enquanto Starmer liderava a primeira reunião de planejamento militar para a coalizão, na quinta-feira (20).

Altos oficiais de Defesa britânicos disseram esperar que, em última análise, vários países contribuam com aviões, navios ou tropas para o esforço. Mas, independentemente das incertezas políticas e diplomáticas, Starmer disse que sentia que tinha pouca escolha a não ser se adiantar ao grupo.

“Se nos movermos apenas no ritmo dos mais cautelosos, vamos nos mover muito lentamente e não estaremos na posição em que precisamos estar.”

Três dias após a visita ao submarino, Starmer participou de uma cerimônia de colocação da quilha —a espinha dorsal de uma embarcação— para uma nova frota de submarinos de mísseis balísticos, que está sendo construída em um estaleiro em Barrow-in-Furness, no noroeste da Inglaterra. Quatro embarcações da classe Dreadnought, cada uma com quase o comprimento da Catedral de São Paulo em Londres (cerca de 110 metros), estão programadas para entrar em serviço no início da década de 2030, a um custo estimado de £ 41 bilhões (US$ 53 bilhões, cerca de R$ 302,5 bilhões).

De pé na enorme fábrica, com a parte traseira de um submarino se erguendo sobre ele, Starmer expressou orgulho por essa declaração de poder britânico. Mas também foi um lembrete do estado sobrecarregado de suas Forças Armadas.

Os submarinos da classe Vanguard que estão sendo substituídos pelos Dreadnoughts têm quase 30 anos —”equipamento bem antigo”, nas palavras de Starmer— o que exige períodos prolongados de manutenção. Isso estendeu as patrulhas para as outras embarcações da frota e colocou pressão intensa em suas tripulações de cerca de 130 pessoas.

A tensão foi exibida durante a visita de Starmer ao Vanguard, que estabeleceu um recorde da Marinha Real para a patrulha mais longa. Marinheiros disseram que a comida, excelente no início, deteriorou-se à medida que os suprimentos do submarino diminuíam. Quatro estavam retornando para cônjuges que tiveram bebês enquanto estavam fora. Outros perderam membros da família, só recebendo a notícia do capitão na véspera de seu retorno.

“É com enorme respeito à equipe” que eles sobreviveram sete meses no mar, disse Starmer depois de descer cautelosamente do convés desgastado do submarino. “Mas não deveríamos estar celebrando isso.”

“Isso dobrou minha determinação de garantir que avancemos mais e mais rápido em nossas capacidades, para garantir que eles não sejam colocados nessa posição novamente”, disse ele.



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