By: in9web | Marcos Pastor
quinta-feira , 6 novembro 2025
| Reage Itabuna | Marcos Pastor
Lar Tecnologia 'RH da pirataria' e centrais na Argentina: os detalhes da operação contra apps de streaming ilegal no Brasil
Tecnologia

'RH da pirataria' e centrais na Argentina: os detalhes da operação contra apps de streaming ilegal no Brasil




Como foi a operação que derrubou apps de streaming pirata no Brasil
A derrubada de serviços de streaming pirata como o My Family Cinema e o TV Express foi resultado de uma investigação na Argentina contra um esquema bilionário que focava em clientes no Brasil.
Fora do ar há cerca de uma semana, os serviços eram usados por modelos de TV boxes como Duosat e BTV, vendidos no Brasil sem autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) (saiba mais abaixo).
O My Family Cinema informou que “devido a questões de direitos autorais, esta marca deve encerrar permanentemente seus serviços”.
Nas redes sociais, dezenas de brasileiros reclamaram que os serviços não estavam funcionando. E, apesar de estarem relacionadas a plataformas com conteúdo pirateado, as queixas chegaram até mesmo ao ReclameAqui, site que recebe reclamações de empresas legítimas.
Entre sábado (1º) e terça-feira (4), 14 serviços já tinham saído do ar, segundo a Alianza, associação de empresas contra pirataria audiovisual na América Latina que denunciou o esquema na Argentina.
A entidade diz que o número de serviços derrubados deverá subir para 28 até o final de novembro.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
O que você achou do novo formato de vídeo que abre esta reportagem?
Os aplicativos tinham cerca de 6,2 milhões de assinantes ativos, sendo 4,6 milhões no Brasil, segundo a Alianza. A associação diz que os serviços chegaram a 8 milhões de usuários em junho e suspeita que o Mundial de Clubes, realizado neste período, levou a um pico de contratações.
Clientes dos serviços de streaming pirata pagavam de US$ 3 a US$ 5 por mês cada um (entre R$ 16 e R$ 27 por mês) para ter acesso indevido a conteúdo como filmes, séries e transmissões esportivas.
A prática gerou um alerta em entidades como La Liga, que administra o campeonato espanhol e passou a contribuir com a investigação.
A estimativa é que o esquema teve faturamento anual entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões (de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão), segundo a Alianza. E foi derrubado após uma investigação que começou ainda em 2024.
A Anatel não participou dessa investigação, mas orienta usuários de TV boxes a comprarem apenas aparelhos certificados pela agência para “garantir a segurança do consumidor e evitar a prática de atividades ilícitas”.
BadBox 2.0: mais de 370 mil TV boxes foram infectadas no Brasil, diz relatório
‘Pane geral’ em TV boxes piratas: como é a solução que promete combater caixinhas irregulares
Ligações de números parecidos: como são feitas as chamadas adulteradas que irritam usuários
Mensagem de erro em aplicativos de streaming piratas foram publicadas nas redes sociais
Reprodução
Como foi a investigação?
A operação partiu de uma denúncia feita pela Alianza, que, em 2024, decidiu investigar por conta própria o aplicativo MagisTV (também conhecido como UniTV e HTV), que oferece acesso indevido a conteúdos protegidos por direitos autorais.
Representantes da associação compraram modelos de TV boxes com o MagisTV em diferentes revendedores para obter mais informações sobre essas plataformas.
Em setembro de 2024, a entidade apresentou uma denúncia para o departamento de investigação de crimes cibernéticos do Ministério Público Fiscal de Buenos Aires, que iniciou uma investigação formal.
Escritório na Argentina alvo de busca em operação contra serviços de streaming pirata
Reprodução
Em agosto de 2025, a Justiça autorizou buscas em quatro escritórios de empresas que pareciam legítimas, mas funcionavam como centrais do esquema de conteúdo pirata.
Um desses escritórios tinha cerca de 100 funcionários contratados de acordo com a legislação trabalhista da Argentina e com apoio até mesmo de um setor de Recursos Humanos.
Policiais apreenderam 88 notebooks, 10 pen drives, 37 discos rígidos e 568 cartões de recarga para liberar conteúdo nas TV boxes.
Autoridades encontraram ainda 9,4 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 35 mil) e US$ 3.900 (R$ 21 mil), além de carteiras digitais com US$ 120 mil (R$ 640 mil) em criptomoedas.
Policiais apreenderam dinheiro e dispositivos eletrônicos em escritório alvo de busca em operação contra streaming pirata
Reprodução
Por que o esquema estava na Argentina?
Apesar de ser o centro desse esquema, a Argentina não é o principal destino das TV boxes ilegais. O país tem um mercado relativamente pequeno para as caixinhas de TV, que têm como público-alvo usuários em países como Brasil, México, Equador e África do Sul.
Mas o mercado restrito na Argentina também contribui para que o esquema seja levado para lá, avaliou Jorge Alberto Bacaloni, presidente do conselho da Alianza.
“No Brasil, há um mercado enorme. Com certeza, há alguém no Brasil investigando. Mas ninguém tentaria procurá-los em um país com um mercado menor porque imaginariam que o negócio não estaria baseado lá”.
A organização criminosa incluía ainda ex-executivos e funcionários ativos de grandes empresas de conteúdo, segundo a Alianza.
“Com os problemas em relação ao câmbio, a Argentina é um país muito barato. E é um país com pessoas muito qualificadas para administrar esses serviços”, disse Bacaloni.
Quais plataformas saíram do ar?
As 14 plataformas derrubadas são: My Family Cinema, TV Express, Eppi Cinema, Vela Cinema, Cinefly, Vexel Cinema, Humo Cinema, Yoom Cinema, Bex TV, Jovi TV, Lumo TV, Nava TV, Samba TV e Ritmo TV.
Os serviços só ficaram indisponíveis semanas depois da operação policial porque os escritórios na Argentina eram responsáveis apenas pelas áreas de marketing e vendas. A estrutura técnica estava hospedada na China, o que exigiu mais tempo para interromper seu funcionamento.
TV box é ilegal?
As TV boxes, também conhecidas como aparelho de IPTV e caixinhas de TV, podem ser usadas no Brasil, mas precisam ter sido homologadas pela Anatel. A lista de aparelhos autorizados pela agência pode ser encontrada neste link ao selecionar o filtro “Tipo de produto” e selecionar “Smart TV Box”.
“O processo de homologação é realizado para garantir que o equipamento atenda aos requisitos técnicos definidos pela Anatel em relação à emissão de radiofrequências, à segurança cibernética e ao uso regular das redes de telecomunicações”, diz a agência.
A Anatel afirma que colabora com entidades como a Alianza, a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) para bloquear o funcionamento das TV boxes não homologadas e o conteúdo de serviços de streaming pirata.
“Além de possibilitar a pirataria, TV Boxes piratas podem interferir em outros aparelhos legítimos e permitir ataques hackers às redes de seus usuários”, diz a agência.



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Tecnologia

Os obstáculos das IAs para criar imagens de pessoas com deficiência

“Sabemos que os desafios permanecem, particularmente em termos de representação justa, e...

Tecnologia

OpenAI nega boato de que ChatGPT deixou de dar conselhos jurídicos e médicos

Agente do ChatGPT reserva restaurante, faz compra, mas erra ao insistir demais...

Tecnologia

AirPods Pro 3 e Galaxy Buds3 Pro permitem tradução em tempo real, mas tem uma 'pegadinha'; g1 testou

Fones que ‘traduzem’ vários idiomas: g1 testa AirPods Pro 3 e Galaxy...

Tecnologia

Criminosos ampliam o uso da inteligência artificial nas fraudes

Polícia Civil do RS prende quatro suspeitos de aplicar fraudes milionárias com...