Nem mesmo o sábado (28) de céu nublado em Niterói foi capaz de atrapalhar o lazer de pessoas que escolheram a cidade para passar o fim de semana. A praia do Sossego recebeu mais visitantes que o costume, mas não apenas pela tranquilidade do local. Para chegar à faixa de areia, visitantes passam por uma trilha que leva ao mar, e também a um mirante, de onde o barulho das ondas se mistura com a beleza da vegetação. Era ali que Juliana Marins, a brasileira de 26 anos que morreu ao cair em um penhasco na trilha do Monte Rinjani, na Indonésia, fazia questão de frequentar todas as vezes que passava perto do local. Em homenagem à publicitária, a Prefeitura vai rebatizar a trilha e o mirante com o nome da jovem. A engenheira civil Elisa Fernandes, de 27 anos, passou pelo local e relembrou da amiga falecida a cada canto que caminhava pela trilha. As duas estudaram juntas no Colégio Pedro II, do Barreto, tradicional bairro niteroiense, quando cursavam o ensino médio.
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— É uma maneira de manter a memória não só da Juliana, mas o aprendizado de que a gente tem que se movimentar por quem a gente ama. Se as coisas tivessem acontecido num ritmo maior, provavelmente tudo teria sido diferente. Eu ainda estou muito triste. Não queria nem que precisasse fazer homenagem para ela. Eu queria que, depois da queda, ela voltasse e contasse uma história de superação — afirma a engenheira ao O GLOBO. — É muito bonito ver que teve um movimento da prefeitura da nossa cidade tanto para ajudar ela, quanto para homenagear depois do que aconteceu. Ela realmente adorava a região, então acho que tem muito significado com relação a quem ela é, ao estilo de vida dela, o que ela gostava — completa Elisa.
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Elisa jamais esquecerá da amiga com quem conviveu durante anos, principalmente nas idas para o colégio, quando a mãe de Juliana dava carona para ela.
— Era sempre muito divertido. A Juliana era engraçada e inteligente, assim como a mãe dela. Nós estávamos sempre atrasadas para chegar na aula, mas era um momento de descontração. Sempre vou lembrar dela com muito carinho. Ela tinha uma energia própria. Era muito viva, confiante, corajosa, e sempre se dispôs a viver as coisas “fora do roteiro”, sabe? — conta Elisa, que foi ao mirante acompanhada por sua mãe, Júlia Barros, de 61 anos.
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— Uma coisa que me tocou nessa homenagem é porque a Juliana não era nenhuma estrela, mas a energia dela contagiou tanto que fizeram essa homenagem a uma pessoa simples, por essa alegria dela, essa juventude, de não ter medo de encarar a vida de frente e vencer obstáculos. Ela se foi fazendo o que ela mais amava, né? Vivendo a vida — disse dona Júlia, que, após a entrevista abraçou a filha, que chorava de emoção.
Outras pessoas que passaram pela trilha e pelo mirante falaram sobre o novo nome do local em que homenageará Juliana.
— Eu gostei muito da ideia, ainda mais ela que gostava de se aventurar bastante. Aqui tem várias paisagens bonitas. Um ótimo lugar para a gente explorar. Eu acompanhei as notícias, achei bastante triste. Foi muita irresponsabilidade do governo de lá, porque ela ficou cinco dias e uma equipe de resgate de outro lugar teve que ir para o país resgatar o corpo dela — destacou Kamilli Firmo, de 22 anos.
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Depois que Brayner e Ana Eulália aproveitaram a praia do Sossego, eles voltaram à trilha para tirar fotos em meio à natureza e gravar imagens através de um drone. Foi a primeira vez que o casal carioca visitou o lugar.
— A gente acompanhou (o resgate de Juliana) por alto. Fiquei sabendo que ela frequentava esse local. Foi uma fatalidade. Acho que foi uma homenagem justa — afirma o analista de sistemas Brayner Cardoso, que estava acompanhado da mulher, Ana Eulália, que se encantou com a beleza do local:
— Juliana merece essa homenagem, ainda mais que ela gostava de lugares lindos como esse aqui, que é a cara dela. Achei perfeita a homenagem.
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O estudante Guilherme Borges, 20 anos, é vizinho da trilha e achou importante a mudança do nome da trilha e mirante.
— É bem bonita essa homenagem. É bem importante para que a gente não esqueça o que aconteceu e evite futuras tragédias, porque foi algo que poderia ter sido evitado. Ela poderia estar aqui, viva — destaca.
Trilha que leva o nome de Juliana Marins registra aumento de visitantes após morte de publicitária
Funcionários que trabalham no local, como ambulantes, guardas municipais e funcionários da prefeitura, perceberam o aumento de visitantes nos últimos dois dias, não apenas por moradores de Niterói, mas também de outras cidades.
— Eu acho bem legal a ideia de homenagear a Juliana pelo fato dela ter morado aqui. Acredito que vai dar mais engajamento para a praia. Já tem dado um movimento bem maior nesses últimos dois dias, creio que seja por conta disso. Acho que vai ser uma mistura de energias boas, para o melhor acontecer — pontua Igor Oliveira, 21 anos, estagiário da prefeitura, que foi realocado temporariamente para o mirante para tirar dúvidas da população sobre o local.
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