O regime da Venezuela fechou nesta sexta-feira (10) sua fronteira com a Colômbia, horas antes da cerimônia de posse do ditador Nicolás Maduro para o seu terceiro mandato.
Freddy Bernal, governador do estado venezuelano de Táchira —com o qual o território colombiano faz divisa—, afirmou que a medida se devia a uma “conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos”. Ele acrescentou que ela valeria até as 5h do horário local (6h em Brasília) de segunda-feira (13).
O anúncio sucede uma manifestação da chancelaria colombiana repudiando a “perseguição sistemática” da administração chavista contra a oposição. O comunicado foi publicado horas depois de apoiadores da líder dissidente María Corina Machado afirmarem que ela tinha sido detida por agentes da ditadura durante uma manifestação em Caracas, na primeira vez em que apareceu em público em meses. O regime nega.
“A Colômbia […] insta autoridades venezuelanas a, em todo momento e circunstância, garantirem plenas condições para o exercício do direito à oposição política e à mobilização social”, disse o chefe da diplomacia da Colômbia, Luis Gilberto Murillo.
Ele afirmou que Bogotá manterá os laços diplomáticos com Caracas, reiterando declarações feitas pelo presidente Gustavo Petro mais cedo na semana. “Romper relações com a Venezuela não adianta nada e afeta todo o país”, disse Murillo. A fronteira de 2.200 km que separa os dois países é palco de atuação de guerrilhas como a ELN (Exército de Libertação Nacional), e Caracas media negociações entre elas e o governo colombiano.
Petro foi um dos líderes da América Latina que, junto com o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o mexicano Andrés Manuel López Obrador, tentou intermediar um diálogo entre o regime e a oposição quando eclodiram as primeiras denúncias de fraude das eleições presidenciais de julho passado.
A iniciativa foi mal-sucedida, e se por um lado nenhum dos três países reconheceu a legitimidade da vitória de Maduro, por outro também não reconheceram o triunfo de Edmundo González, diplomata aposentado que substituiu María Corina nas urnas no último instante e que, segundo checagens independentes, obteve mais de 60% dos votos no pleito. Com efeito, nenhum dos três países enviou representantes de alto escalão para a cerimônia de posse.
González, por sua vez, asilou-se na Espanha após receber uma ordem de prisão da ditadura. Ele estava na República Dominicana até esta quinta-feira (9), depois de uma semana viajando pelas Américas para se reunir com presidentes que o apoiam. Ele tinha prometido estar em Caracas nesta sexta para tomar posse, afirmação vista como fantasiosa por muitos analistas.
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