A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta terça-feira (21) que a União Europeia deseja se envolver e negociar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas alertou sobre o risco de uma “corrida global para o abismo” devido ao uso de ferramentas como tarifas.
Em discurso no Fórum Econômico Mundial, um dia após a posse de Trump, Von der Leyen comentou sobre uma nova era de dura competição geoestratégica que se desenvolveu no último quarto de século.
Na segunda-feira, Trump disse que deseja reverter o déficit comercial dos EUA com a UE, seja com tarifas ou com mais exportações de energia. Ele exigiu que o bloco europeu comprasse mais petróleo sob a ameaça de imposição de impostos.
Trump também instruiu as agências federais a investigar os persistentes déficits comerciais dos EUA, as práticas comerciais injustas e a suposta manipulação de moeda por outros países.
Von der Leyen não mencionou Trump pelo nome, mas se referiu ao uso crescente de sanções, controles de exportação e tarifas para proteger os interesses nacionais.
“Precisaremos trabalhar juntos para evitar uma corrida global para o abismo”, comentou a presidente do braço-executivo da UE, referindo-se à expressão “race to the bottom”, que significa uma competição prejudicial para todas as partes.
“Porque não é do interesse de ninguém romper os laços da economia global. Em vez disso, precisamos modernizar as regras para sustentar nossa capacidade de produzir ganhos mútuos para nossos cidadãos”, completou.
Von der Leyen chamou os EUA de um dos parceiros mais próximos da UE. “Nenhuma outra economia do mundo é tão integrada quanto as nossas”, disse ela, observando que o volume de comércio entre a UE e os EUA é de 1,5 trilhão de euros (R$ 9,42 trilhões), representando 30% do comércio global.
“Portanto, nossa primeira prioridade será nos engajarmos cedo, discutirmos interesses comuns e estarmos prontos para negociar”, comentou. “Seremos pragmáticos, mas sempre defenderemos nossos princípios. Proteger nossos interesses e defender nossos valores —esse é o jeito europeu.”
Von der Leyen, que conquistou um segundo mandato à frente da Comissão em julho do ano passado, disse que a Europa precisa intensificar os esforços para se tornar mais competitiva e impulsionar a integração em seus mercados de capitais.
BOM OU RUIM?
A Volkswagen também mostrou preocupação com o impacto de possíveis tarifas dos EUA, principalmente com a ameaça de tarifar produtos importados do México em 25% a partir de 1º de fevereiro. A montadora tem uma grande fábrica em Puebla, que produziu 350 mil carros em 2023 para exportação para os EUA.
“O Grupo Volkswagen está preocupado com o impacto econômico prejudicial que as tarifas propostas pela administração dos EUA terão sobre os consumidores americanos e a indústria automotiva internacional. Valorizamos a colaboração e o diálogo aberto. O Grupo Volkswagen espera continuar sua parceria de longa data e construtiva com o governo dos EUA”, afirmou um porta-voz da montadora.
Já o presidente-executivo do Bank of America, Brian Moynihan, saudou as medidas econômicas anunciadas por Donald Trump.
“Eles querem ver a economia dos EUA crescer e prosperar”, disse Moynihan, referindo-se ao novo governo. “Agora eles precisam começar a descobrir como implementar essas mudanças”, comentou.
Bart Meijer
, Charlotte Van Campenhout
, Leela de Kretser
, Victoria Waldersee
, Christina Amann
e Lananh Nguyen
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